Gastos comprometedores com cartão corporativo seguem pondo em cheque o governo Lula na CPI Mista dos Cartões Corporativos. Hoje (24), o deputado
Carlos Sampaio (PSDB-SP) apresentou uma planilha de gastos realizados pelos chamados ecônomos do governo federal – titulares de cargos com direito ao uso institucional do cartão corporativo – durante os finais de semana, o que poderia representar desvio de utilização dos cartões.
Ao todo, a planilha apresentada pelo deputado tucano registra R$ 3,8 milhões em despesas. Sampaio diz estranhar o fato de gastos vultosos – a relação de gastos compreende o período de 1º de junho de 2002 a 24 de fevereiro de 2008 – terem sido realizados em dias não úteis. Entretanto, ele considera a hipótese de eventos oficiais terem sido realizados em sábados ou domingos.
Em entrevista coletiva concebida há pouco, Sampaio, que é sub-relator de sistematização e controle do colegiado, disse que os dados serão repassados ao sub-relator de fiscalização de gastos, deputado Índio da Costa (DEM-RJ), para que ele faça uma análise esmiuçada das despesas.
“Se não houver uma justificativa [para os gastos em fins de semana] é necessário que haja, efetivamente, uma investigação”, declarou Sampaio, acrescentando que caberá aos demais sub-relatores descobrir “a razão desses gastos terem sido realizados num sábado ou num domingo, quando o cartão deve ser utilizado, como regra, de segunda a sexta”.
Campeões
Entre os campeões de gastos aos finais de semana, na modalidade “pagamentos”, estão a ex-ministra de Igualdade Racial Matilde Ribeiro, com R$ 51,2 mil em despesas; o reitor da Universidade Federal de São Paulo (Ufesp), com R$ 37,2 mil; e o chefe do Serviço de Comunicação Social do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), Afonso Ribeiro, com R$ 21,2 mil.
Já na modalidade “saques”, os mais perdulários foram João Belmiro Serra, servidor amazonense da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com R$ 21,1 mil em gastos; Carlos Moreira, servidor do distrito de meteorologia do Inmetro no Pará, com R$ 12,8 mil; e o servidor da Superintendência do Trabalho e Emprego do Pará Raimundo B. Silva, com R$ 11,8 mil.
Sampaio disse que são quatro as principais preocupações que terá como sub-relator daqui em diante. “Saber quais foram as irregularidades mais graves apontadas; quais as irregularidades mais rotineiras; se o TCU [Tribunal de Contas da União] notificou a Presidência da República para que corrigissem esses gastos; e, por último, e o mais importante, a Presidência adotou as recomendações do TCU, e modificou a metodologia de uso dos cartões, ou continuou incidindo no mesmo erro?”, listou.
(Fábio Góis)