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Pedro Rodrigues
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Fontes de energia
11/12/2025 | Atualizado às 15:33
Durante boa parte do século XX, o mundo acreditou que o petróleo tinha prazo de validade. Economistas e geólogos previam o chamado "pico do petróleo", momento em que as reservas físicas se esgotariam e o mundo entraria em colapso energético. Essa ideia ganhou respaldo acadêmico em 1931, quando o economista norte-americano Harold Hotelling - ganhador de um prêmio Nobel - publicou seu estudo sobre a "escassez dos recursos naturais". Segundo a teoria, o preço de um bem exaurível deveria subir continuamente até seu desaparecimento. Décadas depois, sua lógica seria consagrada pela teoria econômica e inspiraria o debate ambiental moderno. Parecia incontestável. Só que estava errada.
Com o passar do tempo, percebeu-se que o conceito de "reserva" não é físico, mas econômico. O petróleo "acaba" apenas quando deixa de ser rentável extrair. Quando o preço sobe, a fronteira tecnológica avança: poços antes inviáveis passam a ser lucrativos e novas descobertas transformam a geologia em oportunidade. Foi assim com o a exploração offshore nos anos 1970, o pré-sal nos anos 2000, o shale oil nos EUA em 2010 e, mais recentemente, o óleo das areias betuminosas do Canadá e os campos do Ártico russo.
A história mostra que o preço é o maior geólogo do planeta. Entre 2005 e 2014, quando o Brent oscilava entre US$ 90 e US$ 120, a produção global cresceu 13%, de 84 para 95 milhões de barris por dia. Já em 2020, com o barril abaixo de US$ 40, os investimentos em exploração caíram 30%. O que define a reserva, portanto, não é o sinal físico, mas o sinal econômico.
Mesmo hoje, com o petróleo respondendo por cerca de 31% da energia primária mundial e 99 milhões de barris diários de consumo global, ainda há quem sonhe em "acabar" com ele através de discursos panfletários e até mesmo com legislações. As discussões em torno da COP30 e do Mapa do Caminho repetem o erro de Hotelling, tratam o petróleo como uma entidade física a ser extinta, e não como um bem sujeito às leis de mercado.
Nenhuma transição energética será bem-sucedida enquanto negar essa realidade. O petróleo não desaparecerá pela via moral, mas pela via tecnológica — quando surgir algo mais eficiente, denso e barato. E isso só será possível se as petroleiras forem parte da solução, não o inimigo. Excluir quem fornece energia ao mundo há 150 anos é condenar a transição à retórica e à escassez.
O petróleo um dia deixará o trono, mas não porque acabará — e sim porque alguém inventará algo melhor. Até lá, insistir que "vamos acabar com o petróleo" é o mesmo que tentar revogar a lei da oferta e da demanda. Porém, se continuarmos a negar a economia, talvez acabem com ele — e conosco, junto.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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