Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Soberania
24/9/2025 15:24
A voz do presidente Lula reverberou no plenário das Nações Unidas, não como um discurso diplomático convencional, mas como um vigoroso manifesto em defesa da soberania brasileira e críticas às sanções impostas pelo governo do presidente Trump. Como cidadão brasileiro, não pude deixar de sentir um profundo orgulho e reconhecimento. Lula, com a autoridade de quem foi vítima direta de um projeto autoritário e desestabilizador, ergueu a bandeira do Brasil e denunciou, perante quase duzentas nações, a trama híbrida que combina ingerência externa e conluio interno.
A crítica contundente de Lula à "extrema-direita subserviente" aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos é um raio X da realidade política que temos combatido no Congresso Nacional. Esta análise vai ao cerne do problema: não se trata de uma oposição ideológica legítima, mas de um projeto de poder colonizado, onde setores da política nacional abdicam de qualquer compromisso com o povo brasileiro em troca de alinhamentos espúrios. Em minha atuação parlamentar, sempre denunciei essa subserviência, que se manifesta na defesa de políticas neoliberais que precarizam a vida do povo e no ataque sistemático às empresas nacionais e ao nosso patrimônio público.
A expressão "falsos patriotas", utilizada com precisão cirúrgica pelo presidente, define aqueles que, vestindo a camisa da seleção e brandindo bandeiras nacionais, trabalham ativamente para enfraquecer o país. Eles arquitetam golpes, promovem desinformação em larga escala e atacam as instituições democráticas sempre que estas não servem aos seus interesses imediatos. A luta que travamos no campo das ideias é exatamente contra essa narrativa falaciosa que confunde patriotismo com obediência cega a agendas externas. O verdadeiro patriotismo, que sempre guiou o meu mandato, é o que luta por saúde, educação, moradia e soberania alimentar para o nosso povo.
A defesa intransigente do multilateralismo feita por Lula é um antídoto necessário ao isolacionismo egoísta que ganha força no mundo. A ONU, com todos os seus defeitos, permanece como a instância máxima de diálogo entre as nações, e seu enfraquecimento beneficia apenas as potências hegemônicas que desejam ditar regras sem contrapesos. Ao relacionar a crise do multilateralismo com o avanço de práticas autoritárias dentro dos países, Lula expõe o fio condutor que une ataques à democracia brasileira às sanções arbitrárias contra nações independentes. É uma visão de estadista, que enxerga o todo da cadeia autoritária.
Quando Lula afirma que "a agressão contra a independência do Judiciário é inaceitável", ele resgata um princípio fundamental que foi brutalmente violado nos últimos anos. Como testemunhamos, o uso instrumental da lei para fins políticos foi a arma escolhida para tentar eliminar lideranças populares e interferir no processo democrático. Em minha atuação na CLDF, sempre alertamos para esse perigo. A condenação exemplar de um ex-chefe de Estado por seus ataques ao Estado Democrático de Direito, lembrada no discurso, é um marco crucial para demonstrar que a impunidade para os golpistas não é mais uma realidade no Brasil.
No entanto, o presidente foi além da defesa institucional e lembrou um princípio caro à esquerda brasileira: a democracia é incompleta sem justiça social. Ao declarar que "democracias sólidas vão além do ritual eleitoral", Lula reafirma que a liberdade só é plena quando acompanhada de comida no prato, emprego digno, acesso à saúde e educação de qualidade. Esta sempre foi a base do nosso projeto político. Um país soberano é aquele que tem a capacidade de garantir os direitos fundamentais do seu povo, rompendo com a dependência de modelos econômicos que perpetuam a desigualdade.
A firmeza do discurso na ONU é um recado claro tanto para o mercado interno quanto para a comunidade internacional: o Brasil retomou o seu lugar de nação independente. O período de submissão e de venda do patrimônio nacional a preço de banana chegou ao fim. A soberania nacional, como bem disse Lula, é inegociável. Isso significa que políticas industriais, o fortalecimento do SUS, a reforma agrária e a defesa da Amazônia serão conduzidas pelos interesses do povo brasileiro, e não por pressões de conglomerados internacionais ou de governos estrangeiros.
Como deputado distrital do PT, vejo no discurso de Lula na ONU um farol a guiar nossa atuação parlamentar. Ele nos dá o tom e a substância para continuarmos nossa luta, combatendo os projetos da extrema-direita que ainda insistem em minar a democracia e servir a interesses escusos. A mensagem é de coragem e convicção. Reafirmo, portanto, meu compromisso de seguir na trincheira do legislativo do DF, defendendo um projeto de país soberano, democraticamente forte e socialmente justo, porque, como aprendemos com a história e Lula reafirmou ao mundo, um povo livre não aceita qualquer tipo de intervenção externa.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
Temas