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grande dúvida: cancelar ou não o comício?

Congresso em Foco

12/7/2005 18:54

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Edson Sardinha


O sol já se escondera em Brasília na tarde daquele domingo em que o piloto Ayrton Senna era elevado da condição de ídolo a mito esportivo. O silêncio já tinha tomado conta da Esplanada dos Ministérios quando o primeiro-vice-presidente do PT, Ruy Falcão, pegou o microfone. Em poucos minutos, ele assumiria a presidência do partido. Ao lado do deputado estadual paulista, estavam o pré-candidato ao governo do Distrito Federal Cristovam Buarque e o deputado federal Paulo Delgado (MG).

"Movido pela solidariedade e em respeito ao sentimento de todos os brasileiros, Lula decidiu cancelar o comício", anunciou. A multidão se dispersou, sem protestos.

O cancelamento do comício que lançaria a segunda candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República se deu ao melhor estilo PT, ou seja, após intensas discussões internas, inflamadas pelas diferenças entre as alas do partido.

Quando a Williams-Renault de Senna se chocou a 300 km/h contra o muro de proteção da curva Tamburello, em Ímola, os delegados do 9º Encontro Nacional do PT ainda tomavam seus lugares no plenário da Câmara, onde foi realizada a convenção.

A partir das 9h12, horário do acidente, o Comitê de Imprensa passou a ser o ponto mais concorrido da Casa. Olhares incrédulos diante da tela. A lembrança de um dos delegados a respeito da admiração de Senna por Paulo Maluf incendiou o debate. "Mereceria ou não o piloto brasileiro o cancelamento do comício de Lula?", perguntavam-se os militantes.

Os principais pontos do encontro já haviam sido deliberados na sexta-feira e no sábado. No último dia da convenção, toda a expectativa se concentrava no lançamento da candidatura, que, segundo se especulava na época, custara 30 mil dólares aos cofres do partido.

Antes da corrida, como num domingo qualquer de Fórmula 1, o clima era de descontração, com direito a cenas inusitadas na Câmara. Gritos de "Mengo, Mengo" se multiplicam pelo plenário. O adversário do Flamengo naquele domingo repleto de minutos de silêncio era o Vasco, mas o alvo das provocações era o Botafogo do então petista e deputado federal Eduardo Jorge (SP), que se dirigia à tribuna vestindo uma camisa do clube carioca.

Quando Senna se acidentou, a discussão subiu das bases e chegou à cúpula partidária. Era preciso saber da gravidade do acidente. Por volta das 14h, a confirmação: Senna estava morto. O deputado Paulo Delgado (PT-MG) não só deu a notícia como pressionou Lula a anunciar imediatamente a suspensão do comício. A apreensão tomou conta do presidenciável, que pediu um tempo para pensar.

Minutos antes, ele já discutira com aquele que seria o seu vice na disputa eleitoral, o então deputado Aloizio Mercadante (PT-SP). Mercadante alertara Lula sobre as chances remotas de o piloto sobreviver após a batida e da comoção popular que tomava o país. No plenário, os militantes impacientes gritavam: "Brasil, urgente, Lula presidente".

A decisão estava tomada. Com gestos, Lula pediu moderação aos companheiros e tomou a palavra para anunciar internamente o cancelamento do comício: "O Brasil perde um símbolo, um sonho de milhões de brasileiros. Todos nós perdemos um pouco. A festa acabou, Senna está morto".

A polêmica, porém, continuou viva. Era preciso definir como comunicar a decisão aos militantes que se acomodavam no gramado do Congresso. Com o apoio do casal Suplicy (o senador Eduardo e a então mulher dele, Marta, na época apenas sexóloga), Falcão conseguiu convencer Lula a desistir da idéia de subir ele próprio ao palco para anunciar o cancelamento do comício e pedir um minuto de silêncio em respeito à memória de Senna.

"Se ele (Lula) subir para explicar, o povo não vai deixá-lo sair sem fazer discurso", argumentou o primeiro-vice-presidente do partido. Lula concordou e passou a tarefa ao companheiro: "Não tem como fazer comício quando todos estão chorando a morte de Senna".

E o PT foi obrigado a se render em homenagens ao piloto "malufista".

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