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CÂMARA
Congresso em Foco
19/12/2025 7:37
O deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) foi o único parlamentar do Partido Liberal a assinar as decisões da Mesa Diretora da Câmara que cassaram os mandatos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), nesta quinta-feira (18). A assinatura colocou o parlamentar no centro de mais um episódio de atrito com a ala bolsonarista do partido.
Rodrigues assinou os atos na condição de 4º secretário em exercício da Mesa, cargo que ocupou como suplente, diante da ausência do titular, o deputado Sérgio Souza (MDB-PR). Além dele, outros suplentes também subscreveram a decisão, já que dois integrantes do comando da Casa se recusaram a assinar: o primeiro vice-presidente, Altineu Côrtes (PL-RJ), e o segundo vice-presidente, Elmar Nascimento (União-BA). Os três foram os únicos integrantes da Mesa Diretora a não apoiar as cassações.
A perda do mandato foi decidida pela, presidida por Hugo Motta (Republicanos-PB), e contou ainda com as assinaturas de Carlos Veras (PT-PE), Lula da Fonte (PP-PE), Delegada Katarina (PSD-SE), Paulo Folleto (PSB-ES) e Dr. Victor Linhalis (Podemos-ES).
Críticas a Trump e elogios a Moraes
A participação de Antonio Carlos Rodrigues no processo ocorre meses depois de o deputado ter protagonizado uma crise interna no PL ao defender publicamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Em entrevista ao portal Metrópoles, no fim de julho, Rodrigues classificou como "absurda" a aplicação da Lei Magnitsky contra o magistrado e fez críticas diretas ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"É o maior absurdo que já vi na minha vida política. Alexandre é um dos maiores juristas do país, extremamente competente. Trump tem que cuidar dos Estados Unidos", afirmou. O nome do ministro foi excluído na semana passada da lista dos sancionados pela Magnitsky.
A declaração levou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a anunciar a expulsão do deputado, sob pressão da bancada. À época, Valdemar disse que atacar o presidente dos Estados Unidos era uma "ignorância sem tamanho" e defendeu "diplomacia e diálogo".
Quase um mês e meio depois, porém, o partido recuou da expulsão. O Conselho de Ética do PL concluiu que não havia fundamento legal para um processo disciplinar e decidiu aplicar apenas uma advertência ao parlamentar.
Um quadro histórico do PL
Antonio Carlos Rodrigues é considerado um quadro da velha guarda do Partido Liberal. Filiado à legenda desde os anos 1990, ele integra o partido desde muito antes da chegada do clã Bolsonaro e é aliado histórico de Valdemar Costa Neto em São Paulo.
O deputado foi um dos articuladores da retomada de Valdemar ao comando nacional do partido após o cumprimento da pena no escândalo do mensalão. Nos bastidores, Rodrigues também é apontado como uma ponte informal entre Valdemar e Alexandre de Moraes, relação construída ainda na política paulista.
Trajetória política extensa
Com carreira iniciada nos anos 1970, Rodrigues foi procurador da Assembleia Legislativa de São Paulo, ocupou cargos no governo estadual e em prefeituras e construiu sua base política na capital paulista. Foi vereador de São Paulo entre 2000 e 2012, período em que presidiu a Câmara Municipal por quatro anos.
Em 2012, tornou-se senador da República ao assumir a vaga de Marta Suplicy (PT), de quem era primeiro suplente, durante a passagem dela pelo Ministério da Cultura. Já no segundo mandato de Dilma Rousseff, foi nomeado ministro dos Transportes, cargo que ocupou até o impeachment da presidente, em 2016.
Na gestão Jair Bolsonaro, atuou como diretor de Planejamento do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP). Em 2022, foi eleito deputado federal por São Paulo, com 73.054 votos.
Antes mesmo do episódio envolvendo Moraes, Antonio Carlos Rodrigues já vinha se distanciando de posições defendidas pela ala bolsonarista do PL. Ele não assinou o pedido de urgência do projeto que propõe anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e chegou a criticar a proposta no plenário. "A aprovação de uma anistia ampla, irrestrita e acelerada, sem diálogo com o Judiciário, compromete o equilíbrio entre os Poderes", afirmou.
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