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Congresso em Foco
26/3/2008 | Atualizado 27/3/2008 às 15:10
Eduardo Militão
Militantes dos movimentos sociais dizem que os jovens não podem ser classificados como apáticos porque reduziram sua participação no processo eleitoral. Eles lembram que o conceito de política é bem mais amplo que aquele que diz respeito à vida partidária e que está em alta a mobilização nos grêmios, sindicatos, ONGs e atividades culturais e esportivas.
“A juventude participa de forma cada vez mais diversificada”, explica a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf. “Não é verdadeiro afirmar que a ela está menos ativa.”
Além da campanha para alistamento de novos eleitores promovida pelos estudantes secundaristas, Lúcia enumera dois movimentos que comprovam que a participação política jovem está em bons níveis. Esta semana, passeatas em todas as capitais querem reunir 200 mil estudantes para exigir mais dinheiro para a educação. Em São Paulo, por exemplo, 3 mil alunos foram às ruas na quarta-feira (26).
As Conferências Estaduais da Juventude da UNE até abril pretendem reunir 300 mil pessoas. O último encontro ocorrerá entre os dias 28 e 30 de abril, em Brasília: a Conferência Nacional da Juventude. O evento tem apoio da Secretaria de Juventude da Presidência da República.
Clubes de bairro
Uma das mais jovens representantes no Congresso, a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), de apenas 26 anos, diz que a juventude não se sente representada pela política tradicional, pelas instituições, pelas eleições e pelos cargos no Executivo e no Legislativo. Mas vê uma mobilização paralela a tudo isso.
“Política se faz na igreja, no movimento de jovens católicos ou evangélicos, para garantir que os clubes de futebol de bairros continuem funcionando, quando se tem um grupo de hip hop que faz grafite e rima com consciência. Não acho que há diminuição de participação na política em geral. Há uma diminuição dentro das instituições públicas, do Congresso Nacional, da câmara de vereadores...”, afirma ela, que tem origem na militância estudantil.
Manuela é autora de uma proposta que muda a constituição para permitir que presidentes e senadores sejam eleitos com 30 anos, numa tentativa de aumentar o acesso da juventude a esses cargos. Hoje, a idade mínima é de 35 anos. A proposta está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Mais importante
O presidente nacional do PSTU, Zé Maria Almeida, entende que as mudanças sociais são o objetivo da política e acontecem com mais facilidade por meio dos movimentos. A participação eleitoral fica em segundo plano. “É mais importante participar dos movimentos sociais”, afirma Zé Maria.
Apesar disso, ele admite que a participação do jovem nesses movimentos não é a mesma dos anos 80, após o fim da ditadura. Ele não aceita, porém, o termo “apatia” para qualificar essa perda de interesse. “Há menos disposição de luta do que havia antes”, reconhece Zé Maria.
Dinheiro e namoro
O cientista político David Fleischer entende que a participação do jovem na política dos movimentos sociais também está em baixa, assim como acontece com o processo eleitoral. “É a mesma coisa. Podemos ver isso na política estudantil.”
Ele conta que, no final dos anos 80, já se via desinteresses da juventude em votar nas eleições do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília. “Se não querem participar nem da política estudantil... Hoje, eles querem se formar, ganhar dinheiro e namorar”, avalia.
Para Fleischer, é importante que isso seja mudado, pois a prevalência de uma geração de eleitores alienados é nociva à sociedade. Além disso, observa o professor, é necessário haver novas lideranças e, historicamente, o movimento estudantil sempre foi um “centro de treinamento”, principalmente para os partidos mais à esquerda, como o PSTU, o PCdoB e o PT.
O cientista político diz que a força estudantil está subaproveitada nos grandes partidos. “O PSDB e o DEM não estão nem aí para isso. O PT e o PCdoB também, apesar da Manuela [D`Ávila], que tem origem no movimento”, diz Fleischer.
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