Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Para onde vamos?

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Para onde vamos?

Nunca foi tão necessário relembrar a importância de se ter direitos que uma geração inteira deu como garantidos. E não são.

Congresso em Foco

11/9/2018 10:00

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

"Às vésperas das eleições, alguns escândalos se multiplicam. Mas não nos permitamos desviar o olhar de nossos problemas nacionais."[fotografo]EBC[/fotografo]
Graziella Guiotti Testa Bruce* Na primeira aula de Introdução à Ciência Política, a indicação de leitura é um texto do Philippe Schmitter que diz que para que um ato ser político é preciso que haja conflito e que haja cooperação. O conflito é sintoma de que há voz e liberdade para participação, uma vez que diferenças sempre há e os bens disponíveis são escassos. Quando desaparece o conflito, significa que não mais existe voz e as diferenças estão sendo reprimidos. Por outro lado, é preciso que haja cooperação, isto é, é preciso que o conflito seja processado dentro de um quadro em que ambas as partes concordem não extrapolar determinadas regras estabelecidas antes dele iniciar. Significa que todo mundo concorda em não mudar as regras do jogo durante o jogo. A crise econômica devastadora que enfrentamos é um teste para a força dessas regras, que também chamamos de instituições. Tivemos um quadro de uma presidente que não conseguiu construir maioria no Congresso e a resolução aconteceu fora do quadro de integração, por meio do uso deturpado da regra que rege presidencialismos. Vimos a caravana de um ex-presidente ser alvejada e não encaramos com a gravidade que deveríamos ter encarado. O ponto alto desse processo foi o assassinato da vereadora de uma das maiores cidades do país, representante de uma parcela da população historicamente sub-representada num crime que permanece sem solução. Vimos um grupo organizado parar o país e processar o conflito numa esfera perigosa buscando atender demandas que não foram canalizadas pelos meios que lhes seria de direito. Vimos a tragédia anunciada do incêndio de nossa história, nossa ciência, nossa identidade, o triste resultado de uma política de desvalorização da ciência e da educação. A violência política não é novidade. Não é novidade nem no Brasil nem em lugar nenhum. Ainda assim, o esfaqueamento do candidato que apregoa o armamento da população mais parece uma alegoria de um livro de realismo fantástico que não poderia representar melhor o momento que vivemos. Quando as regras para se processar o conflito deixam de ser seguidas, ninguém mais está seguro. O escopo do liberalismo político apregoado desde a revolução gloriosa é justamente o da importância de se proteger as liberdades individuais, de fala, de manifestação, de voto, de participação, de direito ao próprio corpo e às próprias escolhas. Inclusive aquelas que são diferentes das minhas porque amanhã eu vou querer poder exercer as minhas apesar da discordância de tantos outros. O resultado dessas eleições é o mais importante talvez desde 1960. Nossa Constituição cidadã está no momento de mostrar a que veio porque é em momentos como este que as normas são testadas e, quiçá, se consolidam. Nunca foi tão necessário relembrar a importância de se ter direitos que uma geração inteira deu como garantidos. E não são. Relembro de Tocqueville que alertava que a liberdade nunca deixará de ser ameaçada. Não sei se pela distância ou se pela genialidade, a melhor definição do momento veio de Valter Hugo Mãe: O Brasil está em guerra consigo mesmo. As trincheiras estão armadas e as armas carregadas. Não sabemos quem declarou a guerra, mas podemos largar os rifles e deserdar. Deserdemos, meus caros, deserdemos. *Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e professora da Universidade de Brasília.
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

violência eleição constituição voto eleições 2018 violência política

Temas

País

LEIA MAIS

Justiça

TCE do Acre determina afastamento de secretário aliado de deputada

STF

Bolsonaro nega intenção golpista e diz que golpe é "coisa abominável"

MARITUBA (PA)

Prefeita explica vídeo dançando de biquíni: "Só uma encenação"

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

COMÉRCIO

Câmara vota fim da regra que exige acordo para trabalho em feriados

2

Piso Salarial

Comissão da Câmara aprova piso salarial para tradutores e intérpretes

3

GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Grupo de políticos brasileiros tenta sair de Israel pela Jordânia

4

TRÊS PODERES

Entenda as "emendas paralelas" que entraram no radar do STF

5

Agenda

Lula participa de Cúpula do G7 no Canadá

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES