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DEPUTADA BOLSONARISTA
Congresso em Foco
3/6/2025 | Atualizado às 17:08
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil. Em entrevista à rádio bolsonarista Auri Verde, a parlamentar afirmou que está na Europa e que pretende pedir licença do seu mandato na Câmara dos Deputados.
"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias, eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo", disse. "Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia. Estou muito tranquila em relação a isso", completou a parlamentar, que está condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal.
Assista:
Além do tratamento médico, Zambelli disse que vai viajar pelo continente europeu para denunciar a autoridades o que chamou de "distorções na realidade brasileira". "Me cansei de ficar calada, me cansei de não atender meu público. Nosso país não tem condições de abarcar pessoas que querem falar tanto quanto eu", declarou. "Aqui fora eu posso falar: nossas urnas não são confiáveis", reforçou a deputada, sem apresentar qualquer indício de irregularidade.
A declaração é feita semanas após Zambelli ter sido condenada pelo Supremo a 10 anos de prisão por invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A 1ª Turmo do STF determinou ainda a perda do mandato parlamentar (a ser formalizada pela Câmara após o trânsito em julgado), a inelegibilidade da deputada e o pagamento de R$ 2 milhões em indenizações por danos morais e coletivos.
Em 14 de maio de 2025, a 1ª Turma do STF condenou Zambelli por unanimidade pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da invasão aos sistemas do CNJ, com o objetivo de forjar falsos mandados de prisão e alvarás de soltura, inclusive contra o ministro Alexandre de Moraes.
O ataque foi executado pelo hacker Walter Delgatti Neto, que declarou ter agido sob ordens da deputada. Delgatti foi condenado a oito anos e três meses de prisão.
Além dessa condenação, Zambelli enfrenta um segundo processo no STF relacionado ao episódio em que sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. Neste caso, o placar está em seis votos a zero pela condenação a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto, mas o julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro Nunes Marques.
Estes não são os únicos problemas judiuciais dela. Zambelli também teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) em 30 de janeiro de 2025, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha de 2022. A inelegibilidade é de oito anos após o cumprimento da pena.
Recurso e defesa
A deputada apresentou recurso ao STF contestando a condenação, alegando cerceamento de defesa e pedindo revisão das penas e das multas, que somam cerca de R\$ 4,8 milhões. Paralelamente, a defesa estuda a possibilidade de solicitar que a pena seja cumprida em prisão domiciliar, alegando problemas de saúde. "Eu não sobreviveria na cadeia", declarou Zambelli.
Ela também lançou uma campanha de arrecadação via Pix, alegando que foi condenada por "lutar pelas liberdades" e "sem ter cometido crime".
Após a condenação, Zambelli tem articulado formas de manter sua influência política. Na última quinta-feira (29), anunciou que sua mãe, Rita Zambelli, será pré-candidata a deputada federal em 2026. Além disso, o filho da deputada, de 17 anos, deverá ser lançado como candidato à Câmara Municipal de São Paulo em 2028. "Minha mãe é minha candidata a deputada federal no próximo ano, justamente para dar continuidade a essa luta que é de toda a nossa família", afirmou em comunicado. "Meu filho também dará seguimento a esse legado, assegurando que minha luta não seja esquecida, caso, de fato, eu venha a ser calada pelo sistema."
Zambelli também transferiu oficialmente a titularidade de suas redes sociais para a mãe, argumentando que poderá ser silenciada se a inelegibilidade se confirmar. Apenas no Instagram, seus perfis somam 3,7 milhões de seguidores.
Na entrevista, Zambelli citou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também deixou o Brasil e se licenciou do cargo:
"Tem essa possibilidade da Constituição. Acho que as pessoas conhecem um pouco mais essa possibilidade hoje em dia porque foi o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também." Diferentemente de Zambelli, Eduardo Bolsonaro não tem condenação criminal no Supremo. Até o momento, a defesa da deputada não confirmou o local exato para onde ela viajou. O advogado Daniel Bialski disse ao Congresso em Foco que foi informado apenas que a deputada viajaria ao exterior para tratamento médico.
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