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Manchetes dos jornais de hoje - 10jul2008

Congresso em Foco

10/7/2008 7:34

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Folha de S. Paulo

STF liberta Dantas e mais 10 presos em operação da PF

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, mandou soltar na noite de ontem o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, e sua irmã Verônica Dantas, que estavam presos na sede da Polícia Federal em São Paulo. Eles são acusados dos seguintes crimes: gestão fraudulenta, formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e uso de informações privilegiadas, entre outros.

Mendes estendeu a decisão para outros nove funcionários e executivos do Opportunity presos na terça pela Operação Satiagraha, por entender que o pedido da defesa se enquadrava para tais casos. São eles Daniele Ninnio (diretora jurídica), Arthur Carvalho (executivo), Carlos Rodenburg (sócio), Eduardo Monteiro (executivo), Dorio Ferman (presidente), Itamar Benigno Filho (executivo), Norberto Aguar Tomaz (executivo, Maria Amalia Coutrim (executiva) e Rodrigo Bhering Andrade (ex-diretor).

O presidente do STF argumentou, em sua decisão, que a principal razão para a prisão temporária -a coleta de provas- já havia sido cumprida. Sobre o argumento de que a reclusão seria necessária para garantir o interrogatório, como alegou a Justiça Federal paulista, Mendes afirmou que não existe previsão legal para tal.

Advogados se queixam de comunicação

A prisão de 17 pessoas investigadas pela operação Satiagraha provocou movimentação ontem na sede da Polícia Federal em São Paulo. Cerca de 20 advogados estiveram no local para orientar seus clientes, entre eles o banqueiro Daniel Dantas, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o megainvestidor Naji Nahas.

A maioria dos advogados que estiveram no local reclamou das restrições à comunicação com os clientes. Os presos ficavam separados por uma parede de vidro em uma sala vigiada por câmeras, e a comunicação era feita por um telefone.

Os advogados de Nahas, Pitta e Dantas disseram que todos passavam bem. Apenas para Dantas e para os presos relacionados ao grupo Opportunity, oito advogados estiveram na sede da PF. Alimentos e roupas que trouxeram para seus clientes não puderam ser entregues. Segundo eles, os procedimentos para entrega de determinados produtos aos presos não foram feitos em razão do feriado estadual.

Pitta recebeu roupas de cama e medicamentos para diabete na terça-feira, segundo a advogada que o representa, Ruth Stefanelli Wagner Vallejo.

Defesa de banqueiro volta a ameaçar governo

O advogado do banqueiro Daniel Dantas, Nélio Machado, voltou a afirmar ontem que pode apresentar provas contra membros do governo para defender seu cliente das acusações feitas pela Polícia Federal na Operação Satiagraha.

Machado disse que não tem os documentos em mãos, "mas sabe da existência deles". Segundo ele, os papéis foram apresentados à Justiça de Nova York em uma disputa entre o grupo Opportunity e o Citigroup. As empresas teriam feito um acordo de confidencialidade, de modo que nenhuma delas poderia divulgar os dados.

"Como advogado, vou mensurar em que medida nós buscaremos trazer à tona esses dados que podem contribuir para a elucidação da verdade plena e não da meia-verdade."

Segundo ele, as informações estão relacionadas com a conduta da Telecom Italia no Brasil. Machado diz que não foi cumprida uma determinação do Tribunal Regional Federal de São Paulo de encaminhar ao Brasil provas de investigações na Itália sobre o caso Kroll -no qual investigou-se suposta espionagem da empresa Kroll contra a Telecom Italia, a mando de Daniel Dantas.

Machado também afirmou estranhar que Dantas e o megainvestidor Naji Nahas estejam envolvidos numa mesma investigação da PF. "Nahas defendia interesses opostos em favor da Telecom Italia num procedimento que tinha relação direta num litígio com a Brasil Telecom, que estava na gestão do Opportunity."

No exterior, Lula elogia Operação Satiagraha

O presidente Lula fez questão de ligar ontem, do Japão, para o ministro Tarso Genro (Justiça) para elogiar a Operação Satiagraha, segundo a Folha apurou.

Na visão de Lula, o sucesso da operação contribui para a imagem de que o governo combate a corrupção.
Cansado após participar da cúpula do G8 no Japão ontem, o presidente Lula não quis falar com a imprensa ao chegar no Vietnã.

Após receber o telefonema de Lula, Tarso ligou para o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, para repassar os elogios. Apesar de Corrêa e Tarso discordarem de alguns dos procedimentos adotados pelo delegado Protógenes Queiroz, que comandou a investigação, tanto o diretor-geral da PF quanto o ministro avaliaram que o resultado da operação foi excelente.

Amigo de petista era o lobista de Dantas, diz PF

Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, que prendeu anteontem o banqueiro Daniel Dantas, o megainvestidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta, colocam o publicitário Guilherme Henrique Sodré Martins, considerado o "melhor amigo" do governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), como o porta voz político da suposta organização criminosa. Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, Martins, conhecido como Guiga, fazia os contatos políticos em nome de Dantas.

Guiga, que teve pedido de prisão negado, foi casado com a atual mulher de Wagner, Fátima Mendonça. O publicitário colocou o amigo numa saia justa quando arrumou um passeio, em novembro de 2006, de Wagner com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) num iate, emprestado por Zuleido Veras -preso sob acusação de corrupção em obras públicas. No inquérito, Guiga é identificado como sócio da GLT Comunicação Ltda, que presta assessoria de imprensa a diversos órgãos públicos. O que de fato seria "atividade de lobby". A Folha apurou que o publicitário é sócio-fundador do Graacc (Grupo de Apoio à Criança com Câncer) da Bahia e fez parte, até 2002, do conselho consultivo da ONG Missão Criança, do senador pedetista Cristóvam Buarque. "Nós escolhíamos os membros do conselho, mas não me lembro dele", afirmou Cristóvam à Folha.

PF apura privilégio a Dantas na venda da BrT

Na investigação contra o grupo Opportunity e o banqueiro Daniel Dantas, a Polícia Federal levanta suspeita de ilegalidade na venda de parte das ações da BrT (Brasil Telecom) ao grupo Oi Telemar. Dantas e o Citigroup venderam ações adquiridas na Bolsa por preço 20% maior do que o definido para acionistas minoritários.

Ao comprar o controle acionário da Brasil Telecom Participações, a Telemar aceitou incluir no mesmo pacote 9,85 milhões de ações ordinárias pertencentes ao Opportunity e 2,3 milhões de ações do Citigroup, a R$ 72,30 por ação. Ou seja, com o ágio de 20%, previsto na legislação para a compra de ações do bloco de controle, o chamado prêmio de controle. A operação chamou a atenção da PF porque as ações em questão haviam sido adquiridas pelo Opportunity na Bolsa de Valores, depois do leilão de privatização da Telebrás, e não faziam parte do bloco de controle acionário da tele.

Ao vender suas ações no pacote do bloco de controle, o Opportunity terá lucro adicional de R$ 142,7 milhões e o Citi, de R$ 33,73 milhões. A cifra se refere à diferença entre o valor por ação a ser pago aos acionistas controladores da BrT (R$ 72,30) e o que será oferecido aos minoritários (R$ 57,82 por ação ordinária). A Previ (Caixa de Previdência dos Empregados do Banco do Brasil), acionista controladora da BrT, tem 6,89 milhões de ações ordinárias da empresa adquiridas em Bolsa.

Elas serão vendidas à Telemar nas condições oferecidas aos minoritários, sem o ágio de controle. Os acionistas da BrT assinaram o contrato de venda da empresa para a Oi no final de abril. Mas o pagamento das ações apenas será efetivado se for eliminado o impedimento legal para a fusão de concessionárias de telefonia fixa local, o que depende de mudança do PGO (Plano Geral de Outorgas).

Para advogados de empresas, operação é legal

O pagamento de prêmio de controle ao Opportunity e ao Citigroup foi considerado legal pelos advogados das empresas e fundações envolvidas na negociação da venda da Brasil Telecom para a Oi, que discordam da interpretação dada pela Polícia Federal. O Citigroup e o Opportunity não se manifestaram sobre o caso.

Segundo advogados ouvidos pela Folha, a legislação do mercado de capitais não proíbe o pagamento negociado com o banqueiro Daniel Dantas e com o Citi, ao contrário do que afirma trecho do relatório da PF citado pelo juiz Fausto de Sanctis.

Alegam que a compra da BrT pela Oi é uma operação privada, na qual as partes fixaram um valor que consideraram justo e atrativo.
Um dos advogados envolvidos disse que a Oi só aceitava fechar o negócio se Dantas vendesse suas ações, pois temia que ele repetisse na empresa os conflitos societários que protagonizou na Telemig Celular, na Amazônia Celular e na própria BrT.

O prêmio de controle é um ágio pago pelas empresas para ter o poder de gestão das companhias. No leilão de privatização da Telebrás, o controle da BrT foi vendido com ágio de 6,15% sobre o preço mínimo estabelecido pelo governo. Nas transações privadas, o prêmio para o controlador é de 20% em relação ao valor oferecido aos minoritários.

Proximidade com o poder ajudou Dantas a erguer império de telecomunicações

Em uma década e meia, o banqueiro baiano Daniel Dantas, 53, ergueu um império que, só no ramo das telecomunicações, chega a R$ 17 bilhões. Para tal obra, usou como argamassa capital de parceiros, além de uma vasta rede de conexões políticas tecida ao longo de três governos (Collor, FHC, Lula) e a despeito de cores partidárias.

Seus primeiros passos na trilha do poder político foram dados no antigo PFL, hoje DEM.

Aproximou-se do falecido senador Antonio Carlos Magalhães, por indicação de Mário Henrique Simonsen, de quem foi aluno. Chegou a conselheiro do partido e teve o nome cotado para assumir o Ministério da Fazenda durante o governo Fernando Collor.
Foi sócio do publicitário Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9 e fez doutorado no Massachusets Institute of Technology, nos EUA.

Mas a grande oportunidade de Dantas surgiu no governo Fernando Henrique Cardoso. Estimulado pelos tucanos a entrar no processo de privatizações do sistema Telebrás, ele criou o Opportunity Fund. Chamou para sócios a irmã Verônica Dantas -também detida pela PF- e o economista Pérsio Arida, que foi presidente do BNDES (1993-95) e do Banco Central (1995).

A ex-mulher de Arida, Elena Landau, ocupou a diretoria de privatização do BNDES durante o programa de desestatização. Em maio de 2002, Dantas jantava com Fernando Henrique Cardoso no Palácio Alvorada, num episódio que escancarou o trânsito do banqueiro com o poder federal.

Polícia Federal aponta atuação de família em esquemas de fraudes

Em família, o banqueiro Daniel Dantas montou grande parte da estrutura usada para mandar ilegalmente grandes quantias para o exterior, lavar dinheiro e multiplicar os lucros, apontam documentos da Polícia Federal usados como base para os pedidos de prisão da Operação Satiagraha.

Segundo os investigadores, por empresas e contas bancárias abertas em nome de pelo menos seis parentes dele circulou parte dos US$ 2 bilhões movimentados em fundos de pensão e offshores ligadas ao grupo Opportunity.

A estratégia teria o consentimento dos familiares de Dantas, segundo a PF. Verônica Dantas, irmã dele, apontada como sócia de mais de 150 empresas, chegou a manifestar preocupação com o uso indiscriminado do sobrenome Dantas.
E-mail interceptado pela PF mostra Verônica pedindo "cautela" ao irmão. Segundo relatório enviado à Justiça, ela alerta que a "constituição de empresas" em nome de "familiares ou de pessoas de sua confiança poderia fazer lançar suspeita sobre seus arranjos".

Nélio Machado, advogado de Daniel Dantas, negou que ele tenha cometido os crimes atribuídos pela PF e relacionou sua prisão com a guerra pelo controle da Brasil Telecom.

Nahas soube de corte de juros 20 dias antes, diz PF

No dia 18 de setembro de 2007, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, surpreendeu o mercado mundial ao anunciar um corte de meio ponto percentual na taxa básica de juros da economia norte-americana. Segundo a Polícia Federal, 20 dias antes, em 29 de agosto de 2007, o megainvestidor Naji Nahas supostamente recebeu de alguém em Nova York a informação sobre o corte.

A redução, acima do esperado, fez com que os mercados do mundo inteiro fechassem em alta naquela data. Em Nova York, a Bolsa pulou 200 pontos, e o pregão fechou em alta de 2,51%.

Em comunicado daquele dia, Ben Bernanke, o presidente do Fed, justificou a decisão pela turbulência econômica por que passava -e passa- o país. Foi a maior redução do Fed em quase cinco anos.

Conduta de delegado divide cúpula da PF

A Operação Satiagraha, apesar de considerada um sucesso pelo governo, dividiu a Polícia Federal pela forma como o delegado responsável Protógenes Queiroz conduziu as investigações. Ele chegou a requisitar agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para auxiliá-lo nos trabalhos que culminaram com a prisão do banqueiro Daniel Dantas.

A cúpula da PF avalia que Queiroz desrespeitou algumas normas de conduta, como não prestar contas do andamento da investigação, não fornecendo sequer informações básicas que permitissem estruturar a parte logística da operação. Por pouco, a ação da PF não foi suspensa na véspera.

A pessoas próximas, Queiroz alega que tomou tais medidas por receio de que informações estratégicas pudessem vazar e prejudicar a operação. Por ter sido feriado ontem em São Paulo, a Folha não conseguiu contatar o delegado.

Confundido com doleiro, dentista relata excessos de agentes da operação

O policial vestido de preto gritava repetidamente "Você é o Marco Matalon. Fala, do-lei-ro Marco Matalon, fala". Gritava e apontava a metralhadora para o homem franzino que tinha sido encostado à força contra a parede. Descalço, de pijama, o homem respondia: "Sou o Fabio Bibancos. Sou dentista. Não sou Marco Matalon." Não adiantava.

Durou das 6h às 12h de anteontem a ação da Polícia Federal na rua Maurício Francisco Klabin, 401, na Vila Mariana. No local, os agentes acreditavam que funcionasse o escritório de Marco Ernst Matalon, que figura na investigação da PF como "um dos maiores doleiros do país" e está foragido.

Quando, às 6h, os agentes bateram à porta do imóvel, procurando por Matalon, foram atendidos, via interfone, pela caseira June Bernachi, 65. Ela lhes disse que não conhecia ninguém com tal nome e que não podia abrir a porta. Os "visitantes" insistiam e ela negava. Dez minutos depois, com um estrondo, a porta de vidro da frente foi destruída pelos homens. Que entraram.

A caseira, desesperada, telefonou para Bibancos, que mora em um edifício defronte ao local. Pedia socorro, achando que estivesse diante de assalto cometido por ladrões comuns. Bibancos correu para a clínica, convencido disso. "A gente vê o tempo todo nos telejornais ladrões fazendo-se passar por agentes da PF", diz ele.

"Pára de chorar, bichinha", gritou-lhe um agente, quando o dentista, de 45 anos, apavorado, tentava explicar-lhe entre lágrimas que não era Matalon (a quem conhecidos descrevem como homem corpulento, de mais de 70 anos), e que ali funciona o Instituto Bibancos de Odontologia, anexo ao qual estão instaladas a ONG Turma do Bem e a Escola do Pensamento em Saúde, projetos que ele anima.

O Estado de S. Paulo

Presidente do STF manda soltar Daniel Dantas, sua irmã e mais 9

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, determinou ontem que fossem postos em liberdade imediatamente o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, sua irmã, Verônica Dantas, e os outros nove executivos e diretores do banco. Todos haviam sido presos na terça-feira pela Polícia Federal durante a Operação Satiagraha, que investiga um esquema de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e outros crimes que podem envolver o montante de pelo menos US$ 1,9 bilhão.

A decisão, divulgada às 23h30 de ontem, não beneficia o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas, também investigados. Eles continuarão na carceragem da PF em São Paulo pelo menos até sábado. No texto, o ministro Gilmar Mendes argumentou que as alegações do juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, para decretar a prisão temporária de Dantas e dos demais envolvidos não justificam a detenção. Entre as razões citadas pelo juiz estariam a necessidade de interrogá-los e confrontar os depoimentos com as provas.

Práticas escusas fundamentaram prisão, diz juiz

"Lançam-se, supostamente, mão de práticas escusas para obstruir, quando não obstaculizar, o exercício normal e eficaz da persecução criminal. A prisão está justificada para conveniência da instrução penal e para assegurar a eventual aplicação da lei criminal", sentenciou o juiz federal Fausto Martin De Sanctis no decreto de prisão preventiva de Daniel Dantas, Naji Nahas, Celso Pitta e de outros 21 acusados da Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

"Não bastasse isso, a ordem pública, associada à credibilidade que o Judiciário desfruta perante a sociedade, restou também seriamente afetada pelos fatos, mormente quando se considera que os crimes cuja averiguação se pretendia coarctar têm o condão de causar lesão a investidores em milhões de reais, com prejuízo ao sistema financeiro nacional, afetando a ordem econômica."

Dono do Opportunity armou operação para romper sigilo

A documentação enviada pelos advogados de Daniel Dantas ao Supremo Tribunal Federal (STF) relata o frenesi do banqueiro para obter ainda no nascedouro detalhes da Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

O estopim foi a publicação, pelo jornal Folha de S. Paulo, em abril, de reportagem que mostrava ser Dantas alvo de uma investigação da PF. A partir dali foi desencadeada uma operação jurídica para romper o círculo de sigilo que protegia os dados do inquérito conduzido pelo delegado Protógenes Queiroz.

Dantas tentou, primeiro, localizar no cipoal de varas criminais de São Paulo aquela que abrigava as investigações da Satiagraha. Não obteve sucesso. Juízes federais se negaram a confirmar a existência do inquérito contra o banqueiro. Sem conseguir romper o sigilo que protegia a operação e diante da negativa dos juízes federais "em admitir a existência efetiva da investigação objeto da notícia ", relata a petição dos advogados Nélio Machado e Alberto Pavie Ribeiro, o dono do Banco Opportunity recorreu a um segundo lance: entrou com um pedido de habeas-corpus no Tribunal Regional Federal (TRF), em São Paulo.

Pitta e banqueiro dividiram cela na PF

Na primeira noite sob custódia federal, o banqueiro Daniel Dantas e o ex-prefeito Celso Pitta dividiram a mesma cela - um espaço acanhado do terceiro andar da sede da Polícia Federal de São Paulo, na Lapa. O único conforto permitido foram colchonetes, lençóis, cobertas e toalhas que os parentes entregaram aos carcereiros ainda na tarde de terça-feira, pouco mais de 10 horas depois de deflagrada a Operação Satiagraha.

Até as 20h30, Pitta achou que ficaria isolado na cela de cerca de 6 metros quadrados. Foi quando Dantas, parentes e assessores próximos chegaram algemados do Rio. Diabético, Pitta pôde receber suas medicações, mas lhe foram negadas as barras de cereais que costuma comer para controlar sua taxa de glicemia. Todos os presos tiveram de comer a quentinha da PF.

Os advogados protestaram pela operação ter sido desencadeada na véspera de um feriado estadual - alegaram que ninguém foi ouvido ontem porque só havia plantonista na PF. A instituição diz que dedicou o dia para analisar a documentação apreendida.

Carvalho prometeu a petista ajudar Dantas

O chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, prometeu ajudar o advogado e ex-deputado do PT Luiz Eduardo Greenhalgh, o Leg, em sua missão de obter informações sigilosas que permitissem ao banqueiro Daniel Dantas ter acesso às investigações da Polícia Federal. "Ah, eu vou ver", disse Carvalho a Greenhalgh, em telefonema recente feito pelo advogado para Carvalho, homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Procuradoria da República não comenta o conteúdo da conversa. O procurador Rodrigo de Grandis limitou-se a dizer que, infelizmente, a prisão de Greenhalgh não foi decretada. Para ele, isso era necessário para investigar possível advocacia administrativa cometida por Carvalho. Em sua manifestação, ele afirma não ter dúvidas de que Greenhalgh integrava a organização criminosa chefiada pelo dono do Opportunity.

O procurador queria saber, ainda, se o advogado havia de fato recebido informações sigilosas de que Carvalho teve conhecimento, em função do cargo. O Estado informou ontem que Greenhalgh havia pedido a Carvalho que levantasse o nome do delegado responsável pela apuração, o número do inquérito e qual o objeto da investigação aberta pela Polícia Federal, a pedido da procuradoria. O diálogo foi interceptado pela PF com autorização da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

Relação com autoridades ajudou a manter grupo, diz Polícia Federal

Relatório de Inteligência Policial que deu suporte à ordem de prisão do banqueiro Daniel Dantas afirma que ele corrompe, faz espionagem empresarial - até mesmo com interceptações telefônicas ilegais -, manipula a mídia e se prevalece de bom relacionamento com autoridades públicas para manter protegida a sua organização criminosa. "O grupo Opportunity possui longa história, marcada por diversos fatos controversos e questionáveis.

A aproximação com autoridades públicas, lobistas, jornalistas, grandes empresários, pessoas muito bem articuladas é assunto sempre relacionado ao grupo e também são objeto da presente investigação, uma vez que as articulações nas mais diversas esferas públicas e privadas se fazem necessárias para que esta organização criminosa continue atuando de forma protegida", assinala o relatório 07/2008, da Polícia Federal, produzido com base em interceptações nos sistemas de informática do Grupo Opportunity.

Dantas é acusado de desvio de recursos públicos, corrupção, fraude no mercado de ações, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e formação de quadrilha. "O que está em curso nessa investigação são práticas empresariais sujas e completamente complexas, envolvendo manobras contábeis para esconder o objetivo final do grupo, que seria o enriquecimento ilícito através de crimes contra o sistema financeiro", diz o documento.

Banqueiro rachou núcleo duro do governo Lula

A tentativa do banqueiro Daniel Dantas de se aproximar do ainda candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, provocou o primeiro racha no grupo de ministros que ficou conhecido como "núcleo duro" do governo. Então na Casa Civil, José Dirceu operou a favor de Dantas; na estratégica Secretaria de Comunicação, Luiz Gushiken fez de tudo para que o banqueiro não se aproximasse; no Ministério da Fazenda, Antonio Palocci pesou prós e contras e decidiu ficar neutro.

A disputa de Gushiken com Dantas foi motivada pelo controle dos fundos de pensão, sócios das telefônicas controladas pelo banqueiro. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Dantas tinha tanta influência sobre eles que chegou a trocar um diretor da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil. Como Gushiken tinha uma empresa de formação de quadros para os fundos, os dois ficaram em lados opostos.

No ano 2000, Dantas chegou a contratar a Kroll - empresa americana de investigação privada - para bisbilhotar a vida dos sócios da Telecom Itália na Brasil Telecom (BrT), que era controlada por ele. Durante a espionagem, foram grampeados e capturados até e-mails de Gushiken para Luiz Roberto Demarco, antigo sócio de Dantas.

Dirceu se queixou com presidente

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu reclamou pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva do "uso político" da Polícia Federal. A conversa ocorreu há cerca de um mês, em Brasília. Dirceu queixou-se do ministro da Justiça, Tarso Genro - seu desafeto político no PT -, e disse que a PF é "instrumentalizada" pelo petista para perseguir adversários. Lula ouviu os argumentos de Dirceu, que negou o encontro em seu blog.

A reunião, porém, ocorreu na época em que o então prefeito de Juiz de Fora, Carlos Alberto Bejani (PTB), foi preso pela PF, acusado de desviar R$ 1 milhão. A PF "vazou" conversa em que Bejani mencionava que teria se reunido com Dirceu e que conseguira liberar "R$ 70 milhões". O ex-ministro negou e ficou furioso com a divulgação das imagens.

O presidente confia em Tarso, mas avalia que delegados muitas vezes exageram ao dar caráter de "espetáculo" às operações, "vazando" dados sem provas.

PF rastreia o caminho do dinheiro que teria sido lavado

O dinheiro saiu do Banco Opportunity, passou por dois paraísos fiscais no Caribe, pela Irlanda e pelos Estados Unidos antes de retornar lavado ao Brasil como se fosse investimento estrangeiro. Esse foi, segundo as investigações da Polícia Federal, o caminho percorrido pelos valores movimentados, entre 1992 e 2004, pelo Opportunity Fund, do banqueiro Daniel Dantas - e que, no total, chegariam a US$ 1,97 bilhão. A sede da operação ficava nas ilhas Cayman.

No esquema do Opportunity, a suspeita da PF é que dinheiro de origem ilícita era remetido por clientes brasileiros por meio de doleiros para o exterior. Os clientes abriam empresas em nome de laranjas. Ao chegar ao fundo, o esquema permitiria a volta desse dinheiro ao Brasil já lavado. Aplicados como investimento estrangeiro no País, os recursos ganhavam aparência legal. Se fosse de origem lícita, o dinheiro pagaria ao sair do Brasil, em caso de empresas, 25% de imposto de renda e 12% de Contribuição Social sobre Lucro.

As informações de que o Banco Opportunity teria montado tal esquema estavam no disco rígido apreendido em 2004 pela Polícia Federal, durante a Operação Chacal. "Há indícios de que, apesar da ação da PF, esse esquema foi mantido", afirmou o procurador da República Rodrigo de Grandis. Segundo ele, e-mails trocados entre os acusados mostrariam indícios de violação do artigo 22 da lei 7.492/86 (evasão de divisas) e do artigo 4º da mesma lei (gestão fraudulenta de instituição financeira).

PSDB quer ouvir Dantas e Gushiken na CPI dos Grampos

O PSDB começou a se mobilizar para levar o escândalo da Operação Satiagraha para o Congresso e para mais perto do governo. Os deputados tucanos que integram a CPI dos Grampos têm prontos requerimentos para a convocação do banqueiro Daniel Dantas e do investidor Naji Nahas.

Um terceiro requerimento pede a convocação do ex-ministro Luiz Gushiken, que, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agiu para evitar aproximação de Dantas com o governo. O banqueiro disputava com fundos de pensão, ligados a Gushiken, o controle da Brasil Telecom.

Como a convocação, para ser aprovada, tem de estar relacionada com o objeto da CPI, a saída encontrada é questionar Dantas sobre a contratação da Kroll, líder mundial entre as empresas de investigação, pela Brasil Telecom. A Kroll é suspeita de, a mando da Brasil Telecom, ter grampeado integrantes do governo. O objetivo do banqueiro seria achar elementos contra executivos da Telecom Itália, sua antiga aliada e depois adversária comercial.

Heráclito nega elo com o esquema

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) ocupou ontem a tribuna para responder às acusações de que faz parte do esquema do banqueiro Daniel Dantas e cobrou o que chamou de omissão do Banco Central. "Se é golpe financeiro e prejuízo ao sistema financeiro, quais os motivos que levaram o Banco Central a não tomar nenhuma medida? Por que a omissão do Banco Central?"

Segundo ele, a operação da Polícia Federal já estava anunciada e "era propósito firme de Paulo Lacerda", ex-diretor da PF e atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Ele ficou magoado pois seu nome (de Lacerda) apareceu numa lista de pessoas com dinheiro fora do Brasil."

O senador disse que o ponto central da operação é a divisão na própria PF. Ele questiona o que levou a PF a prender apenas pessoas ligadas ao Banco Opportunity e revelou ter sido procurado por um jornalista que teria uma gravação de um telefonema dele com Dantas. "Não tenho intimidade com ele e por que a Polícia Federal não foi investigar o fato, mas sim fez questão de vazar isso e caluniar?", perguntou, acrescentando que a conversa gravada seria sobre um depósito em um paraíso fiscal. "Renuncio ao mandato se aparecer alguma conta minha em paraíso fiscal", prometeu.

Conselho aposta em depoimento de delegado

O Conselho de Ética da Câmara aposta no depoimento do delegado Rodrigo Levin, responsável pelo inquérito que apurou envolvimento do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, em esquema de desvio de verba do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para tentar cercar o parlamentar.

A data do depoimento depende da disponibilidade do delegado, porque ao Conselho não tem poder de convocação (só faz convites). Ficou decidido, porém, que Levin falará em reunião secreta, pois o processo está sob sigilo. "A vinda do delegado é imprescindível", disse ontem o relator do processo de cassação, deputado Paulo Piau (PMDB-MG). Ele espera que Levin esclareça como as investigações ligaram Paulinho ao esquema de desvio.

O próprio Paulinho, que depôs ontem pelo segundo dia consecutivo, será novamente ouvido pelo Conselho em reunião secreta. Segundo Piau, se for necessário, haverá acareação.

Lula estuda ampliar espaço do PSB

O Planalto estuda duas alternativas para pagar a fatura política do apoio do PSB paulista à candidatura de Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo. A primeira idéia é a fusão das secretarias da Pesca e dos Portos, transformando-as em um único ministério nas mãos do PSB. Outra opção é manter o PSB com a Secretaria dos Portos, hoje comandada por Pedro Brito, e dar ao partido do deputado Ciro Gomes (CE) e do governador Eduardo Campos (PE) - ambos presidenciáveis - também a Secretaria da Pesca.

Segundo relato de aliados do Planalto ao Estado, essa também seria uma maneira de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fortalecer o PSB para a disputa presidencial, daqui a dois anos, já que o PT não tem um candidato natural ao posto. Em caso de solução caseira, Lula trabalha com algumas possibilidades, sendo que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é tida como a mais forte delas no momento. Mas, se optar pelo PSB, Campos é o preferido de Lula, enquanto Ciro - apontado como o nome mais forte pela legenda aliada - tem sérios problemas de trânsito político entre os petistas.

O Globo

Ação da PF contra Dantas opõe ministro e presidente do STF

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que não houve abuso de poder na operação da Polícia Federal que levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas, o megainvestidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, além de outros 14. Na véspera, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, criticou a “espetacularização” da operação. Tarso disse que “nunca ninguém reclamou” de algemas nos pobres.

O jeito Opportunity de atuar no mercado

Investigação da PF mostra que Daniel Dantas lucrava com informações exclusivas de empresas e fazendo remessas sem aval do BCV.

Lei Seca reduz no Rio emergência hospitalar

Assim como ocorreu no estado, o município do Rio também registrou queda na média diária de atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito – de 14% a 21% - nos últimos 20 dias, desde que entrou em vigor a Lei Seca para motoristas. Os dados constam de levantamento feito pela Secretaria municipal de Saúde nas três principais emergências. Já nas rodovias federais que cortam o estado, o número de acidentes aumentou provavelmente por causa das chuvas.

Crivella diz à Justiça que não tem casa

O candidato do PRB a prefeito do Rio, Marcelo Crivella, declarou à Justiça Eleitoral, como únicos bens, dois carros, além de saldo bancário de R$ 180.900. Ele mora em apartamento alugado na Barra. Solange Amaral (DEM) tem o maior patrimônio.

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