Bolsonaro chama Lira de "amigo" e agradece apoio do presidente da Câmara

Em visita ao Congresso o presidente Jair Bolsonaro agradeceu a maneira de Arthur Lira (PP-PL), presidente da Câmara, de se relacionar com o governo. Ele esteve na Casa para receber a medalha de Mérito Legislativo na manhã desta quarta-feira (24). Ao discursar no plenário, Bolsonaro também chamou Lira de "amigo" e lembrou o tempo em que integrava a bancada do PP juntamente com ele "Essa condecoração, proposta pelo Major Vitor Hugo, muito me honra. [...] Meu amigo de muito tempo, e de partido por algum tempo, Arthur Lira, muito obrigada pela deferência e pela forma como você se relaciona conosco", disse. No início da semana, Lira chegou a se pronunciar publicamente na tentativa de rebater críticas a um alinhamento com o governo, favorecendo pautas de interesse bolsonarista. Na ocasião disse que não dependia do presidente para se eleger e completou: "A vida do presidente Bolsonaro é uma. A minha vida é outra", disse. Leia o discurso completo de Bolsonaro: "Satisfação muito grande voltar a essa casa a qual integrei por 28 anos. Nós só podemos pensar num Brasil melhor a partir de um momento em que nós estivermos perfeitamente sintonizados. É dessa forma que se constrói uma grande nação, e nós temos potencial para isso e muito mais. O mundo tem uma expectativa muito grande do que nós temos aqui, do que nós produzimos e do que nós podemos fazer em parceria com todo mundo. Essa condecoração, proposta pelo Major Vitor Hugo, meu colega da Academia Militar das Agulhas Negras, muito me honra, to muito feliz neste momento. Espero cada vez mais interagir com todos vocês de modo que possamos escrever uma linda história para nossa nação. Meu amigo de muito tempo, e de partido por algum tempo, Arthur Lira, muito obrigada pela deferência e pela forma como você se relaciona conosco. Nós somos o futuro que o Brasil espera. E tenho certeza que emanados podemos proporcionar dias melhores para nossa população. Muito obrigada a todos vocês, to muito feliz de estar aqui mais uma vez."

Protestos

No momento de receber a medalha, Bolsonaro ouviu manifestação de deputados governistas e de oposição, que alternavam entre gritos de "mito" e "genocida". Em seguida, a deputada Marília Arraes (PT-PE) fez discurso crítico à honraria entregue ao presidente da República. "Nem sempre quem se intitula representante do povo e de sua vontade age em nome dele. O poder Executivo, eleito de maneira majoritária, também deveria se comportar como representante do povo. Mas, muitas vezes, este pretenso povo age antidemocraticamente, quando animado por espírito sectário, taxando como inimigos e excluindo os divergentes da entidade unitária e mítica da qual julgam fazer parte aqueles que não se encontram dentro de seu cercadinho mental", disse. A deputada citou relatório Global State Of Democracy 2021, divulgado pelo Instituto para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA), que afirmou que a democracia brasileira está em "declínio", sendo o país que mais perdeu atributos democráticos em 2020. O estudo pontua fatores como a pandemia, protestos antidemocráticos, escândalos de corrupção e ameaças às instituições. "Para aqueles que eventualmente não exibam as credenciais democráticas que concessão da Medalha do Mérito Legislativo pressupõe, nunca é tarde para começar: fazemos sinceros votos de que o recebimento desta honraria doravante contribua para sua formação em princípios e valores que ela representa", finalizou Marília.

Passaporte vacinal

Desde que a Câmara retomou os trabalhos presenciais, no fim de outubro, é preciso apresentar comprovante de vacinação com pelo menos uma das doses contra covid-19 ao entrar na Casa. O ato é assinado pelo próprio presidente Lira. A cobrança se estende a qualquer um que adentre a Câmara, desde visitantes até deputados. Arthur Lira pressionou para que fosse aberta uma exceção para Bolsonaro, que afirma que ainda não foi imunizado com nenhuma dose da vacina contra o coronavírus. > PSL e PP garantem "PEC da Bengala"; Veja como cada deputado votou > MP denuncia Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, por esquema de propina