Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Corrupção e governabilidade

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Corrupção e governabilidade

Congresso em Foco

20/5/2015 | Atualizado às 9:46

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
O debate acerca da temática da corrupção está contaminado pelas perguntas erradas que se fazem. Saber se a corrupção é maior, hoje, ou se se tornou mais visível porque está sendo investigada é inútil. Perguntas retóricas alimentadas pela disputa partidária, cuja resposta- impossível - não sinaliza qualquer saída para o problema, nem sequer permite o aprofundamento da reflexão, particularmente quanto à estreita relação entre governabilidade e corrupção. No final de 2003, ainda no início do governo Lula, os auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) travaram sua primeira batalha contra uma indicação do Senado para a substituição do ministro Iram Saraiva, que se aposentava. O escolhido, senador do PMDB, tinha admitido ter desviado recursos de um empréstimo do BNDES para empresa de sua propriedade. Tratava-se da compra de balsas para fazer transporte de passageiros na região de Belém do Pará. Ele mandou fazer pintura nova em balsas velhas para tentar comprovar o uso do recurso conforme a finalidade contratual. Em 2014, a indicação do então senador Gim Argello (PTB-DF), também pelo Senado, para substituir Valmir Campelo, viria a ser a segunda batalha vitoriosa dos auditores. O que havia em comum nessas indicações era a acomodação de interesses políticos que, caso ofendidos, poderiam comprometer a governabilidade do país - assim me informou um assessor do PT quando daquela primeira indicação, e no mesmo sentido também se fazia uma acomodação política com Gim Argello, tendo em vista as eleições de 2014. Nesses casos extremos, percebemos que nem mesmo o órgão que deveria ser o bastião na luta contra o mau uso do dinheiro público está livre das demandas políticas apresentadas no bojo dos acordos de governabilidade. Esses dois fatos mostram que a abordagem que se faz do tema da corrupção peca ao tratá-la como elemento exógeno que penetra as estruturas do Estado, como alienígena depravado que vem corromper o bom funcionamento institucional. A entrega dos caixas públicos para os partidos amigos, a acomodação de aliados partidários em cargos cobiçados, o uso da máquina pública para interesses partidários e pessoais é, na verdade, a alma de um modelo que fracassou, mas que não se consegue - e nem se quer - superar. É o caso de se perguntar a Marina Silva - única candidata presidencial que trabalhou a ideia de um novo modelo de governabilidade - para que ela informe como pretendia se relacionar com o Congresso e administrar o país. Se ela não tem um modelo perfeitamente definido - e possivelmente não tenha de fato concluído uma proposta com reflexão suficientemente aprofundada - é certo, ao menos, que tenha pensado em algo mais do que a comparação entre os atoleiros e seus estragos. Marina, pelo menos, tem em mente a pergunta correta e que remete a um novo modelo de governabilidade - primeiro requisito para se encontrar respostas para as questões prementes que nos afetam neste momento. E se essa é a primeira pergunta - como criar um novo modelo de governabilidade que assegure um governo voltado para o interesse público - pelo menos outras duas podem, e devem, ser feitas em sequência. A primeira seria: como deve ser o novo modelo de financiamento de campanhas eleitorais no país? Pode-se pensar o tema, como a sociedade civil já tem feito, na perspectiva de uma reforma política ampla, ou, para consumo imediato, uma reforma eleitoral que trate da questão específica do financiamento de campanhas. Essa é uma pergunta certa que já vem sendo feita, há algum tempo. Para esse caso, portanto, trata-se exclusivamente da necessidade de se encontrar a resposta certa. A seguir, impõe-se outra pergunta, que não tem sido feita: como deve ser o novo modelo de controle no país? Isso porque a falência da estrutura de controle do Estado Brasileiro se explicitou com o chamado 'petrolão'. Não se trata mais de se perguntar se o modelo funciona ou não - ficou claro que não! Como explicar que o TCU e a Controladoria-Geral da União (CGU) não tenham identificado o esquema, em suas inúmeras ações de fiscalização na Petrobras ao longo de tantos anos? Ou, como justificar, que em relação às multas e débitos imputados pelo TCU, menos de 5% de fato voltem aos cofres públicos? Ou, ainda, como se podem aceitar os inúmeros problemas de desvios de recursos e má qualidade das obras nos convênios firmados pela União com municípios, estados e entre privados, que vão se avolumando ano a ano, sem perspectiva de solução?  Não se trata de questões pontuais, como a normatização dos acordos de leniência no âmbito dos órgãos de controle. Trata-se da necessidade de um novo modelo de controle, visto que o atual não dá resultados no sentido de garantir que o recurso público seja utilizado conforme o interesse público. A questão do controle passa por diversos temas de grande importância, como a própria existência de tribunais, a indicação de seus membros, as estruturas de fiscalização, a relação entre controle interno e controle externo, o modelo de prestação de contas, o momento de realização do controle em função da natureza das despesas. Temas que precisam, cada um deles, de aprofundamento e reflexão. Entre as diversas crises que vivemos a cada dia está a nossa insistência em fazer perguntas erradas. Continuar buscando respostas para perguntas erradas nos impede de reconhecer o quão fundo é esse poço. Somos passageiros de um veículo atolado ouvindo os motoristas - o atual e o anterior - falando da imperícia do outro. Nenhum deles conseguiu fazer a pergunta mais simples: como vamos sair deste atoleiro? Mais sobre corrupção
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

AGU TCU transparência corrupção Marina Silva controle Henrique Ziller governabilidade

LEIA MAIS

INFORMAÇÂO PRIVILEGIADA

Moraes manda investigar operações com dólar antes do tarifaço de Trump

Informações privilegiadas

AGU quer investigação de uso suspeito de câmbio após tarifas dos EUA

OPERAÇÃO POLICIAL

PF faz operação no DF e na Bahia mirando desvio de emendas

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

TROCA DE DEPUTADOS

Câmara confirma perda do mandato de 7 deputados após decisão do STF

2

Vote já!

Últimas horas para votar no Prêmio Congresso em Foco: ainda dá tempo!

3

MUNDO

Alternativa local: entenda como a sanção a Moraes pode ser contornada

4

15º estado

Prêmio Congresso em Foco é o 15º maior colégio eleitoral do país

5

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Após sanções, Nikolas apresenta pedido de impeachment contra Moraes

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES