Eduardo Militão
Os brasileiros querem que os congressistas e políticos em geral se empenhem, prioritariamente, em melhorar as condições de vida da população. Saúde, educação, segurança pública e trabalho devem ser o centro das atividades parlamentares.
Discussões paralelas e “futricas” ficam para o segundo plano em 2008, o ano que se inicia amanhã (1º).
A cozinheira Dinair Oliveira Rodrigues, 53 anos, considera importante a preocupação com a ética e a honestidade dos parlamentares. Mas isso não basta. Para a cozinheira, é pouco. “Eles têm que trabalhar mais. Lutar pelo povo, contra a desigualdade. São umas coisas básicas como
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saúde e estudos”, avalia Dinair. Opinião semelhante é a da doutora em demografia e professora da Universidade de Brasília Ana Maria Nogales, de 49 anos. “Espero que a gente tenha tempo de tratar de assuntos importantes em 2008. Educação, programas de saúde, emprego e deixar os problemas políticos pequenos, essas mazelas, a corrupção...”, enumera a pesquisadora
Ana Maria exemplifica esses “problemas pequenos”: as disputas pessoais entre os parlamentares e a ênfase nos escândalos que envolveram o senador
Renan Calheiros (PMDB-AL). “Devem deixar de falar mal uns dos outros e trabalharem”, acrescenta Dinair.
O consultor tributário Everardo Maciel, 60 anos, deseja que os congressistas façam as reformas política e fiscal. Ex-secretário da Receita Federal, ele lembra que a última reforma deve tocar em “questões relevantes” sobre os tributos pagos pelos cidadãos e sobre os gastos públicos do Estado. Maciel espera ainda que deputados e senadores retomem a iniciativa de propor leis e não fiquem reféns das Medidas Provisórias.
O próximo ano também deve incluir a amnésia de certas coisas. “Os parlamentares devem esquecer a prática lamentável de barganha política em torno de cargos públicos para exercer os seus papéis de legisladores”, prega Maciel.
Comunidade
Para o balconista Rondinelli da Silva, de 25 anos, os políticos têm de estar mais próximos da população. “Eles tinham que ir mais à comunidade e ver o que é que o pessoal está passando. Precisamos de asfalto, infra-estrutura, saúde e transporte público”, diz. “Eles recebem o voto e não vão mais lá.” O jovem também defende que os deputados e senadores só trabalhem para o povo que os elegeu. “Quero que eles esqueçam a corrupção e que nunca mais roubem a gente. Que só trabalhem para nós e não só para eles”, conta Rondinelli.
O procurador do Trabalho Adélio Justino Lucas, de 53 anos, espera ver os parlamentares e políticos em geral empenhados em promover mais oportunidades de emprego para as pessoas em 2008. “Espero que valorizem o ser humano, criem postos de trabalho para gerar cidadania ao povo. A geração de trabalho traz uma elevação da auto-estima da pessoa por ela se tornar mais útil à sociedade.”
Política partidária
O procurador compreende que as diferenças políticas devem existir no Congresso, mas pede a união em torno de temas para o interesse público. “É preciso que essa comunhão de interesses em prol do bem público seja maior do que em prol da política partidária”, diz Justino.
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O funcionário público Emílio Dias de Almeida, 42 anos, diz que os políticos já sabem de suas responsabilidades e que não é necessário informá-los disso. “Eu gostaria que eles se ativessem mais ao que aprenderam no dia em que tomaram posse, porque eles fazem um curso sobre isso. Basta fazer o que precisa ser feito. Eles estão com um cheque em branco nosso.”
Para Emílio, é preciso ter uma administração adequada dos serviços essenciais para que eles funcionem corretamente. “Não adianta aumentar o dinheiro para a saúde, se isso não for bem policiado. Digamos que tenhamos muitos médicos que não estão satisfeitos com seus salários. E aí?”, questiona.