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Direitos e precarização
1/5/2025 17:00
O mundo do trabalho mudou. No Brasil, o ano de 2024 fechou com 41% da força de trabalho na informalidade. Isso significa quase 40 milhões de pessoas trabalhando sem direitos. Esse é o retrato da precarização, que afeta quem está sem carteira assinada, obviamente, mas até mesmo quem tem CLT, que vive com medo, com direitos rasgados, sem espaço para negociação coletiva e enfrentando uma pressão constante por produtividade e desempenho.
Nos últimos meses, muito se falou sobre o fim da escala 6x1, uma luta importante, mas pontual, que, convenhamos, está longe de resolver a vida da classe trabalhadora. Porque não adianta ter direito a uma ou duas folga por semana se, na prática, existe uma coerção para que essa folga seja comprada e negociada, isso quando não é simplesmente ignorada.
É o que acontece, por exemplo, com milhares de trabalhadores e trabalhadoras de supermercados, que enfrentam jornadas de 10, 12, até 14 horas por dia, muitas vezes em pé, com pausas mínimas. Gente que trabalha aos domingos e feriados, que dorme no próprio local de trabalho porque sabe que, dali a poucas horas, vai ter que recomeçar tudo de novo. A lógica é simples: ou você aceita, ou vai embora, porque tem outra pessoa na fila - ou várias.
Nos últimos anos, o que vimos foi um avanço da terceirização, da pejotização e da ideia de que todo mundo é "empreendedor de si". Mas a verdade é que esse "empreendedorismo" só serve para justificar o abandono. O abandono do Estado, da proteção social e da responsabilidade das empresas.
Dos quase meio milhão de pedidos de afastamento do trabalho por questões de saúde mental, 64% são de mulheres, especialmente de mulheres negras que possuem uma jornada dupla, acumulando serviços domésticos não remunerados, discriminação e assédio. Dentre os casos mais frequentes estão as crises de ansiedade e depressão.
Por isso é urgente falarmos de uma nova reforma trabalhista. Não uma reforma feita por cima da cabeça do povo, como foi a de 2017, enfiada goela abaixo da população, mas construída a partir da realidade de quem sempre carregou esse país nas costas: os trabalhadores e trabalhadoras.
Uma reforma que enfrente jornadas abusivas, que regulamente o trabalho dos motoristas de aplicativo e dos entregadores de delivery, que combata fraudes na contratação de MEIs e que devolva força de negociação aos sindicatos. Uma reforma que reconheça o valor de quem está nos supermercados, nos salões de beleza, nos serviços, gente que trabalha muito e vive pouco.
Reformar o trabalho no Brasil é uma escolha política. E está na hora de escolher o lado de quem vive do próprio suor. Não dá mais pra aceitar que dignidade seja luxo.
Nesse primeiro de maio, pedimos por REFORMA JÁ!
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].