Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
ESTADOS UNIDOS
Congresso em Foco
6/6/2025 9:01
O que começou como uma parceria poderosa entre Donald Trump e Elon Musk, o presidente mais poderoso do mundo e um dos três homens mais ricos do planeta, se transformou em um conflito público de grandes proporções. Bilhões de dólares estão em jogo, e acusações graves também.
Os dois agendaram uma conversa por telefone nesta sexta-feira (6), que poderá acalmar os ânimos, ou tornar o confronto ainda mais explosivo.
Como começou a crise?
Nos últimos anos, o presidente dos Estados Unidos e o empresário sul-africano mantiveram uma relação de amizade e interesses mútuos. O bilionário chegou a investir US$ 300 milhões para ajudar na reeleição do republicano e ocupava um cargo especial no governo, com acesso direto à Casa Branca.
A relação começou a ruir com a aprovação do "One Big Beautiful Bill", o controverso projeto orçamentário de Trump. Além de promover cortes em programas sociais, a proposta elimina subsídios para veículos elétricos, o que afeta diretamente a Tesla, de Musk, e aumenta o déficit público dos EUA.
Musk reagiu publicamente, dizendo que o projeto criaria um déficit de US$ 2,5 trilhões e chamou a proposta de "abominação repugnante". Trump respondeu ameaçando cortar contratos federais com as empresas de Musk, como a Tesla e a SpaceX.
A escalada do conflito
A troca de ataques se intensificou nessa quinta-feira.
"A maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso Orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk. Sempre me surpreendi que Biden não tenha feito isso!", afirmou Trump, referindo-se às parcerias da administração federal com companhias como a SpaceX.
O presidente norte-americano também afirmou que "mandou Musk embora" do governo porque ele o estava "irritando". "Eu pedi para ele ir embora, tirei seu mandato dos carros elétricos que forçava todo mundo a comprar carros elétricos que ninguém mais queria (e ele sabia há meses que eu faria isso!), e ele simplesmente FICOU LOUCO!", escreveu.
Trump disse ainda estar "muito decepcionado" com Musk. O empresário respondeu no X: "Sem mim, Trump teria perdido a eleição. Quanta ingratidão."
Depois, Musk lançou uma acusação ainda mais pesada: disse que Trump estaria "nos arquivos de Epstein", referência ao caso do pedófilo condenado Jeffrey Epstein. O empresário sul-africano se refere a uma lista secreta de figuras poderosas envolvidas nos crimes de Epstein. Não há, até o momento, evidências concretas de que tal lista exista, como apontou a repórter investigativa Julie K. Brown, do Miami Herald, que há anos cobre o caso.
Além disso, Musk chegou a ameaçar suspender as cápsulas Dragon, que são essenciais para o programa espacial dos EUA, mas acabou recuando.
Por que isso é importante?
A crise entre Trump e Musk não é apenas uma briga de egos. Ela expõe um conflito mais profundo entre o setor corporativo de alta tecnologia e a nova agenda fiscal e política do governo Trump.
O projeto aprovado no Congresso inclui:
Analistas apontam que a proposta reforça desigualdades e agrava a dívida pública, além de consolidar uma agenda ideológica conservadora.
O que Musk tem a perder?
O império de Musk (Tesla, SpaceX, Starlink e outras empresas) depende de mais de US$ 38 bilhões em contratos com o governo dos EUA. A reação do mercado foi imediata: as ações da Tesla caíram 14% em um único dia, apagando cerca de US$ 150 bilhões em valor de mercado.
Além disso, o bilionário, que antes apoiava candidatos pró-Trump, agora ameaça financiar campanhas contra republicanos que votaram a favor do projeto: "Em novembro do ano que vem, demitiremos todos os políticos que traíram o povo americano", disse.
Segundo as últimas projeções da Bloomberg Billionaires Index e da Forbes, a fortuna de Musk gira em torno de US$ 210 bilhões a US$ 220 bilhões. Ele costuma disputar com Bernard Arnault (LVMH) e Jeff Bezos (Amazon) o posto de homem mais rico do mundo, a liderança muda conforme o mercado oscila.
Qual é o cenário agora?
A tensão segue alta. Trump afirma que Musk "conhecia todos os aspectos" do projeto e só passou a criticar após deixar o governo. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que o presidente não pretende recuar.
Analistas consideram que o rompimento era previsível, já que tanto Trump quanto Musk têm personalidades fortes e avessas à diplomacia.
Aliados de Trump passaram ao ataque. Steve Bannon, ex-estrategista da Casa Branca, declarou ao New York Times que o presidente deveria abrir uma investigação contra Musk e sugeriu que o sul-africano é "um estrangeiro ilegal" que deveria ser deportado.
Bannon também defendeu que os Estados Unidos cancelassem todos os contratos com Musk e até "tomassem a SpaceX". Musk reagiu chamando Bannon de "retardado" no X.
Agora, a pergunta que paira sobre Washington é: o telefonema desta sexta-feira servirá para reduzir a crise, ou para jogá-la ainda mais no centro da política americana?
(Com informações do Washington Post, da BBC e da Reuters)
Leia ainda: Big, beautiful e brutal, o orçamento MAGA 2025, por Gisele Agnelli
LEIA MAIS
Prêmio Congresso em Foco 2025
Última parcial! Veja os mais votados do Prêmio Congresso em Foco 2025
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Contrariando Hugo Motta, comissão se reúne e aprova moção a Bolsonaro
Crise internacional
Senadora culpa Eduardo Bolsonaro por tornozeleira no pai: "Moleque"
Soberania nacional
Bolsonaro agora é alvo de lei que ele mesmo sancionou em 2021