Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
1/7/2009 7:07
Os senadores do PT se encontram hoje com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para apresentar uma proposta de saída para a crise. Reunidos ontem à noite (leia mais), os petistas decidiram defender a criação de uma comissão composta por parlamentares e servidores para fazer uma reforma administrativa na Casa. O PSDB apoia uma solução semelhante.
Trata-se de uma proposta intermediária entre o afastamento, proposto por DEM, PDT e Psol, e o exercício pleno das funções, bancado por PMDB e PTB. Na prática, a criação do grupo tira poder de toda a Mesa Diretora, sem afastar Sarney do cargo.
A proposta do PT atende à orientação do presidente Lula de preservar Sarney dos problemas decorrentes da sucessão de escândalos revelados pela imprensa nos últimos meses. Ontem, o presidente do Senado comportou-se como um político acuado.
Abatido, tentando sustentar um pequeno sorriso no rosto, José Sarney (PMDB-AP) atravessou ontem à tarde o corredor do gabinete da presidência do Senado até o elevador que o deixaria na garagem. Os passos em direção à saída da Casa encerraram o dia do peemedebista no Congresso. Por pouco mais de duas horas, de dentro de sua sala, ele viu quatro partidos pedirem seu afastamento imediato do cargo para não atrapalhar as investigações de todas as denúncias recentes contra a instituição e o próprio Sarney.
Desde o início da crise do Senado, a terça-feira (30) foi o dia de maior pressão interna contra Sarney, que preside pela terceira vez a instituição. O Psol apresentou requerimentos pedindo a investigação do peemedebista e do líder do PMDB e aliado de primeira hora do cacique peemedebista, Renan Calheiros (AL), que também presidiu a Casa. Menos de uma hora depois, ele sofreu um revés não esperado. O DEM, que apoiou a eleição do atual presidente em fevereiro, decidiu pedir o afastamento de Sarney.
Por unanimidade, os 14 senadores do DEM decidiram pedir o afastamento do presidente do Senado até a conclusão das investigações. O líder do partido, Agripino Maia (RN), disse que não há retirada de apoio ao peemedebista. Segundo ele, a decisão ocorreu por "sintonia com a opinião pública" (leia mais).
Com a adesão do DEM ao pedido de licença, pelo menos 34 dos 81 senadores - se contadas as bancadas inteiras - já se colocam contra a permanência do peemedebista no cargo. Entretanto, algumas dissidências já podem ser observadas. O tucano Papaléo Paes (AP) é um deles. Mas, ao mesmo tempo, as fileiras de apoio também têm dissidentes. No PMDB, que soltou nota a favor do presidente, Jarbas Vasconcellos (PE) e Pedro Simon (RS) são contra a permanência.
Dentro do próprio partido a permanência de Sarney no comando do Senado encontra objeção: os "dissidentes" Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) não assinaram a nota em que a bancada reitera não só apoio à continuidade da gestão Sarney, como também apontam as supostas medidas administrativas de resposta à crise instalada há meses - o escândalo mais recente, o caso dos atos administrativos secretos, evidenciou o apadrinhamento de Sarney não só a aliados políticos, mas também a parentes e amigos, em propósitos que vão desde contratação clandestinas (sem publicação no Diário do Senado ou no boletim eletrônico administrativo). Interlocutores do senador maranhense disseram ter ouvido Sarney dizer que não agüenta mais a pressão de todos os lados, a si e à família.
Sarney chegou no Senado somente à tarde, às 16h30. Ficou duas horas no seu gabinete, saindo de lá apenas para ir embora da Casa. Não falou com a imprensa. Por meio da assessoria de imprensa, desmentiu a possibilidade de se afastar do cargo ou pedir licença.
A situação ficou tensa durante quase toda a sessão plenária de ontem. Seguidamente, senadores contra e favoráveis a Sarney se revezavam na tribuna em discursos acalorados. A ponto de influir até na votação dos nomes indicados aos conselhos nacionais de Justiça (CNJ) e do Ministério Público (CNMP). Servidores do Senado informaram à reportagem que a rejeição dos nomes aprovados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi uma retaliação orquestrada por Renan Calheiros contra procuradores que, diante das denúncias dos últimos meses, intensificaram as investigações sobre a atuação da cúpula administrativa da Casa, bem como dos próprios senadores. Como é praxe, o plenário ratifica as indicações acolhidas pela CCJ. O Congresso em Foco tentou o contato com Calheiros e com sua assessoria, mas não obteve qualquer resposta.
A tensão foi tal que o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), solicitou uma reunião com os outros líderes partidários e com o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), antes de qualquer votação. Sarney não deve presidir novamente a sessão desta quarta-feira (1º). Se o fizer, garantem interlocutores do senador, será a senha para a oposição voltar à carga de ataques, o que fragilizaria ainda mais a situação do maranhense.
Discursos
"Achamos que, ao pedir que o presidente José Sarney se licencie da presidência, entendemos que não estamos aqui promovendo um prejulgamento. O que estamos fazendo é pedir que, ao se licenciar, ele permita uma investigação livre de qualquer influência e um julgamento isento", ponderou o líder do PDT, senador Osmar Dias (PR). Já o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), sugeriu a criação de uma comissão composta por senadores com o intuito de acompanhar a crise do Senado e propor medidas para a sua solução. A proposta causou mal-estar em seu próprio companheiro de partido, Marconi Perillo (PSDB-GO), que presidiu a sessão de ontem.
Vice-presidente do Senado, Perillo afirmou que exerce o cargo com competência e que a Mesa tem condições de debelar a crise, tanto que vem tomando medidas nesse sentido. O primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), saiu em defesa de seus pares de colegiado e disse que não aceitaria "bedel" para a Mesa. Ele chegou a propor que, se fosse para criar uma nova comissão para tratar da crise, melhor seria que houvesse a renúncia coletiva de todos os integrantes da Mesa, com a eleição de outros senadores para ocupar os cargos.
Petistas
Antes da reunião da bancada do partido, que começou às 20h30 de ontem (terça, 30) e terminou pouco antes das 23h, a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), sinalizara a posição que o partido tomaria orientado pelo presidente Lula. Segundo ela, as denúncias de corrupção e concessão de privilégios devem ser objeto de uma profunda investigação para que se descubra de quem foi a culpa.
Nos bastidores, Lula defende que a Casa promova uma arrumação despersonalizada, sem o comprometimento dos aliados - ou seja, de maneira que Sarney seja isentado de irregularidades atribuidas a Agaciel Maia (Diretoria Geral) e João Carlos Zoghbi (Secretaria de Recursos Humanos), com o aval de senadores oposicionistas como Efraim Morais (DEM-PB), primeiro-secretário por quatro anos durante a gestão Agaciel. Técnicos da comissão de sindicância designada pela Primeira Secretaria apontam que Agaciel e Zoghbi foram os principais responsáveis pela emissão dos atos administrativos clandestinos.
"Não é nada recente, não é nada novo. Por isso é que eu fico um pouco incomodada quando vejo a tendência a personalizar um problema que é da estrutura deste poder", disse Ideli, que se mostrou contra a renúncia ou licença do cargo por Sarney. "Vou defender na bancada que nenhuma medida possa ser adotada contra qualquer um dos s
Temas
IMUNIDADE PARLAMENTAR
Entenda o que muda com a PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara
Educação e Pesquisa
Comissão de Educação aprova projeto para contratação de pesquisadores