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Congresso em Foco
Autoria e responsabilidade de Leonardo Boff
4/3/2017 8:30
[fotografo]EBC[/fotografo][/caption]É deste transfundo que emerge a experiência religiosa que subjaz a toda religião institucionalizada. Segundo L. Wittgenstein, o fator místico e religioso nasce da capacidade de extasiar-se do ser humano. "Extasiar-se não pode ser expresso por uma pergunta. Por isso não existe também nenhuma resposta" (Schriften 3, 1969,68). O fato de que o mundo exista, é totalmente inexprimível. Para este fato "não há linguagem; mas esse inexprimível se mostra; é o místico" (Tractatus logico-philosophicus, 1962, 6, 52). E continua Wittgenstein: "O místico não reside no como o mundo é, mas no fato de que o mundo é" (Tractaus, 6,44). "Mesmo que tenhamos respondido a todas as possíveis questões científicas, nos damos conta de que nossos problemas vitais nem sequer foram tocados" (Tractatus, 5,52).
"Crer em Deus", prossegue Wittgenstein, "é compreender a questão do sentido da vida. Crer em Deus é afirmar que a vida tem sentido. Sobre Deus que está para além deste mundo, não podemos falar. E sobre o que não podemos falar, devemos calar" (Tractatus,7).
A limitação do espírito científico é nada ter sobre o que calar. As religiões quando falam é sempre de forma simbólica, evocativa e autoimplicativa. No fim terminam no nobre silêncio de Buda ou então no uso da linguagem da arte, da música, da dança e do rito.
Hoje, cansados pelo excesso de racionalidade, materialismo e consumismo, estamos assistindo a volta do religioso e do místico. Pois nele se esconde o invisível que é parte do visível e que pode conferir uma nova esperança aos seres humanos.
Cabe recordar uma frase do grande sociólogo e pensador, no termo de sua monumental obra Formas elementares da vida religiosa (em português, 1996): "Há algo de eterno na religião, destinado a sobreviver a todos os símbolos particulares" Porque sobrevive aos tempos, vale a afirmação de Ernst Bloch em seus famosos três volumes O princípio esperança: "Onde há religião, aí há esperança".
O essencial do Cristianismo não reside em afirmar a encarnação de Deus. Outras religiões também o fizeram. Mas é afirmar que a utopia (aquilo que não tem lugar) virou eutopia (um lugar bom). Em alguém, não apenas a morte foi vencida, o que seria muito, mas ocorreu algo maior: todas virtualidades escondidas no ser humano, pela ressurreição, explodiram e implodiram. Jesus de Nazaré é o "Adão novissimo" na expressão de São Paulo (1Cor 15,45), o homem abscôndito agora revelado. Mas ele é apenas o primeiro dentre muitos irmãos e irmãs; também a humanidade, a Terra e o próprio universo serão transfigurados para serem o corpo de Deus.
Portanto, o nosso futuro é a transfiguração do universo e tudo o que ele contém, especialmente da vida humana, e não o pó cósmico. Talvez essa seja a nossa grande esperança, o nosso futuro absoluto.
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