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Congresso em Foco
23/7/2009 19:05
Rodolfo Torres
O balanço do primeiro semestre de 2009 na Câmara tem um divisor de águas: a nova interpretação sobre o trancamento de pauta provocado pelas medidas provisórias (MPs). O conceito, elaborado pelo presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), possibilitou que matérias alheias às MPs pudessem ser votadas na Câmara durante sessões extraordinárias. Até então, isso não era possível.
A saída encontrada por Temer permitiu aos deputados atenuar os efeitos da crise provocada pela farra das passagens aéreas. Parlamentares elogiam a medida, adotada desde de maio deste ano após sinal verde do Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque ela permitiu que propostas de emenda à Constituição, projetos de lei complementar e projetos de decreto legislativo pudessem ser apreciados mesmo com a pauta trancada por MPs. Para tanto, o presidente encerraria a sessão e convocaria uma extraordinária.
"Foi positiva. Quando disputei a presidência da Câmara [em 2007], defendi isso. A agenda da Câmara não pode ser a do Executivo", afirmou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). "A interpretação está correta. O trabalho da Câmara foi positivo. A Casa não ficou parada", complementou o deputado José Genoíno (PT-SP).
A interpretação do presidente da Câmara, contudo, ainda encontra resistências entre cientistas políticos. Para o professor Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB), apesar de a nova interpretação ser o "acontecimento mais importante do semestre", ela "não deixa de ser um jeitinho". Ele considera que essa análise não reforma a relação entre o Executivo e o Legislativo. "Temer escolheu um caminho mais rápido e não comprou briga com o Planalto. Ele fez um puxadinho."
Outro professor da UnB que não poupa críticas a esse entendimento para medidas provisórias é Octaciano Nogueira. "Ela mascara, mas não resolve a questão... É um remendo", avalia o professor, complementando que a medida deveria ter sido submetida ao plenário da Câmara.
Questionado sobre as críticas em relação à interpretação de Temer para as MPs, Genoíno lembrou de uma PEC, aprovada em primeiro turno pela Câmara, que altera o rito das medidas provisórias no Congresso. "Essa seria a solução correta", admitiu o petista.
A proposta, tratada como prioritária pelo antecessor imediato de Temer, Arlindo Chinaglia (PT-SP), prevê que uma MP precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de cada Casa do Congresso antes de seguir para o plenário. O colegiado seria a instância responsável para analisar se a matéria cumpre os requisitos constitucionais para toda medida provisória: relevância e urgência.
Genoíno também lembra de um ato da Mesa Diretora da Câmara, anunciado em junho passado, que proíbe emendas estranhas ao conteúdo das medidas provisórias (os chamados "contrabandos"). A mudança também dá poderes ao presidente de recusar emendas em determinados casos (leia mais).
Matérias votadas no semestre
Com a nova interpretação, decisões importantes foram tomadas no plenário da Câmara durante o primeiro semestre deste ano. Uma delas é o Projeto de Lei Complementar 217/04 (conhecida como Lei Capiberibe), que torna obrigatória a divulgação, em tempo real (internet e veículos públicos), de dados sobre a execução de despesas e receitas dos governos federal, estadual e municipal. Além disso, câmaras municipais, assembléias legislativas, tribunais de justiça e Ministério Público também ficam obrigados a prestar contas nos meios eletrônicos de acesso público (confira a íntegra da lei).
Algumas decisões tomadas, no entanto, provocaram reações negativas. A minirreforma eleitoral (Projeto de Lei 5.498/09), aprovada no apagar das luzes do semestre, seguiu para o Senado debaixo de críticas dentro e fora do Congresso.
Relatada pelo deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), a minirreforma abre aos políticos o uso de qualquer registro na rede mundial de computadores (e não apenas o ".can"), além de redes sociais como Orkut, Facebook e Twitter. Ficam também liberados os blogs, e-mails e mensagens de texto, podendo ser mantidas pelos candidatos, partidos ou eleitores.
Antes mesmo de ser apreciada no Senado, a matéria já recebe críticas. Parlamentares ouvidos pelo site classificam o texto como "retrocesso" e "perfumaria". Para valer nas próximas eleições, o texto precisa ser aprovado no Senado até 30 de setembro. (leia mais)
Imigrantes
A lei que anistia imigrantes irregulares no Brasil (Projeto de Lei 1664/07) tem lugar de destaque nas decisões do primeiro semestre. A sanção desse projeto foi lembrada pelo presidente Lula durante seu programa de rádio, Café com o Presidente, no início do mês. "Essa ação é mais uma lição que a gente vai dar ao chamado mundo desenvolvido", disse Lula. "O que nós fizemos foi dizer para os imigrantes: vocês são nossos irmãos, vocês estão aqui para ajudar o Brasil a crescer, até porque o Brasil é um país que foi construído por imigrantes", complementou.
Em outra votação, os deputados aprovaram o Projeto de Lei 836/03, que cria o cadastro positivo do consumidor (um banco de dados com informações sobre os consumidores que pagam suas contas em dia). A matéria está no Senado.
Para o deputado Maurício Rands (PT-PE), autor da emenda substitutiva ao projeto, o cadastro positivo vai aumentar a oferta de crédito e diminuir a taxa de juros. A partir da sanção da lei pelo presidente Lula, os consumidores poderão aderir à proposta. Com a adesão, empresas especializadas em banco de dados darão notas aos clientes. Quanto mais contas em dia, maior a nota recebida. Quem tiver dívidas no comércio ou com empresas por mais de 30 dias, entrará no cadastro negativo, como os que já existem atualmente.
MPs e PEC
O programa habitacional do governo "Minha Casa, Minha Vida" também passou pelo crivo dos deputados (Medida Provisória 459/09 ). A Câmara e, posteriormente, o Senado aprovaram a criação do programa cujo objetivo é construir 1 milhão de casas para famílias com renda de até dez salários mínimos.
O governo investirá R$ 34 bilhões em parceria com estados, municípios e a iniciativa privada. Desse montante, R$ 16 bilhões serão destinados para construção de casas ou apartamentos ao público com renda familiar entre 0 e 3 salários mínimos, nos municípios com mais de 100.000 habitantes e nas regiões metropolitanas. R$ 12 bilhões serão destinados ao financiamento de imóveis novos ou em construção para famílias com renda de até 10 salários mínimos.
Outra medida provisória relevante no balanço do semestre balanço é a 458/09 (MP da Amazônia), que acelera a regularização fundiária de terras ocupadas na Amazônia Legal. Pela proposta, aprovada no Senado com o texto da Câmara, a União poderá transferir, sem licitação, terrenos com até 1,5 mil hectares a quem ocupava terras públicas antes de 1º de dezembro de 2004 (leia mais).
A única proposta de emenda à Constituição da lista de projetos aprovados pela Câmara é a que permite a dissolução do casamento civil por meio do divórcio consensual ou litigioso. Ou seja, a chamada PEC do Divórcio acaba com o instrumento da separação judicial (estágio inicial do divórcio, que põe fim ao regime de bens e a coabitação mas que não acaba com o casamento).
A proposta, que já aprovada em dois turnos pela Câmara e agora será analisada no Senado, também elim
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