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"Baixo nível"
Congresso em Foco
16/10/2025 | Atualizado às 8:43
Durante evento no Rio de Janeiro em comemoração ao Dia dos Professores, Lula fez críticas contundentes ao Parlamento, afirmando que o Congresso "nunca teve a qualidade de baixo nível que tem agora".
A declaração, dirigida diante do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), presente na solenidade a convite de Lula (!), gerou desconforto entre autoridades, que consideraram o tom do discurso pouco alinhado ao princípio constitucional da harmonia entre os Poderes.
A crítica presidencial surgiu após um episódio de vaias a Motta, quando o público, hostil ao deputado, entoou o coro "sem anistia", em referência ao projeto de lei que tramita na Câmara e pode beneficiar condenados por atos antidemocráticos.
Ao perceber o constrangimento, Lula foi gentil e caminhou até Motta, permanecendo ao seu lado até o fim da fala.
Em seguida, porém, Lula usou o microfone para disparar contra o próprio Congresso, atribuindo a ele "o pior nível de qualidade já visto". Também alfinetou setores da direita e mirou novamente na família Bolsonaro.
Criticar adversários políticos é parte do jogo democrático - e Lula sempre jogou bem nesse campo. O que surpreendeu, contudo, foi o alvo coletivo: o Parlamento como instituição. E quando a crítica deixa de mirar ideias ou práticas específicas e passa a atingir o Poder em si, o discurso sai do terreno da disputa política e pisa nas bordas da institucionalidade.
As declarações geraram reação no meio político e foram vistas como um gesto que tensiona a relação entre os Poderes. Embora críticas entre Executivo e Legislativo façam parte do jogo democrático, quando dirigidas de forma ampla ao Parlamento como instituição, tendem a acentuar o clima de distanciamento político.
A Constituição estabelece que os Poderes da República são independentes e harmônicos entre si, princípio considerado essencial para a estabilidade do regime democrático. O próprio Lula, com longa trajetória política, conhece a importância desse equilíbrio e costuma enfatizar o diálogo como ferramenta de governo.
Tal harmonia não é mero ornamento jurídico, mas condição de sobrevivência do regime. Como lembrava Rui Barbosa, "a pior ditadura é a do Poder que se julga único". O dissenso, por mais incômodo que seja, é o preço da liberdade. É da controvérsia que nasce a luz, ensinava o filósofo, e não da unanimidade imposta.
O episódio desta quarta-feira deixa uma lição que vai além da conjuntura: o chefe de um Poder, ao criticar outro, corre o risco de ofuscar a grandeza de seu próprio cargo.
O verbo presidencial, mais do que ecoar paixões, deve consolidar pontes. Afinal, como advertiu Montesquieu em seu "Espírito das leis": "tudo estaria perdido se o mesmo homem exercesse o poder de fazer as leis, o de executá-las e o de julgar os crimes".
No fim do evento, o presidente retomou a agenda positiva, anunciando o programa Mais Professores e o lançamento da Carteira Nacional Docente do Brasil (CNDB), que dará benefícios a educadores em todo o país.
Entre gestos de cordialidade e discursos firmes, o evento terminou com aplausos, mas também com reflexões sobre os limites do embate político e a necessidade de preservar o diálogo institucional - lição oportuna para um Dia do Professor.
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