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EDUCAÇÃO
Congresso em Foco
4/11/2025 | Atualizado às 14:24
O Sistema Nacional de Educação (SNE), sancionado pelo presidente Lula e publicado no Diário Oficial da União nessa terça-feira (3), cria uma nova estrutura de coordenação para o ensino no país. A proposta é transformar a forma como o Brasil planeja, financia e executa suas políticas públicas de educação.
Inspirado no Sistema Único de Saúde (SUS), o SNE pretende articular de forma permanente a cooperação entre União, estados, Distrito Federal e municípios, estabelecendo padrões mínimos de qualidade e garantindo igualdade de oportunidades para todos os estudantes, independentemente da região onde vivem.
Veja a íntegra da lei complementar.
A sanção da lei ocorre com quase uma década de atraso. O Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014 previa que o sistema estaria implementado até 2016. Ainda assim, a criação do SNE é considerada um marco histórico, ao atacar um dos maiores desafios da educação brasileira: a fragmentação das políticas entre as diferentes esferas de governo.
Um "SUS da educação"
O SNE funciona como um grande pacto federativo na área educacional. Sua missão é organizar a colaboração entre os entes da federação, definindo responsabilidades, metas e mecanismos de gestão compartilhada.
Na prática, União, estados e municípios passam a planejar em conjunto as políticas do setor, algo inédito em escala nacional. As ações, os programas e os investimentos deverão seguir instrumentos comuns de planejamento e monitoramento, reduzindo a sobreposição de esforços e ampliando a eficiência.
De acordo com a Lei Complementar 220/2025, o sistema deve assegurar "planejamento articulado, equidade no financiamento e qualidade no ensino em todos os níveis e modalidades".
"O SNE consolida o pacto federativo da educação. Ele organiza o país em torno de metas comuns e cria condições reais para que todas as crianças e jovens tenham acesso a um ensino de qualidade, independentemente do CEP", afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana, ao sancionar a lei.
De acordo com o deputado Rafael Brito (MDB-AL), presidente da bancada da Educação e relator do SNE na Câmara, o novo sistema traz grandes avanços para a área, especialmente no que diz respeito à cooperação entre os entes. "Além disso, a criação da Infraestrutura Nacional de Dados da Educação, inserida no texto ainda na Câmara dos Deputados, oferece para a educação a possibilidade de acompanhar toda a jornada do estudante, possibilitando um melhor desenho das políticas públicas. É a base para um futuro educacional mais justo e inclusivo", afirmou.
Como o sistema vai funcionar
A lei estabelece um modelo de governança em três pilares - planejamento, cooperação e avaliação - que orientará toda a estrutura do SNE.
Essa estrutura tecnológica será a espinha dorsal do sistema, permitindo cruzar indicadores de desempenho, evasão escolar, matrículas e investimentos. O CPF passará a ser o Identificador Nacional Único do Estudante (Inue), o que possibilitará acompanhar a trajetória escolar de cada aluno ao longo de toda a vida.
Novas instâncias de decisão
Para viabilizar essa coordenação, o SNE cria duas instâncias permanentes de pactuação:
Essas comissões devem ser criadas em até 90 dias, com composição paritária e deliberações públicas e registradas.
Padrões de qualidade e financiamento
O SNE também define padrões nacionais mínimos de qualidade para todas as etapas de ensino.
Na educação básica, esses parâmetros incluem:
Esses critérios servirão de base para o cálculo do Custo Aluno-Qualidade (CAQ), indicador que define o valor mínimo de investimento necessário por estudante para garantir uma educação de qualidade. O CAQ orientará repasses da União e complementações do Fundeb, promovendo maior equilíbrio entre as redes de ensino.
Princípios e eixos estruturantes
O SNE se apoia em 12 princípios - entre eles, autonomia federativa, equidade, valorização dos profissionais da educação, gestão democrática e transparência - e em cinco funções integradoras que norteiam sua execução:
Participação social ampliada
O novo sistema também fortalece os mecanismos de controle social. Fóruns e conferências de educação passam a ter status de instâncias formais de acompanhamento e deliberação.
O Fórum Nacional de Educação (FNE), retomado sob coordenação do MEC, será o espaço central de debate e de avaliação das metas do PNE. A lei determina que conferências nacionais, estaduais e municipais ocorram a cada quatro anos, reunindo gestores, professores, estudantes e representantes da sociedade civil.
Educação indígena e quilombola
Um dos avanços do texto é o reconhecimento da educação indígena e quilombola como parte do sistema, com suas próprias formas de organização, idiomas e práticas culturais.
A lei estabelece que a oferta deve ser bilíngue, diferenciada e intercultural, e que toda decisão sobre essas modalidades deve ser precedida de consulta prévia, livre e informada, conforme a Convenção 169 da OIT.
Avanços e desafios
A sanção do SNE foi amplamente comemorada por especialistas e entidades educacionais, mas acompanhada de ressalvas.
Entre os avanços:
Entre os desafios:
O SNE é descrito por especialistas como a "coluna vertebral" da educação brasileira. Ele fornece as bases legais e institucionais para um planejamento de longo prazo, mas sua eficácia dependerá de como os governos vão colocá-lo em prática.
"O SNE é o mapa, não o destino. Ele define o caminho, mas sua efetividade dependerá de como União, estados e municípios vão percorrê-lo juntos", avaliou a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães de Castro.
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