Uma semana depois de invadir a Câmara, o Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) denunciou ontem que a Polícia Militar de Brasília e a Polícia Legislativa torturaram militantes do grupo e adotaram um regime de "campo de concentração" no tratamento aos 42 supostos líderes do movimento que estão presos no Complexo Penitenciário da Papuda. A informação é do Correio Braziliense.
Os coordenadores do movimento decidiram tentar libertar hoje os militantes presos impetrando habeas-corpus individuais, conta o repórter Leonel Rocha. Além de exigir a imediata libertação dos detidos, o MLST denuncia os abusos, arbitrariedade e torturas às organizações internacionais de Direitos Humanos e vai processar por perdas e danos morais a Câmara.
O MLST denunciou ainda que até crianças foram espancadas, torturadas e sofreram maus-tratos dos policiais. Segundo relato do movimento, os presos "ficaram sentados na mesma posição o dia inteiro sem poder dormir e apanhavam se cochilassem". Para irem aos banheiros, segundo a direção dos sem-terra, "eram obrigadas a ficar ajoelhados em uma fila, além de não terem sido agasalhados adequadamente".
Dez crianças parentes dos militantes do MLST, segundo a coordenação do movimento, foram espancadas. Uma senhora de 67 anos, dona Normalina Vieira de Jesus, está presa mas não teria participado do conflito. O MLST também denunciou que mulheres foram agredidas com beliscões nos seios e ofensas de caráter sexual. "Dos 540 companheiros do MLST detidos, 42 continuam presos na Papuda. Alguns líderes foram enquadrados por tentativa de homicídio", afirma nota do MLST.
O coronel Antônio Serra, comandante de Policiamento Regional Metropolitano da PM, contestou as denúncias do MLST. Segundo ele, toda a ação dos PMs foi acompanhada por representantes da OAB, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e do Ministério Público Federal, além de órgãos de imprensa. Por que só agora aparece essa história? Eles estão desmoralizados perante a sociedade e, agora, tentam desacreditar o trabalho das autoridades", afirmou o coronel Serra ao Correio.