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Rudolfo Lago
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Comentário do dia
9/11/2022 13:22
 
 
 No filme de Luchino Visconti, Alain Delon interpreta Tancredi, e Claudia Cardinale é Angélica[/caption]
A alegoria contada em "O Leopardo" é o grande exemplo de como se dão os arranjos políticos, que promovem as mudanças, "ma non tropo", recorrendo ao italiano original do romance. Como aconteceu no início da redemocratização do país, o fim da ditadura só se tornou possível e estável porque o nosso Tancredo Neves promoveu, como o Tancredi do romance, o casamento de parte importante das velhas forças que amparavam o regime militar com as novas forças que ascendiam nos estertores da ditadura. Tancredi casava-se com Angelica, Tancredo com José Sarney.
Trinta e sete anos depois de Tancredo Neves e José Sarney promoverem o casamento que deu fim à ditadura militar, o Brasil enfrentou uma renhida disputa entre a manutenção da sua democracia e o risco real de retrocesso autoritário. A democracia venceu por uma margem apertadíssima. O que ainda dá ânimo para que radicais renitentes rezem e marchem em acampamentos patéticos pelo país.
[caption id="attachment_555720" align="alignright" width="300"]
 No filme de Luchino Visconti, Alain Delon interpreta Tancredi, e Claudia Cardinale é Angélica[/caption]
A alegoria contada em "O Leopardo" é o grande exemplo de como se dão os arranjos políticos, que promovem as mudanças, "ma non tropo", recorrendo ao italiano original do romance. Como aconteceu no início da redemocratização do país, o fim da ditadura só se tornou possível e estável porque o nosso Tancredo Neves promoveu, como o Tancredi do romance, o casamento de parte importante das velhas forças que amparavam o regime militar com as novas forças que ascendiam nos estertores da ditadura. Tancredi casava-se com Angelica, Tancredo com José Sarney.
Trinta e sete anos depois de Tancredo Neves e José Sarney promoverem o casamento que deu fim à ditadura militar, o Brasil enfrentou uma renhida disputa entre a manutenção da sua democracia e o risco real de retrocesso autoritário. A democracia venceu por uma margem apertadíssima. O que ainda dá ânimo para que radicais renitentes rezem e marchem em acampamentos patéticos pelo país.
[caption id="attachment_555720" align="alignright" width="300"] Tancredo e Sarney: nossa versão tupiniquim do casamento entre o velho e novo. Foto: CPDOC/FGV[/caption]
È Lula agora quem assume o papel de Tancredi, a promover o casamento entre o novo e o velho para fazer com que o país que muda possa permanecer como está. Na manhã desta quarta-feira (9), ele esteve na residência oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lira é o principal líder de fato da base de sustentação do presidente que se despede e ameaçava a democracia, Jair Bolsonaro. Talvez tenha se tornado mais poderoso que o próprio Bolsonaro que foi cedendo a ele cada vez mais nacos de poder refém que era dos mais de cem pedidos de impeachment que Lira manteve guardados na sua gaveta.
Lira quer se manter no ano que vem presidente da Câmara. Provavelmente Lula não irá se opor a isso. Lira quer manter o seu orçamento secreto. Lula talvez altere de forma negociada isso, mas sem retirar completamente a principal ferramenta de poder de que Lira hoje dispõe. Em troca, Lira deve garantir a Lula as condições de governabilidade que ele precisa para avançar e para manter no país a democracia. É o novo casamento do velho com o novo. "Se quisermos que tudo continue, é preciso que tudo mude"...
 Tancredo e Sarney: nossa versão tupiniquim do casamento entre o velho e novo. Foto: CPDOC/FGV[/caption]
È Lula agora quem assume o papel de Tancredi, a promover o casamento entre o novo e o velho para fazer com que o país que muda possa permanecer como está. Na manhã desta quarta-feira (9), ele esteve na residência oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lira é o principal líder de fato da base de sustentação do presidente que se despede e ameaçava a democracia, Jair Bolsonaro. Talvez tenha se tornado mais poderoso que o próprio Bolsonaro que foi cedendo a ele cada vez mais nacos de poder refém que era dos mais de cem pedidos de impeachment que Lira manteve guardados na sua gaveta.
Lira quer se manter no ano que vem presidente da Câmara. Provavelmente Lula não irá se opor a isso. Lira quer manter o seu orçamento secreto. Lula talvez altere de forma negociada isso, mas sem retirar completamente a principal ferramenta de poder de que Lira hoje dispõe. Em troca, Lira deve garantir a Lula as condições de governabilidade que ele precisa para avançar e para manter no país a democracia. É o novo casamento do velho com o novo. "Se quisermos que tudo continue, é preciso que tudo mude"...Tags
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