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Descontos indevidos
Congresso em Foco
21/10/2025 17:16
Durante oitiva de Tonia Andrea Inocentini Galleti na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, nesta segunda-feira (20), o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator do colegiado, apresentou o que seria um "negócio de família" por trás da atuação do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindinapi) nos descontos indevidos do INSS.
"Estou fazendo uma constatação numérica. Sua família recebeu mais de R$ 20 milhões. Se foi [pelo] trabalho ou não, a senhora vai ter oportunidade de explicar. Quem colocou a senhora no epicentro do problema se chama Polícia Federal."
Ex-membro do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), Galleti confirmou a participação de familiares na representação sindical, mas negou que a prática seja criminosa. "A minha família trabalhou. A gente pode falar 'isso é uma certa imoralidade', mas isso não se trata de crime", afirmou.
Convocada para detalhar o bloqueio de denúncias e de propostas de regulamentação dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) entre o INSS e entidades representativas, Galleti acabou no centro das atenções por outro motivo.
O relator Alfredo Gaspar direcionou o foco do depoimento às conexões da ex-conselheira e de seus parentes com o Sindinapi, sindicato criado por seu pai e citado pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto.
Conforme as informações apresentadas pelo relator, sete membros da família Galleti atuam no Sindinapi, seja de forma direta ou indireta. Veja:
As ligações ocorrem, em maioria, por meio de empresas prestadoras de serviços à representação sindical:
De denunciante à investigada
Enquanto membro do CNPS, Galleti denunciou o esquema. A depoente contou que reclamações de aposentados associados chamaram sua atenção. Segundo ela, sócios foram desfiliados do Sindinapi e vinculados a outros sindicatos sem autorização.
"Eu já estava alertando desde 2019 essas ocorrências em todas as oportunidades: em reunião com o diretor de benefícios, presidente do INSS ou com Ministério do Trabalho, da Previdência", afirmou.
A depoente é mencionada pela Polícia Federal como peça central do esquema, mas negou qualquer participação. Ela possui habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e foi alvo de mandato de busca e apreensão, como contou durante a CPMI.
Mesmo com o direito de permanecer em silêncio, a depoente respondeu às perguntas e firmou termo de compromisso na CPMI para falar a verdade. Segundo Galleti, os valores recebidos condizem com os serviços prestados e sua vida é compatível com seu Imposto de Renda. "Se os senhores fizerem qualquer busca no mercado, esses valores ainda foram muito negociados, porque poderiam ser muito maiores", afirmou.
Para o relator, a atuação da assessora jurídica no esquema se encaixa em três cenários: Galleti é inocente, participante de "guerra associativa" ou envolvida que utiliza das denúncias para se afastar de suspeitas.
"A primeira hipótese é que a senhora é inocente. A senhora é inocente no nome e no papel de coordenadora jurídica. A segunda hipótese é que essas associações fantasmas estavam passando a perna nas outras que já existiam e estavam criando um problema associativo. A terceira hipótese é a de que foi feita a denúncia para encobrir os malfeitos que estavam ocorrendo no próprio Sindnapi."
CPMI do INSS
O colegiado investiga esquema que, segundo estimativas preliminares, causou prejuízos entre R$ 6,3 bilhões e R$ 8 bilhões no período de 2019 a 2024. Associações de fachada, empresários, servidores públicos e intermediários utilizavam autorizações falsas para descontar mensalidades diretamente dos benefícios de aposentados e pensionistas. A apuração ganhou força após operação deflagrada em abril pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União.
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