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Congresso em Foco
23/10/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:31
![Tributos [fotografo] Pixabay [/fotografo] Tributos [fotografo] Pixabay [/fotografo]](https://static.congressoemfoco.com.br/2020/07/money-2724248_1280.jpg) 
 
 De toda forma, a tarefa que se impõe é enfrentar o cenário de trabalho-zero, fome, desabrigo e desalento. É necessário introduzir um programa de renda básica que substitua a falta de salário. O sistema de proteção social brasileiro deve ser aperfeiçoado no sentido de que o Estado garanta uma renda universal aos pobres, aos trabalhadores com inserção precária, aos desempregados, desalentados e subutilizados. O formato atual do programa Bolsa Família contém em si os elementos fundantes para o desenho de novo programa dessa natureza.
A questão que se coloca é como financiar o novo programa. Nessa busca por recursos, o governo segue a cartilha secular das classes dominantes de tirar dos pobres para dar aos ricos e aos paupérrimos, eliminando-se da agenda a alternativa de tributar as altas rendas e riquezas e acabar com os privilégios fiscais. A recorrente "chibata" fiscal no lombo dos pobres tem se repetido agora, com as "alternativas" apresentadas pelo governo para financiar o novo programa com os escombros do abono salarial, seguro-defeso, salário-família, Farmácia Popular e Benefício de Prestação Continuada, além do congelamento das aposentadorias, a restrição do acesso ao seguro-desemprego e a captura de recursos da educação básica. São ardis mirabolantes e bizarros para poupar os super-ricos de qualquer responsabilidade com o país. Não há limites para a acumulação de dinheiro e poder nas mãos dessa classe cobiçosa e mesquinha, como apontou Darcy Ribeiro.
Apenas entre 2019 e 2020 a fortuna acumulada dos bilionários brasileiros ranqueados pela Forbes aumentou em cerca de R$ 400 bilhões. O paradoxo é que o sistema tributário brasileiro possui diversos mecanismos que isentam de tributação as camadas de altas rendas e grande parte das rendas do capital. A isenção da tributação de lucros e dividendos distribuídos aos sócios e acionistas é um desses mecanismos. Por conta desses dispositivos, as camadas de alta renda têm quase 70% dos seus rendimentos isentos de tributação. Somos lanternas globais na tributação de renda e o patrimônio e um dos campeões mundiais na tributação do consumo, o que penaliza as camadas mais pobres, e tributamos pouco o patrimônio e a riqueza.
Mas há alternativas. O estudo "Tributar os super-ricos para reconstruir o país" apresenta oito medidas prioritárias de tributação das altas rendas e dos altos patrimônios que podem gerar recursos adicionais da ordem de R$291,8 bilhões por ano, pela taxação maior de cerca de 600 mil contribuintes de alta renda que representam 0,3% da população brasileira. São recursos mais que suficientes para enfrentar o cenário de salário-zero e financiar um amplo e vigoroso programa de renda básica, reduzindo substancialmente a vergonhosa desigualdade de renda no Brasil.
*Charles Alcantara é presidente da Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital). 
**Eduardo Fagnani é professor colaborador do Instituto de Economia da Unicamp.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
De toda forma, a tarefa que se impõe é enfrentar o cenário de trabalho-zero, fome, desabrigo e desalento. É necessário introduzir um programa de renda básica que substitua a falta de salário. O sistema de proteção social brasileiro deve ser aperfeiçoado no sentido de que o Estado garanta uma renda universal aos pobres, aos trabalhadores com inserção precária, aos desempregados, desalentados e subutilizados. O formato atual do programa Bolsa Família contém em si os elementos fundantes para o desenho de novo programa dessa natureza.
A questão que se coloca é como financiar o novo programa. Nessa busca por recursos, o governo segue a cartilha secular das classes dominantes de tirar dos pobres para dar aos ricos e aos paupérrimos, eliminando-se da agenda a alternativa de tributar as altas rendas e riquezas e acabar com os privilégios fiscais. A recorrente "chibata" fiscal no lombo dos pobres tem se repetido agora, com as "alternativas" apresentadas pelo governo para financiar o novo programa com os escombros do abono salarial, seguro-defeso, salário-família, Farmácia Popular e Benefício de Prestação Continuada, além do congelamento das aposentadorias, a restrição do acesso ao seguro-desemprego e a captura de recursos da educação básica. São ardis mirabolantes e bizarros para poupar os super-ricos de qualquer responsabilidade com o país. Não há limites para a acumulação de dinheiro e poder nas mãos dessa classe cobiçosa e mesquinha, como apontou Darcy Ribeiro.
Apenas entre 2019 e 2020 a fortuna acumulada dos bilionários brasileiros ranqueados pela Forbes aumentou em cerca de R$ 400 bilhões. O paradoxo é que o sistema tributário brasileiro possui diversos mecanismos que isentam de tributação as camadas de altas rendas e grande parte das rendas do capital. A isenção da tributação de lucros e dividendos distribuídos aos sócios e acionistas é um desses mecanismos. Por conta desses dispositivos, as camadas de alta renda têm quase 70% dos seus rendimentos isentos de tributação. Somos lanternas globais na tributação de renda e o patrimônio e um dos campeões mundiais na tributação do consumo, o que penaliza as camadas mais pobres, e tributamos pouco o patrimônio e a riqueza.
Mas há alternativas. O estudo "Tributar os super-ricos para reconstruir o país" apresenta oito medidas prioritárias de tributação das altas rendas e dos altos patrimônios que podem gerar recursos adicionais da ordem de R$291,8 bilhões por ano, pela taxação maior de cerca de 600 mil contribuintes de alta renda que representam 0,3% da população brasileira. São recursos mais que suficientes para enfrentar o cenário de salário-zero e financiar um amplo e vigoroso programa de renda básica, reduzindo substancialmente a vergonhosa desigualdade de renda no Brasil.
*Charles Alcantara é presidente da Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital). 
**Eduardo Fagnani é professor colaborador do Instituto de Economia da Unicamp.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
 
 
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