Em pronunciamento na tribuna do Senado, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) declarou há pouco que só aceita se candidatar à presidência da Casa, conforme pedido feito ontem (6) por um grupo de 28 senadores, se tiver seu nome indicado pelo partido. Simon, no entanto, disse não acreditar que terá o apoio da bancada para a sucessão de
Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Eu sei que vou perder. Conheço o ambiente. Sei quem é quem”, disse o senador em referência ao grupo político do PMDB ligado a Renan e ao ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). “Eles não se identificam comigo, nem eu me identifico com eles”, ressaltou.
Simon defendeu que o novo presidente do Senado assuma uma postura de responsabilidade para que a Casa supere a atual crise política. Na avaliação dele, o próximo presidente deve ajudar o governo, mas com respeito à soberania dos três poderes. “Não pode ser uma candidatura que assuma a presidência do Senado para ser antigoverno. Não deve ser também uma candidatura de fidelidade canina ao governo”, afirmou.
Figura estranha
O senador gaúcho descartou qualquer possibilidade de lançar uma candidatura avulsa ou pela oposição para enfrentar o nome que vier a ser indicado pelo PMDB. “Se a bancada se reunir e me indicar candidato, aí serei candidato. Mas isso não vai acontecer. É o esquema que está aí:
Renan Calheiros,
Jader Barbalho, José Sarney. E Pedro Simon é uma figura estranha a isso”, reforçou.
O senador gaúcho também criticou o presidente Lula, que, segundo ele, estaria pressionando José Sarney a se lançar à sucessão de Renan. “A intromissão do Lula é um pouco infeliz”, classificou. Destacando que “a vida dá voltas”, Simon disse que há dez anos seria inconcebível imaginar Sarney como candidato preferido do petista.
“Lula evoluiu. Sarney também evoluiu. Não é o Sarney presidente da Arena, no regime militar”, alfinetou, em referência à participação do ex-presidente da República no partido que apoiou a ditadura militar (1964-1985).
Senado ajoelhado
Entusiasta da candidatura de Simon, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fez um apelo ao senador gaúcho para que ele assuma a disputa. De acordo com o pedetista, um dos autores da lista de apoio à indicação do peemedebista, o ex-governador do Rio Grande do Sul é o nome mais preparado para “desajoelhar” o Senado.
“O Senado está ajoelhado. Ajoelhado diante do povo, pedindo desculpas; diante do presidente, pedindo favores, e ao Judiciário. É preciso 'desajoelhar' o Senado. Esse 'desajoelhamento' exige alguém que assuma a presidência com uma cara nova, diferente sob dois aspectos: com credibilidade e autonomia”, declarou.
Em aparte ao discurso de Simon, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), evitou declarar preferência por qualquer um dos pré-candidatos do partido. Até agora, quatro peemedebistas já oficializaram sua pré-candidatura: Garibaldi Alves (RN), Valter Pereira (MS), Neuto de Conto (SC) e Leomar Quintanilha (TO).
“Como líder, não tenho todos os 20 senadores na minha mão. Sou apenas um coordenador da bancada e apenas submeto as deliberações. Como líder, tenho a dizer que todos são bons candidatos. E vamos pra disputa", afirmou. Raupp confirmou para a próxima terça-feira a reunião da bancada em que será decidido, em votação secreta, o candidato do partido à presidência da Casa.
(Edson Sardinha)