Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Colunas >
  3. Abertura externa e aumento de competitividade não podem rimar com ... | Congresso em Foco

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News
LEIA TAMBÉM

Marcus Pestana

Abram alas para a nova geração

Marcus Pestana

O equilíbrio fiscal e o IOF

Marcus Pestana

Viva o cinema brasileiro!

Marcus Pestana

O desafio da produtividade

Marcus Pestana

Sinfonia Barroca, o Brasil que o povo inventou

Abertura externa e aumento de competitividade não podem rimar com ingenuidade

Marcus Pestana

Marcus Pestana

24/2/2019 | Atualizado 10/10/2021 às 16:25

A-A+
COMPARTILHE ESTA COLUNA

"Os efeitos econômicos e sociais [da não renovação das medidas] seriam devastadores. São 1.115.000 famílias produtoras. Três quartos são tipicamente pecuária familiar, que respondem por 25% da produção"[fotografo]ExpoInter2012/Creative Commons[/fotografo]
O novo mandato presidencial, na verdade, se iniciou na última semana. Isso não impediu que os primeiros 50 dias fossem povoados por declarações estapafúrdias e exóticas de ministros e desencontros políticos monumentais. Mas, entre os diversos tropeços e ruídos, um precisa ser discutido. Trata-se da renovação das medidas antidumping de proteção à produção doméstica de leite. O novo ministro da Economia vem de uma matriz de pensamento liberal, corrente sem grande protagonismo na história brasileira. O liberalismo surgiu no século 18, como face teórica da nascente economia capitalista, tendo sua primeira sistematização relevante feita pelo grande economista escocês Adam Smith, em sua obra seminal A riqueza das nações. Na concepção dos liberais clássicos, a liberdade deveria ser total para os indivíduos, que ao procurarem maximizar seus ganhos, inconscientemente produziriam a melhoria do bem-estar coletivo. No livre mercado, o encontro entre oferta e demanda de mercadorias produziria, orquestrado pelo sistema de preços relativos, o equilíbrio geral. A mão invisível do mercado seria o melhor maestro e não o Estado. Depois, com a evolução do capitalismo, descobrimos que as informações entre os agentes econômicos são assimétricas, a evolução leva à formação de oligopólios e monopólios que obstruem a concorrência perfeita e o livre mercado não produziu o equilíbrio geral, mas sim crises cíclicas. A partir daí, voltemos ao leite. Em 2001, o Brasil editou medidas antidumping em relação às importações de leite da Europa, da Nova Zelândia e dos Estados Unidos, após exaustivos estudos que demonstraram a gama enorme de subsídios ao produtor praticada por esses países. Uma coisa é a defesa da economia de mercado - e eu a defendo -, outra coisa é ingenuidade no comércio internacional. Em todo o mundo, segundo a Embrapa, os preços do leite são administrados. A Europa, a Nova Zelândia e os Estados Unidos dominam 75% do mercado mundial. Após 2001, a renovação das medidas que defendiam o produtor brasileiro era automática. No final de 2018, o governo Temer preferiu deixar a decisão para o novo governo eleito. A natural dificuldade de comunicação em início de governo entre os ministérios da Economia e da Agricultura resultou no cancelamento da legítima defesa da produção nacional. O raciocínio da equipe econômica foi simplista. Ao verificar que a importação de leite era pequena, concluíram ser desnecessária a renovação. Na verdade, a importação era pequena porque havia a defesa comercial. Corretamente o governo recuou, atendendo aos apelos do agronegócio. Aí, foi uma ladainha geral: o ministro Paulo Guedes teria sido derrotado nas suas convicções liberais, o governo teria cedido ao protecionismo anticonsumidor. Bobagem pura. Os efeitos econômicos e sociais seriam devastadores. São 1.115.000 famílias produtoras. Três quartos são tipicamente pecuária familiar, que respondem por 25% da produção. O Brasil produz quase 34 bilhões de litros por ano, o mundo 800 bilhões, e Minas, nove bilhões. O déficit na balança comercial do leite é de US$ 450 milhões. No Brasil, a abertura externa e a integração às grandes cadeias produtivas são inevitáveis. Mas o mundo globalizado demanda aumento de produtividade e de competitividade, e não a rima pobre da ingenuidade.

>> Outros artigos do mesmo autor

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

bancada ruralista Jair Bolsonaro Michel Temer agronegócio Ministério da Agricultura agropecuária Embrapa agricultura familiar Paulo Guedes tereza cristina liberalismo econômico governo Bolsonaro Ministério da Economioa produção leiteira

Temas

Economia Colunistas
COLUNAS MAIS LIDAS
1

Comunicação e justiça

Liberdade de acesso à informação ou palanque midiático?

2

Fascismo 4.0

Democracia indiferente e fascismo pós-algoritmos

3

Reforma política

A federação partidária como estratégia para ampliar bancadas na Câmara

4

Política ambiental

Política ambiental: desmonte, reconstrução e o papel do Congresso

5

Intolerância

Quando se ataca um povo, fere-se toda a humanidade

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES