A convenção nacional do PMDB, que irá decidir o rumo do partido nas eleições presidenciais, deve ocorrer somente no dia 29 de junho e não no próximo dia 10, como estava previsto. O adiamento foi comemorado por governistas do partido, que querem evitar uma candidatura própria do PMDB nas eleições presidenciais deste ano. O prazo final para o registro de candidatos é 5 de julho. Por 10 votos a 5, a Executiva Nacional do Partido decidiu mudar a data.
O clima da reunião executiva foi tenso e marcado por trocas de acusações. Os oposicionistas ameaçaram boicotar candidatos aos governos estaduais que mantenham ligações com o PMDB governista.
A decisão da executiva Nacional do Partido é um balde de água fria na recém anunciada candidatura do senador Pedro Simon (PMDB-RS à presidência da República, lançada ontem. O vice dele é Antony Garotinho (PMDB-RJ), ex-governador do Rio de Janeiro.
Simon ataca Renan e Sarney
Ao formalizar sua pré-candidatura à Presidência, o senador Pedro Simon fez ataques aos senadores José Sarney (AP) e
Renan Calheiros (AL), que lideram a ala governista do partido e contrária chapa independente.
"Eles trocam interesses pessoais e estão vendendo a alma do MDB. Um grupo que veio fazer negócio em nome do MDB. Temos que saber quem é o MDB. Ele estão botando ovo no ninho errado", discursou Simon.
Segundo o senador, o PMDB sofre até hoje com o fantasma deixado pelo ex-presidente Tancredo Neves. "Não era hora de morrer o Tancredo. Ele morreu e deixou o Sarney e o PMDB paga até hoje os seus pecados por isso", alfinetou.
Simon acusou Renan de "pular de galho em galho". "Ele é todo bacana. Esteve no PCdoB, depois apoiou o Collor, foi ministro do Fernando Henrique e agora é o homem de maior confiança do Lula", disse. O senador afirmou que o partido tem de lançar um nome na disputa para que o país não fique com a opção de escolher entre "o sim e o sim senhor". "Se ficarem só com os dois (Lula e Geraldo Alckmin), não sei como é que vai terminar essa campanha", continuou.
Garotinho acusou Renan e Sarney de minarem a candidatura própria para obter vantagens pessoais. "Eles não têm projetos para o país. Querem se manter no poder com o Lula por causa dos cargos, das benesses", disparou. E responsabilizou os dois por sua desistência de disputar como cabeça de chapa a vaga de candidato do PMDB ao Palácio do Planalto.
"Venho travando com essas pessoas um debate muito sério que tornou-se quase que de uma convivência impossível. Senti que não tinha condições para que me mantivesse a frente desse processo", revelou. O ex-governador contou ainda que partiu dele a sugestão para que Simon assumisse a candidatura. "Ele sempre foi fiel a tese da candidatura própria e não tem o desgaste que eu tive", justificou.
Os líderes do PDT, deputado Miro Teixeira (RJ), e do PPS, Fernando Coruja (SC), estiveram presentes e sinalizaram que podem apoiar Simon. "Temos candidato lançado (Cristovam Buarque), mas assim como o PPS (cujo pré-candidato é Roberto Freire) temos esperança de apresentarmos uma candidatura única alternativa", disse Miro.
Em pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira, o senador peemedebista aparece com 2% de intenção de voto entre os eleitores ouvidos na sondagem.