Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
O INTERMEDIÁRIO
Congresso em Foco
22/8/2025 18:30
A política brasileira tem a estranha capacidade de repetir tramas, apenas trocando os protagonistas. O capítulo mais recente envolve o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que procurou o ministro Gilmar Mendes, do STF, a pedido de Jair Bolsonaro.
Dias atrás, já circulava na imprensa a informação de que "ministros do Supremo" haviam sido procurados, mas a história esbarrou em negativas públicas e ficou suspensa no ar. Só agora, com a divulgação de áudios da PF, veio a confirmação indireta: em conversa, o pastor Silas Malafaia revela que a missão partiu do próprio Bolsonaro, que escalou Tarcísio para falar justamente com Gilmar Mendes.
Ouça o áudio em que Malafaia fala sobre o assunto:
O episódio ecoa um caso de 2012. Naquele ano, o ex-ministro do Supremo Nelson Jobim abriu seu escritório em Brasília para um encontro reservado entre Lula e o mesmo Gilmar Mendes. A reunião deveria permanecer discreta, mas acabou estampada na revista Veja. O que se disse, à época, é que Lula buscara adiar o julgamento do mensalão - versão que deixou Gilmar "perplexo" e que nunca foi confirmada por Lula ou por Jobim.
De volta a 2025, o diálogo entre Malafaia e Bolsonaro mostra outra vez uma tentativa de mediação em torno de um ex-presidente pressionado pelo Judiciário. Malafaia, em tom de cobrança, recorda a Bolsonaro: "Você podia até defender Tarcísio, porque foi você que mandou Tarcísio na embaixada ir falar com o Gilmar. Agora, você queimar seu garoto, aí não". O registro integra o relatório da PF que indiciou pai e filho por coação no processo sobre a trama golpista.
Curiosamente, a notícia de que Tarcísio teria atuado como emissário surgiu, de maneira repentina, na coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Como manda o bom jornalismo, a fonte não foi revelada.
O paralelo com o caso atual é inevitável. Assim como Lula em 2012, Bolsonaro recorreu a um aliado de peso para levar recados ao mesmo ministro. E, mais uma vez, o resultado foi o oposto do desejado: a movimentação que deveria permanecer restrita ao círculo político acabou estampada na imprensa, constrangendo o emissário e expondo o pedido como impraticável.
A permanência de Gilmar Mendes como figura central reforça a ideia de que certos papéis não mudam na política brasileira. O enredo se repete com protagonistas diferentes, mas com a mesma lógica: quando presidentes ou ex-presidentes se veem acuados, é a Gilmar que recorrem.
Em 2012, Jobim foi o anfitrião do encontro que deixou Lula em maus lençóis.
Em 2025, Tarcísio assumiu, ainda que a contragosto, o posto de intermediário de Bolsonaro.
Ambos ficaram marcados por aceitar uma missão impossível - e por ver o episódio ganhar vida própria no noticiário. O que, aliás, não deixa de ser saudável - afinal, nada ilumina melhor do que a luz do sol.
MELHORES PARLAMENTARES
Revelados os vencedores do Prêmio Congresso em Foco; veja quem ganhou
Caso Zambelli
MOVIMENTAÇÃO SUSPEITA
Bolsonaro recebeu R$ 44 milhões desde 2023, aponta relatório da PF
RELATÓRIO DA POLÍCIA FEDERAL
Eduardo ataca Tarcisio e xinga Bolsonaro: "VTNC, seu ingrato do c..."
MENSAGENS COMPROMETEDORAS
Malafaia chama Eduardo de "babaca" e "estúpido de marca maior"