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SEGURANÇA PÚBLICA
Congresso em Foco
9/12/2025 15:56
O presidente do PT, Edinho Silva, afirmou nesta terça-feira (9) que o partido decidiu colocar a segurança pública no centro de sua estratégia política, tanto no governo quanto na eleição de 2026. Durante café com jornalistas na sede da sigla, em Brasília, ele disse que o Brasil vive "o momento mais grave de insegurança desde a redemocratização" e que não será possível enfrentar o avanço do crime organizado com ações isoladas ou com propostas de endurecimento penal voltadas apenas para gerar impacto midiático.
Segundo Edinho, o PT pretende disputar com a direita a narrativa e as soluções para o tema — e fazer isso de forma estrutural, defendendo a criação de um sistema nacional de segurança pública com responsabilidades claras entre União, estados e municípios. "Segurança virou política de manchete. O Brasil precisa de política de Estado."
O dirigente criticou o que chamou de "politização superficial" do tema e disse que o debate foi capturado por discursos que oferecem respostas rápidas, mas não atacam as raízes da crise. "Uma operação grande rende aplauso, mas, se no dia seguinte o Estado não controla o território, não muda nada na vida das pessoas", afirmou.
Edinho citou como exemplo situações recorrentes em comunidades dominadas por facções e milícias. "Tem família que só pode comprar gás no local indicado pelo crime. TV a cabo, internet, até ração para cachorro. Isso é domínio de território. E operação pontual não rompe esse ciclo."
Para ele, a ausência histórica do Estado nesses espaços — e não apenas o tráfico — explica parte da expansão do crime organizado.
Modelo nacional
Edinho defendeu que o governo Lula está tentando reproduzir na segurança pública o modelo que deu certo em outras áreas:
Segundo ele, a segurança pública é a única grande política sem sistema nacional, o que resulta em sobrecarga para os municípios, que passaram a financiar suas próprias guardas municipais sem fonte definida.
"Criou-se uma municipalização informal da segurança. Os municípios compensam a queda do efetivo das polícias militares, mas não têm financiamento, estrutura ou integração. É um improviso nacional." O dirigente defendeu, ainda, a criação do Ministério da Segurança Pública, a ser desmembrado do Ministério da Justiça. O desmembramento era um compromisso de campanha do presidente Lula que acabou não sendo levado adiante.
PT quer política baseada em inteligência, tecnologia e presença do Estado
Edinho listou medidas que, segundo ele, podem transformar a atuação do Estado nos territórios:
"Um Estado que se retira do território é substituído pelo crime organizado. Não adianta só polícia. É polícia, escola, saúde, cultura, esporte, oportunidade. É disputa de território", ressaltou o dirigente partidário, ex-prefeito de Araraquara (SP).
Reinserção social e adolescentes: "Sem disputar essas vidas, não há solução"
O presidente do PT criticou a falta de políticas públicas consistentes para adolescentes em conflito com a lei e para pessoas egressas do sistema prisional, dois temas que, segundo ele, o debate punitivista ignora.
"Se o adolescente infrator não for disputado pelo Estado, o tráfico vai disputar. Se o egresso não tiver reinserção social, volta para o crime. Sem enfrentar isso, nenhuma política será efetiva."
Edinho chamou atenção para a reincidência dentro do sistema prisional, que, segundo ele, serve hoje como um dos principais centros de recrutamento das facções.
Endurecimento de penas: risco de "falso consenso"
Questionado sobre propostas em pauta no Congresso, como o projeto antifacção e o fim de progressão de regime, Edinho disse que o PT avaliará caso a caso, mas rejeita o que classificou como "punitivismo improvisado".
"A sociedade quer segurança, mas não existe bala de prata. Endurecer pena sem enfrentar financiamento do crime, sem ocupação do território e sem integração do sistema é vender ilusão."
O dirigente reconheceu que o tema tem forte apelo eleitoral, mas cobrou responsabilidade. "A pressão por respostas rápidas existe. Mas segurança pública não pode ser orientada por medo e manchete."
"Momento é grave, mas não é para simplificações"
Ao final, Edinho afirmou que o PT precisa "furar a bolha" e mostrar que o governo Lula está disposto a enfrentar o tema de forma estratégica, algo que, segundo ele, diferencia a proposta do partido das soluções de "efeito imediato" que têm dominado o debate público.
"A sociedade está assustada e quer respostas. Nós queremos construir essas respostas, mas com seriedade. Segurança é vida, é território, é Estado. E exige muito mais do que slogans."
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