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PAUTA-BOMBA
Congresso em Foco
25/11/2025 | Atualizado às 9:44
O governo federal subiu o tom contra o projeto de lei complementar 185/2024, que cria regras especiais de aposentadoria para agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate às endemias (ACE). A proposta deve ser votada nesta terça-feira (25) no Senado, após ter sido incluída na pauta pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
O ministro interino da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que, se o Senado aprovar o texto, o governo recomendará veto do presidente Lula. E, caso o Congresso derrube o veto, o Planalto recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Se uma matéria desse tipo, com esse tamanho de impacto, avançar, seremos obrigados a fazer o veto. E se o veto cair, seremos obrigados a ir ao Supremo para restabelecer o cumprimento das regras fiscais", disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
A fala ocorreu durante entrevista coletiva sobre o relatório bimestral de receitas e despesas. Segundo o ministro interino, o projeto tem "impacto muito grande nos cofres públicos" e "não deveria ser aprovado sem amplo debate". Ele responde pela pasta até a chegada do titular, Fernando Haddad, que está em viagem internacional. Haddad deve chegar a Brasília nesta terça-feira (25).
Impacto bilionário preocupa a equipe econômica
De acordo com estimativas preliminares do Ministério da Previdência, a proposta pode gerar um custo de R$ 24,72 bilhões em dez anos, somando gastos do regime próprio (servidores concursados) e do INSS. Técnicos do Congresso apontam impacto semelhante: R$ 11 bilhões apenas nos três primeiros anos, caso uma PEC de conteúdo próximo também avance.
Durigan evitou confirmar números e disse ter pedido projeções detalhadas ao Ministério da Previdência, à Casa Civil e à equipe econômica. Mesmo sem estimativa consolidada, o ministro reforçou o apelo. "É preciso fazer esse questionamento até o fim. Este projeto é ruim do ponto de vista fiscal e econômico."
Tensão política entre Planalto e Senado
Nos bastidores, a inclusão do projeto na pauta é interpretada como movimento político de Alcolumbre após Lula indicar Jorge Messias ao Supremo. O senador defendia que o escolhido fosse Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A decisão do presidente do Senado pegou o governo de surpresa. O projeto já passou por duas comissões - Assuntos Econômicos (CAE) e Assuntos Sociais (CAS) - e agora está pronto para votação em plenário.
O que faz um ACS e um ACE
Os profissionais são parte essencial da estrutura do SUS:
Ambas as categorias trabalham em condições de exposição a riscos biológicos e ambientais, o que motiva a demanda histórica por uma aposentadoria diferenciada.
O que o projeto muda
O texto propõe um regime muito mais vantajoso do que o vigente, com regras unificadas para todos os agentes do país, independentemente do vínculo municipal ou estadual.
1. Aposentadoria com integralidade e paridade
Hoje, a imensa maioria dos agentes se aposenta pelo INSS, recebendo:
Se o PLP for aprovado, os agentes poderão se aposentar:
Trata-se de um modelo praticamente extinto após a reforma da Previdência de 2019 e muito raro no serviço público atual.
Por que o governo é contra
O Ministério da Fazenda afirma que o projeto:
Durigan destacou que medidas recentes aprovadas pelo Congresso sem previsão de receita já levaram o governo ao STF para contestação, e que o mesmo deve ocorrer se essa proposta avançar.
O que acontece agora
O Senado deve votar o texto ainda hoje. Se aprovado:
o projeto vai à sanção presidencial;
Lula deve vetar parcialmente ou integralmente o PLP, seguindo orientação da Fazenda;
se o Congresso derrubar o veto, o governo ingressará com ação no STF.
O Planalto tenta, até a votação, convencer senadores a retirar o projeto de pauta ou adiar a análise para permitir negociação e revisão do impacto fiscal.
Enquanto isso, agentes de saúde pressionam pela aprovação, afirmando que desempenham funções essenciais e arriscadas - e que o reconhecimento previdenciário é uma reivindicação histórica.
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