Diretor da CIA pediu para que Bolsonaro não questionasse sistema eleitoral do Brasil, diz agência

O diretor do Serviço de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) teria pedido a interlocutores do governo de Jair Bolsonaro que o presidente não levantasse dúvidas sobre a integridade das eleições no país antes de outubro, informou a agência de notícias Reuters nesta quinta-feira (5). O aviso, segundo a agência, foi feito por William Burns em uma reunião em julho de 2021. O diretor da inteligência é a autoridade de mais alto escalão dos EUA a ter se reunido em Brasília com os integrantes do Planalto desde a eleição de Joe Biden.  Na ocasião, Burns se encontrou com Jair Bolsonaro, com o ministro-chefe do Gabinete Institucional, o general Augusto Heleno, e com o então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, a quem o norte-americano disse que o processo democrático é sagrado, e que Bolsonaro não questioná-lo publicamente como vinha fazendo. Nos últimos meses, o presidente tem feito constantes ataques ao sistema eleitoral do Brasil e contestando a lisura do voto eletrônico, mesmo sem apresentar provas. Ele ainda defende o sistema de voto impresso, usado nas eleições norte-americanas. Semana passada, em seu mais recente ataque, o chefe do Executivo sugeriu que os militares deveriam conduzir sua própria contagem de votos, paralelamente ao tribunal eleitoral (TSE). Segundo a Reuters, Bolsonaro também foi alertado para uma possível crise institucional caso ele perdesse por uma margem pequena, com muita atenção voltada às Forças Armadas do Brasil, que governaram o país entre 1964 e 1985 durante uma ditadura militar celebrada por Bolsonaro.