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Advogados das contradições

Congresso em Foco

23/5/2006 | Atualizado 24/5/2006 às 8:47

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A CPI do Tráfico de Armas pediu a prisão preventiva e a quebra dos sigilos bancário e telefônico dos advogados Maria Cristina de Souza Rachado e Sérgio Wesley da Cunha. Os advogados admitiram durante a acareação feita pela CPI ontem visitado, em um mesmo dia, o traficante Marcos Camacho, o Marcola, na penitenciária de Presidente Venceslau (SP). Os dois voltarão a ficar frente a frente amanhã com Arthur Vinícius Pilastre, ex-funcionário da Câmara que admitiu ter vendido um depoimento secreto da CPI aos advogados.

Segundo o relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o esforço para obter a fita foi para mostrar a Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) e cliente de Cristina, que Leandro Lima de Carvalho, cliente de Sérgio, não havia traído a facção criminosa. "A fita seria uma forma de obter um salvo-conduto para o cliente de Sérgio", disse o relator. "As pessoas que trabalham para o PCC vivem em clima de terror", completou.

O advogado, que vinha negando envolvimento de Leandro e dele próprio com Marcola, admitiu, durante a acareação, ter visitado o líder do crime organizado no dia 25 de janeiro a pedido de um terceiro cliente. Segundo ele, parentes de um cliente identificado apenas como Paulo Rogério pediram que ele fosse ver se Marcola estava bem, pois havia informações de que ele estaria machucado. Wesley disse que recebeu dinheiro desse cliente apenas para fazer essa visita ao traficante. Porém, ele só admitiu conhecer Marcola depois de três perguntas consecutivas feitas pelos deputados.

Cristina, que durante seu depoimento disse ser muito ocupada e não ter tempo para visitar presos, também confessou que no dia 25 de janeiro, aniversário de Marcola, esteve na penitenciária de Presidente Venceslau acompanhada da mulher do criminoso, Cintia, que queria entrar no presídio para vê-lo.

Os advogados, porém, negaram ter comprado o CD com a gravação do depoimento do diretor do Departamento de Investigação sobre o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt Filho, e o delegado Ruy Ferraz.

À noite, após terem prestado depoimentos isoladamente, os dois caíram várias vezes em contradição durante a acareação. Maria Cristina disse que havia alertado o colega que eles entrariam em uma "roubada" se obtivessem o CD. Wesley desmentiu e sustentou a versão que dera antes aos parlamentares: nada fez de errado, não se arrepende do que fez, e mostrou a convicção de possuir o "direito constitucional" de conhecer o conteúdo do depoimento de seu cliente à CPI.

Leandro, acusado de ser um dos líderes do PCC e que foi preso com uma grande quantidade de armas e munições, foi ouvido pela comissão na mesma reunião reservada em que prestaram depoimento os delegados paulistas.
Na acareação, Wesley também negou a versão da colega de que não teve acesso ao conteúdo da gravação. Segundo ele, a acareação com Artur Vinicius deixará isso claro.

Contradições e lágrimas

O depoimento de Maria Cristina Rachado, advogada de Marcola, foi marcado por contradições e lágrimas. Antes de começar a falar, ela escorregou e caiu no chão. Depois, aos prantos, protestou contra o fato de ter sido apresentada à sociedade como "pilantra" por pessoas que sequer a conhecem. Finalmente, sentiu-se mal e teve de ser atendida pelo serviço médico da Câmara. Ela chegou a afirmar que nunca soube que seu cliente fosse integrante do PCC. "Ele nunca me disse que era de facção nenhuma."

Mas a advogada se complicou ao menos três vezes durante o depoimento. Primeiro, ao dizer que veio a Brasília após ter sabido pela internet que o seu cliente seria ouvido pela comissão. O problema é que o depoimento não estava na pauta da CPI. Cristina afirmou ter aproveitado a passagem por Brasília para acompanhar outros processos no Superior Tribunal Justiça (STJ). A advogada não conseguiu explicar como foi feita a pesquisa para saber da pauta da reunião.

Também não soube explicar em que circunstância manteve contato por e-mail com Artur Vinícius Pilastres Silva, o ex-funcionário da Câmara responsável pela gravação da CPI, nem de que forma tem recebido os honorários pagos por familiares de Marcola. Disse que uma tia do detento vai ao seu escritório todos os meses e lhe entrega R$ 2 mil em dinheiro. Ela não soube dizer qual é a fonte de renda da mulher.

Cristina disse que foi procurada pelo próprio Artur Vinicius, que lhe ofereceu o CD para compra, mas não aceitou a oferta. "Ele disse que me enviaria o número da conta corrente e que me daria o depoimento completo, mas não paguei pelo depoimento", contou. Imagens do circuito interno de vigilância do shopping no qual o CD com a gravação da sessão foi copiado foram exibidas em um telão. Nelas, os dois advogados aparecem em companhia de Artur Vinicius. A advogada insistiu, no entanto, na posição de vítima: "Não existem provas de que eu tenha cometido algum delito".

A versão de Wesley

O advogado Sérgio Wesley da Cunha disse que não cometeu crime nenhum ao ter acesso à gravação da reunião reservada da CPI do Tráfico de Armas. Ele confirmou ter recebido o material, mas sustentou não saber que as informações eram reservadas. "Eu não agi com dolo, eu não cometi crime algum", afirmou o advogado.

O presidente da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE), criticou o fato de o advogado ter recorrido a Arthur para conseguir o material. "É inverossímil qualquer tipo de resposta que o senhor está dando. O senhor sabe que se pede alguma coisa para a autoridade, e não para o porteiro", disse o deputado.

Referindo-se a Artur Vinicius, Wesley assegurou: "Para mim ele não pediu valor nenhum". Em seguida, levantou a hipótese de o ex-funcionário ter mentido em seu depoimento. Lembrando que Artur estava sendo investigado pela Polícia Legislativa, sugeriu que ele pode ter criado essa versão para passar de réu a testemunha protegida. "É mais confortável para ele", concluiu.

O advogado declarou que, até o último dia 10, nunca havia conversado com Maria Cristina. Afirmou que havia apenas se encontrado com ela nos corredores do Fórum de São Paulo. No último dia 10, ao chegarem ao auditório da CPI do Tráfico de Armas, os delegados Bittencourt e Ferraz solicitaram que a sessão fosse fechada depois de verem Wesley e Cristina no plenário da comissão. Em seguida, identificaram os dois como advogados do PCC. No depoimento reservado, eles revelaram detalhes sobre a estrutura da organização criminosa, como informou com exclusividade o Congresso em Foco na última quinta-feira (18).

Provas contra advogada

Além das imagens no shopping center, vieram à tona documentos, apresentados pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que contradizem o depoimento da advogada Maria Cristina de Souza Rachado.

Um deles é um relatório da Polícia Civil de São Paulo, que mostra que ela esteve com Marcola pela última vez em abril, e não em março como dissera; que visitou presídios dez vezes desde janeiro; e que esteve em contato com outro líder da facção, José Carlos Rabelo, o Pateta.

Para Jungmann, o relatório prova que a advogada é um "pombo-correio", que passava informações de fora para dentro da cadeia. "Isso mostra claramente que ela vai com freqüência conversar com os criminosos", acusou. O deputado também apresentou um livro-caixa do PCC que aponta gastos mensais de até R$ 10 mil com advogados.

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