Reportagem publicada este fim de semana pela revista Istoé apresenta cópia de um recibo referente a um depósito de R$ 507.134 feito pelo ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, por meio de sua empresa, ao empresário Marcos Valério de Souza, em setembro de 2002. O ministro alegou ontem que não sabia que o dinheiro havia sido depositado em conta de Valério.
A revista já havia abordado o assunto em reportagem publicada em outubro do ano passado, mas sem mostrar o comprovante do depósito feito pela Samos Participações, que pertence a Walfrido. Na época, o ministro disse que havia feito o pagamento de dívida a pedido de seu amigo pessoal, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O tucano confirmou a versão.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, no entanto, Walfrido negou depois que tivesse feito o depósito diretamente na conta do operador do mensalão. "A única coisa que eu fiz foi tirar R$ 500 mil, porque eu sou amigo dele, o Eduardo é um homem de bem. Na dificuldade que ele estava, ele me pediu uma ajuda. "E completou: "Ele (Azeredo) me falou que tinha uma dívida com o Cláudio Mourão (tesoureiro da campanha de Azeredo ao governo de Minas em 1998), que ele estava cobrando dele um dinheiro". O ministro também assegurou que não tinha conhecimento da participação de Valério na operação.
O dinheiro, segundo ele, fazia parte de uma dívida de campanha do tucano no valor de R$ 700 mil que Mourão havia lhe pedido para pagar. Ainda em outubro, Azeredo disse que o dinheiro foi devolvido a Valério após a concretização do empréstimo tomado por Walfrido.
Segundo Istoé, os R$ 700 mil teriam sido pagos a Valério, em troca do silêncio do tesoureiro, que ameaçava contar todo o esquema do caixa dois tucano em Minas. De acordo com a reportagem, Valério teria levantado recursos para a campanha de Azeredo a pedido do próprio Walfrido, que teria sido um dos responsáveis por administrar o caixa dois da campanha de 1998, versão que o ministro nega.