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Dirceu e corretora

Congresso em Foco

21/9/2005 | Atualizado 22/9/2005 às 11:30

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Após um início de depoimento morno, aos poucos, o doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona, começou a abrir sua caixinha de revelações e apontou a mira de suas acusações para os deputados José Dirceu (PT-SP) e José Janene (PP-PR). Em depoimento às CPIs do Mensalão, dos Correios e dos Bingos, Toninho afirmou que o ex-ministro da Casa Civil teria relações próximas com os sócios da Bônus-Banval, corretora paulista que realizou, segundo o doleiro, operações financeiras para o PT próximo da campanha eleitoral de 2002.

Toninho havia dito minutos antes na sessão conjunta das CPIs que, entre setembro e outubro de 2002, movimentou cerca de R$ 6,5 milhões para a corretora. Segundo Toninho, Dirceu era amigo "íntimo" dos sócios da corretora, os também doleiros Dario Messer e Najun Turner, e que essas relações eram "voz corrente no mercado. O contato de Toninho da Bônus era Enivaldo Quadrado.

O doleiro fez, contudo, uma ressalva: "Não estou dizendo que Dirceu tenha feito qualquer coisa. Estou dizendo que ele (Quadrado) realmente conheceu (Dirceu), que era íntimo e dizia que era prazeroso tê-lo como conhecido e como amigo". Às CPIs do Mensalão, dos Correios e dos Bingos, Toninho disse que Dirceu teria sido apresentado à corretora pelo líder do PP na Câmara, José Janene (PR). Em nenhum momento apresentou provas.

Ele disse ainda que o deputado paranaense teria sido apresentado aos sócios da corretora por um doleiro de Londrina (PR). Uma filha de Janene trabalhou para a Bônus-Banval e, segundo a lista de saques das contas do empresário Marcos Valério, a corretora repassou mais de R$ 3 milhões, rateados entre o PP de Janene, o PL e o PT. Os repasses foram feitos a pedido do então tesoureiro do partido, Delúbio Soares.
A assessoria de Janene informou hoje que o deputado não vai comentar o depoimento dado pelo doleiro, pois o parlamentar não o conhece e não dá credibilidade a suas declarações. A assessoria de imprensa do deputado divulgou nota em que Dirceu "reafirma não ter tido qualquer relação com o doleiro nem com a corretora e seus proprietários".

Campanha eleitoral

Após ser pressionado pelo relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), Antonio Claramunt disse que, em conversas informais com o "verdadeiro dono" da corretora Garanhuns, Lúcio Funaro, ficou claro para ele que a Bônus-Banval estava concentrando operações do PT durante a campanha eleitoral. "A Bônus está concentrando operações do PT. A Bonus está cooperando com a campanha do senhor Janene", teria dito Funaro, segundo relato de o doleiro. Sobre a Garanhuns, Toninho disse que não sabia do tipo de operação que a empresa teria com partidos políticos.

O depoente, que viajou escoltado e algemado de um presídio em Avaré (SP) para Brasília, afirmou que sofreu pressões para não depor na comissão. Contudo, ele disse que não tinha como apontar de quem partiu as pressões. Tampouco atendeu o questionamento do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) para declinar nomes dos envolvidos nas operações ilegais. Tomou Lexotan (tranqüilizante) ao longo do depoimento.

Veja outros pontos do depoimento:

Atuação para o PT

Negou que tenha prestado serviços ao PT ou ao outros partidos. "Mas houve depósito relacionado ao PT", afirmou o doleiro, sem se lembrar quem foi o beneficiário no PT.

Num outro momento, Toninho disse que Marcelo Viana, um funcionário da Barcelona Tur, sua agência de viagens, trocava dólares para petistas. "Todo o dinheiro que era encaminhado à Bônus-Banval se destinava a partidários do PT. Não única e exclusivamente a Delúbio Soares. Ele não pegou aquele dinheiro todo e pôs nos bolsos."

Remessa para Bastos e Meirelles

Isentou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de envolvimento em qualquer operação ilegal. "Não fiz acusação direta ao ministro Thomaz Bastos", disse ele, referindo-se a seu depoimento anterior. Segundo Toninho, um amigo seu havia dito ter atendido o escritório de Bastos.
 
Toninho da Barcelona também inocentou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "Não acredito que operação de Meirelles tenha sido para fraudar", disse. Segundo Claramunt, a notícia sobre operação envolvendo Meirelles chegou truncada à imprensa.

CPI do Banestado

Disse ainda que a CPI do Banestado deveria ter sido prorrogada, pois nomes importantes de envolvidos em remessas ilegais de recursos para o exterior não foram investigados. Toninho disse que nunca teve uma conta no Banestado, mas, explicou, trabalhava com doleiros que tinham conta no banco. Aos parlamentares, ele deu afirmou que é possível identificar parlamentares que poderiam ter sido beneficiados do mensalão a partir da verificação da movimentação de contas dos bancos Trade Link Bank, MTB e Delta.

José Mentor e Santo André

Aproveitou para acusar o deputado José Mentor (PT-SP), relator da CPI do Banestado, de ter tramado contra ele. "Ele sabia que eu tinha colaborado na campanha de 2002. Devia estar com medo de que aparecesse algum problema ligado ao PT", disse Toninho. Segundo ele, "houve uma armação política do Mentor".

O doleiro afirmou que foi impedido por José Mentor de depor na CPI do Banestado porque poderia vir a expor as operações feitas pelo PT não só com ele, mas com Messer também. "Era para eu ter sido convocado a prestar depoimento na CPI do Banestado. O maior prejuízo foi meu. Foi eu não ter sido convocado", afirmou.

Toninho disse que havia um temor do PT em relação ao depoimento dele. O medo era que ele trouxesse à tona operações feitas por ele com recursos recebidos da prefeitura de Santo André, oriundos das empresas de transportes urbanos da cidade.

O deputado Mentor foi pessoalmente à sessão conjunta para rebater as acusações. Ele agradeceu o doleiro por desmentido as informações que circularam na imprensa de que ele seria o "operador financeiro" do PT no estrangeiro. Logo após, contudo, Mentor afirmou que Barcelona se equivocou ao dizer que impediu sua ida à CPI do Banestado.

"Fui eu o autor do requerimento para convocar o senhor. Havia muito doleiro para ser investigado. Por isso, reduzimos numa proposta debatida à exaustão na CPI os depoimentos entre seis a oito doleiros. Depois, os agentes da operação Farol na Colina pediram para que retardássemos os depoimentos para não prejudicar a operação. Para não assustar".

O deputado ressaltou que, quando teve a oportunidade, a CPI enviou um oficio convocando Toninho para depor. O ofício foi respondido pelo advogado dele, que teria afirmado que seu cliente não poderia comparecer. "Nem persegui nem blindei o senhor", afirmou o deputado.

Toninho não disse quem teria feito pressão para o nome dele não aparecesse no relatório final da CPI. Ele ressaltou, sem apresentar provas, houve boatos na "rádio corredor" sobre pessoas importantes fazendo pressão.

Celso Daniel

Revelou ter recebido informações na penitenciária sobre a morte do ex-prefeito do PT Celso Daniel, de Santo André (SP). Os presos que participaram do assassinato, segundo ele, disseram a ele que se tratou de crime comum, e não de morte encomendada. Os assassinos estariam procurando alguém para roubar e pegaram o primeiro que apareceu, disse o doleiro. A versão de Toninho contraria o que os irmãos do prefeito assassinado deram a comissão: o prefeito foi morto porque pretendia denunciar a formação de caixa dois para o PT com recursos do município.

Transação para Devanir Ribeiro

Confirmou o repasse, entre julho e setembro de 2002, de dólares ao gabinete do então vereador Devanir Ribeiro (PT-SP), hoje deputado federal. Segundo o doleiro, os recursos eram deixados nas mãos de Marcos, conhecido como Marcão, filho do então vereador, por meio do doleiro Marcelo Bianchi. Os US$ 121,5 mil foram transferidos na seguinte ordem cronológica: US$ 30 mil, em 10 de julho de 2002, US$ 25 mil, em 17 de julho, US$ 20 mil, em 5 de agosto, US$ 1,5 mil, em 9 de agosto, US$ 10 mil, em 10 de agosto e US$ 35 mil, em 30 de setembro de 2002.

Presente ao depoimento, o deputado Devanir Ribeiro contestou as declarações do doleiro. Disse que jamais viu esses recursos relatados por Toninho. E que seu filho tampouco negociou com ele. Devanir disse que a única transação feita com apenas a ocorrência de compras de dólares em valores de US$ 300 a US$ 1.000, fato "comum" na Câmara de Vereadores paulista da época. Claramunt enfatizou que não conhece o deputado, nem Marcão nem ninguém relacionado a Devanir Ribeiro e que as transações teriam sido feitas pelo doleiro Marcelo Bianchi.

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