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Mulheres no poder

A diferença que faz uma mulher na presidência do STM

Ao assumir a presidência do STM, Maria Elizabeth Rocha expôs resistências históricas, enfrentou o machismo institucional e mostrou como liderança feminina transforma a Justiça.

Adriana Vasconcelos

Adriana Vasconcelos

22/12/2025 9:00

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Dentro dos ambientes de poder, ainda hoje é possível ouvir vozes masculinas pregando que faltam mulheres interessadas em ocupar esses espaços. Mas muitas delas surpreendem quando chegam ao topo. É o caso da ministra Maria Elizabeth Rocha, que tem feito história desde que assumiu a presidência do Superior Tribunal Militar (STM) — coincidentemente, um dia após a celebração do Dia Internacional da Mulher.

Sua atuação à frente do cargo, nunca antes ocupado por outra mulher ao longo de 217 anos de existência da Corte, tem sido marcada pela coragem em se posicionar. Ao fugir dos padrões tradicionais, ela mostra aos brasileiros a diferença que lideranças femininas podem fazer quando chegam ao poder. O que, na avaliação da própria ministra em recente entrevista à jornalista Basília Rodrigues do SBT News, tem incomodado uma parcela do masculino 'clube dos poderosos, onde outrora mulheres não entravam.

"Eu não tenho dúvidas de que causo muitos incômodos, tanto que fui eleita com um voto de diferença: o meu. Incômodo não só ali, mas em todos os espaços de poder", declarou a ministra. E foi além: "Sei que incomodo e faço questão de incomodar, na medida em que estou abrindo portas para as próximas que virão depois de mim".

Seus gestos falam por si. Durante a cerimônia ecumênica que marcou os 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog pela ditatura militar, Maria Elizabeth surpreendeu ao tomar uma iniciativa nunca antes cogitada por seus antecessores: pediu perdão pelos "erros e omissões" da Justiça Militar naquele período. Pediu perdão também aos que tombaram e sofreram lutando pela liberdade, o que levou boa parte da plateia a aplaudi-la de pé.

A atuação de Maria Elizabeth Rocha rompe silêncios, cobra memória, ética e atualização institucional.

A atuação de Maria Elizabeth Rocha rompe silêncios, cobra memória, ética e atualização institucional.José Cruz/Agência Brasil

Com a mesma altivez, ela não baixou a cabeça diante da atitude do colega de tribunal, ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira, que sugeriu que ela "estudasse um pouco mais a história da instituição" ao manifestar publicamente sua discordância do pedido de perdão feito pela presidente do STM. A ministra fez questão de registrar a misoginia por trás da fala do colega.

Tampouco surpreende seu rápido alinhamento ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, que defende a adoção pelo Judiciário de um Código de Ética para os magistrados. Em um balanço de fim de ano com jornalistas, a ministra Maria Elizabeth contou que a proposta foi levada por Fachin a todos os presidentes de tribunais superiores. E fez questão de externar sua concordância com a iniciativa. Na sua opinião, trata-se de um "dever cívico".

Por fim, vale destacar sua defesa por uma atualização urgente do Código Penal Militar. Maria Elizabeth aponta dois exemplos cabais dessa defasagem: a ausência de crimes como a pedofilia e as penas desproporcionalmente baixas para militares envolvidos com o tráfico de drogas dentro dos quartéis, em comparação às penas civis.

A minha torcida é para que outras "Marias", assim como a ministra Maria Elizabeth, sigam resilientes e inspirando as novas gerações de mulheres a ocuparem seu espaço de poder, sem sucumbir à pressão do status quo masculino, que muitas vezes resiste em testar novas soluções para problemas antigos que não conseguiram resolver antes.

Encerro essa reflexão desejando a cada um dos leitores e leitoras um feliz Natal!


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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