MPF vai investigar deputado bolsonarista que sugeriu queimar estudantes

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio Grande do Sul vai investigar o deputado federal bolsonarista Bibo Nunes (PL-RS). Em transmissão em suas redes sociais, o parlamentar disse que os estudantes de universidades federais mereciam ser "queimados vivos". "Ao cumprimentá-lo cordialmente, informamos que tramita nesta Procuradoria da República o expediente supra identificado, vocacionado a 'Apurar eventuais danos coletivos decorrentes de falas do Alcibio Mesquita Bibo Nunes, no qual são realizadas falas ofensivas a estudantes da Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Federal de Pelotas'", informa o despacho assinado nesta sexta-feira (21) pelos procuradores Bruna Pfaffenzeller e Enrico Rodrigues de Freitas. Confira o que disse o deputado: Em um discurso de ódio feito em live na última quinta-feira (20), Bibo atacou alunos da Universidade Federal de Santa Maria (UFMS), que protestavam contra o corte de verbas nas instituições de ensino superior. Santa Maria é a cidade gaúcha onde 242 pessoas, a maioria delas estudantes, morreram no incêndio da boate Kiss, em janeiro de 2013. O deputado acusou estudantes universitários de alimentarem o tráfico de drogas e armas. "Ser rico não é problema. Mas ser rico e não ter noção, ser uns coitadinhos [sic]. É o filme 'Tropa de Elite'. Sabe o quê que aconteceu lá? Olha o filme um. Pegaram aqueles riquinhos ajudando pobres, se deram mal, queimados vivos dentro de pneus. É isso que estes estudantes alienados filhos de papai que em grana merecem", declarou. O pedido de investigação contra o deputado bolsonarista foi feito pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o deputado Valdecir Oliveira (PT), e pelo radialista e ex-vereador Luciano Guerra (PT-RS), ainda nesta sexta-feira (21). Lideranças do Psol no Rio Grande do Sul também protocolaram, nesta sexta-feira (21), uma representação na Promotoria de Justiça Regional de Santa Maria contra o deputado. A representação solicitou que o deputado federal seja obrigado a pedir desculpas, nominalmente, a todas as coletividades ofendidas por seu pronunciamento. A representação do Psol foi assinada deputada federal Fernanda Melchionna (RS), juntamente com a deputada estadual Luciana Genro, o vereador Jurandir Silva, de Pelotas, e da liderança de Santa Maria, Alice Carvalho. O deputado Bibo Nunes tem um prazo de 10 dias para apresentar sua defesa. Confira o pedido de investigação: Atualização às 17h07 do dia 22/10/2022 - Posicionamento do deputado O deputado federal Bibo Nunes respondeu aos contatos do Congresso em Foco e afirmou que acha "natural que abram investigação". De acordo com o deputado, ele não teve a intenção de "queimar vivos os estudantes que protestava". "O que houve foi que me excedi com força de expressão, mas só se eu fosse louco para querer queimar uma pessoa viva. A guerra política cruel que vivemos, me colocou neste cenário absurdo", afirmou o parlamentar. Bibo destaca que se arrepende da fala, mas que em nenhum momento atacou "a honra ou dignidade de nenhum deputado, na tribuna da Câmara". "Quando falei do filme Tropa de Elite, onde queimam um estudante vivo, a intenção era chamar a atenção para que eles tenham consciência da realidade", contextualiza o deputado. O parlamentar reforça que é "contra política partidária nas universidades, tanto de esquerda como de direita" e pede desculpas a todas as pessoas que se sentiram atingidas pelas suas falas. "Quero a melhor Educação para o Brasil e estudantes em condições de ganharmos um prêmio Nobel, que até hoje não temos nenhum. Esse vídeo foi a pior coisa que fiz até hoje", conclui Bibo.