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Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Edson Sardinha
14/3/2020 | Atualizado às 12:42
Rosangela Lyra: "Tudo tem de ser apurado". Foto: Reprodução/Youtube[/caption]
Fundadora do movimento Política Viva, do qual Bebianno participava, a empresária Rosangela Lyra defende que haja uma investigação sobre as circunstâncias da morte do ex-ministro. "Temos de ver o que aconteceu. Tudo tem de ser apurado muito em função das mensagens que ele mencionava nas entrevistas. Ficamos pensativos, até pelo momento político do país. Escuta-se falar muito de queima de arquivo, de que existem várias formas de matar alguém", afirmou Rosangela ao Congresso em Foco.
Vice-presidente do PSL, o deputado Junior Bozzella (SP) disse que ainda não conversou com familiares do ex-ministro, mas considera importante que sejam tomadas todas as providências para esclarecer o episódio. "Ele era um arquivo vivo, a pessoa mais próxima de Bolsonaro na campanha. A mim nunca me confidenciou nada. Sempre foi muito republicano e não fazia ilações. Mas é natural que agora surja todo tipo de especulação", observou.
"Quando se trata de política, poder, interesse, tudo tem de ser analisado. Crimes políticos não são raridade no Brasil. Quando há divergências emblemáticas, como no caso dele, é natural que terceiros queiram aprofundar as circunstâncias da morte", completou o deputado, porta-voz do grupo do presidente do PSL, Luciano Bivar, que faz oposição à ala bolsonarista.
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Entusiasmo com candidatura
Rosangela e Bozzella contam que perceberam um Bebianno entusiasmado nos últimos contatos. "Ele estava empolgado com a candidatura no Rio, buscando alianças. Isso estava dando combustível para ele. Estava bem focado e convicto de que poderia provocar um processo de transformação. Eu acreditava muito nele", disse o deputado.
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Bozzella: "Quando se trata de política, poder, interesse, tudo tem de ser analisado". Foto: Divulgação/Junior Bozzella[/caption]
A líder do movimento Política Viva também guarda a mesma lembrança. "Ficava impressionada como ele era doce, educado e gentil naquele corpão. Estava tão entusiasmado com a campanha no Rio. Chorei por ele ser tão jovem, um atleta. Temos de ver o que aconteceu", afirmou Rosangela. Segundo ela, o seu contato com o advogado era mais virtual do que pessoal e se intensificou com sua chegada ao grupo que fundou para discutir práticas de renovação política.
Bebianno presidiu o PSL durante a campanha de Jair Bolsonaro ao Planalto em 2018, a pedido do então candidato. Considerado homem de confiança do presidente, foi o primeiro grande aliado com quem Bolsonaro rompeu após assumir o mandato. Sua permanência no cargo não chegou a dois meses. Foi demitido por influência do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente. Carlos via no então ministro o maior obstáculo para sua estratégia de controlar a comunicação do pai. Ele acusava o ex-presidente do partido de tramar contra Bolsonaro. Bebianno deixou o governo e, desde então, havia se tornado forte crítico do presidente.
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Material guardado
Em dezembro do ano passado, Gustavo Bebianno afirmou em entrevista à Jovem Pan que havia deixado material sobre Bolsonaro no exterior caso acontecesse alguma coisa com ele. "Se o presidente acha que eu tenho medo dele, ele está enganado. Eu sou tão ou mais homem que ele. Tenho um material, sim, e fora do Brasil. Tenho muita coisa e não tenho medo. Uma vez o presidente disse que eu voltaria para minhas origens, mas minha origem é muito boa", afirmou. Também disse à revista Veja que havia mandado material para que amigos só revelassem após sua morte.
No minuto 31 da entrevista à Jovem Pan, Bebianno diz ter material guardado sobre o presidente:
Nos bastidores do programa de televisão Roda Viva, do qual participou no último dia 2, Bebianno relatou ter medo de falar tudo o que sabia sobre os atos que envolvem Bolsonaro. Pressionado por jornalistas, fora do ar, respondeu: "Está vendo aquele ali [apontando para o seu filho]? É o meu único segurança", afirmou. O jovem era o único na plateia de convidados de Bebianno.
No programa, o ex-ministro contou ter estreitado o relacionamento com Bolsonaro em meados de 2017 e apontou a facada sofrida pelo presidente durante a campanha como um divisor de águas no "grau de loucura" e no aumento de teorias de conspiração dentro do Planalto. Segundo ele, a família do presidente trata como traidores todos aqueles que fazem crítica à sua atuação.
Entrevista concedida pelo ex-ministro há duas semanas ao Roda Viva:
Tentativa de golpe
Em outubro, o ex-ministro deu entrevista exclusiva ao Congresso em Foco que gerou grande repercussão. Entre outras coisas, disse que Bolsonaro deixou o poder subir à cabeça, abandonou suas promessas de campanha para proteger e favorecer os filhos, cercou-se de "loucos" e fazia uma gestão marcada pelo autoritarismo, pelo "desarranjo mental", pela irresponsabilidade e pelo "desgoverno".
O ex-ministro afirmou, na ocasião, acreditar que o desfecho da passagem de Bolsonaro pelo Palácio do Planalto será mais uma página triste da história política brasileira: ou ele renunciará, ou sofrerá impeachment ou, na hipótese mais grave, tentará uma ruptura institucional, um golpe de Estado. "Não acredito que ele conseguiria consolidar uma ruptura institucional, mas tudo indica que ele vai tentar. É muito preocupante. Uma simples tentativa pode gerar muito derramamento de sangue. O Brasil não precisa disso. É um risco real", disse.
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Assassinato de miliciano
O nome de Bebianno foi parar na lista dos assuntos mais comentados do Twitter. Parte dos seguidores associava a morte do ex-ministro ao assassinato, em fevereiro, do ex-policial Adriano Nóbrega, apontado pelos investigadores como chefe da milícia Escritório do Crime. Ele estava foragido desde janeiro de 2019 e morreu durante uma operação policial no interior da Bahia. A morte dos dois foi citada como uma possível queima de arquivo.
Foragido desde janeiro de 2019, Nóbrega morreu durante uma operação policial no interior da Bahia. A trajetória de Nóbrega se cruzou com a da família Bolsonaro algumas vezes. O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) já fez homenagens ao ex-policial militar e empregou em seu gabinete a mãe e a mulher dele.
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Adriano Nóbrega foi morto em fevereiro. Estava foragido desde janeiro de 2019. Foto: Polícia Civil[/caption]
Quando era deputado, Bolsonaro também defendeu na Câmara a atuação do miliciano. As ligações vieram a público após a abertura de investigações sobre o esquema de rachadinha no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa e o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol).
Adriano era acusado de chefiar o grupo de assassinos profissionais aos quais estão ligados os principais suspeitos de participação no assassinato de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes. Também era suspeito de participar do esquema de apropriação indevida de salários de servidores do gabinete de Flávio na Alerj.
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