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Congresso em Foco
15/5/2007 0:00
Na primeira entrevista coletiva de seu segundo mandato, o presidente Lula descartou hoje a possibilidade de tentar alterar a Constituição para postular um terceiro mandato. Segundo o presidente, qualquer tentativa nesse sentido seria uma "imprudência" e uma "provocação" à democracia brasileira. "Já era contra o segundo [mandato], imagina o terceiro", disse Lula.
O presidente reafirmou ser contra a reeleição e que só se candidatou novamente, em outubro, por causa da crise política. "Fui obrigado a ser candidato à reeleição porque a situação política exigia que eu fosse candidato", declarou.
Lula também disse que não pretende disputar as eleições presidenciais de 2014. “Juscelino Kubitschek, quando deixou a presidência, sonhava que voltaria pelos braços do povo: foi cassado e não voltou. Eu não trabalho com a hipótese de voltar, tenho que cumprir meu mandato. Só cinco minutos de insanidade me permitiriam discutir como será oito anos para frente", afirmou.
Durante quase duas horas, Lula respondeu a perguntas dos 15 jornalistas inscritos para a coletiva. Ao longo de suas falas, o presidente exaltou os indicadores da economia, as fontes alternativas de combustível e a política internacional de seu governo, além de fazer projeções otimistas para os próximos quatro anos.
Vice tucano
O presidente afirmou que mantém uma boa relação com o PSDB e revelou que, em 1994, a idéia inicial era de que o candidato a vice-presidente em sua chapa fosse um tucano. "Com o Plano Real, eles lançaram candidato e ganharam as eleições de mim. Mas mantenho relações boas com Serra, Aécio e o Tasso Jereissati. Se em algum momento eles radicalizaram e criaram mais transtorno que deviam, foi problema de avaliação deles", declarou.
Apesar de mandar recados indiretos ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula afirmou que chamará o tucano para conversar. "Eu sempre tive uma relação de amizade com ele. Não será por falta de convite que a gente não vai conversar. Mas acabamos de sair de uma eleição. Não quero que venha conversar comigo para acharem que a gente está capitulando. Quero que eles respeitem o direito de termos eles como adversários, não como inimigos", afirmou.
O petista disse esperar que o DEM (ex-PFL) adote uma postura de oposição mais moderada daqui pra frente. "Acho que o PFL vai deixar de ser tão nervoso. O povo não quer saber de muita confusão, o povo quer que o país dê certo."
Em sua explanação inicial, antes das perguntas dos jornalistas, Lula havia dito que o atual momento é de “tranqüilidade” e que creditava parte do sucesso de seu governo ao fato de ter conseguido impedir que a crise política se instalasse no Palácio do Planalto, mesmo nos momentos mais delicados.
“Não fazemos mais a política do ódio entre a base aliada e a oposição. Construímos uma base muito mais sólida. Estamos aprendendo a fazer coalizão política pensando em longo prazo e não apenas nas próximas votações”, afirmou.
Sucessor
O presidente admitiu que trabalhará para fazer de um candidato da base aliada o seu sucessor em 2010. Segundo ele, o nome a ser apoiado será definido pelos 11 partidos que compõem a coalizão e não precisa ser “necessariamente do PT”.
“A base tem vários partidos políticos. Hoje a gente erra se quiser. Há pesquisas que mostram que tem mais chance de crescer. Campanha política hoje tem método científico”, afirmou.
Segundo Lula, o próximo presidente receberá um país “econômica, política e socialmente infinitamente melhor” do que o cenário que o levou à reeleição no ano passado. “Estamos preparados para fazer aquilo que não foi feito no primeiro mandato. Consolidamos a política econômica e junto com ela a política internacional”, declarou.
Economia
O petista disse que, pela primeira vez, crescimento econômico e controle da inflação caminham juntos no país. “Hoje não tem mais que perguntar sobre reservas, sobre crescimento da economia, sobre estabilidade, porque essas coisas estão praticamente resolvidas, porque o Brasil se preparou no primeiro mandato para dar um salto de qualidade no segundo. Vamos fazer isso agora com mais sabedoria”, completou.
O presidente garantiu que o câmbio continuará flutuante. Ele lembrou que a moeda americana está se desvalorizando em praticamente todo o mundo. Hoje, o dólar rompeu a barreira dos R$ 2,00, fato inédito no país desde 2001. "O que precisamos é de medidas tributárias para permitir a competitividade dos nossos produtos com os produtos chineses, e outros estrangeiros", avaliou.
"Metamorfose ambulante"
Ele negou haver qualquer constrangimento com a adesão ao governo de antigos críticos, como o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e o filósofo Mangabeira Unger, que aguarda a criação da Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo para ser nomeado ministro.
"Um presidente não governa com quem quer governar, governa com forças vivas. Eu perdi três eleições até que alguém me convenceu que eu não precisava fazer discurso para agradar o PT ou os 35% que já votavam em mim, mas precisava me preparar para ter os outros 15% ao meu lado", disse.
"Muita gente vai engolir o que disse do governo. Nada como o passar do tempo. Graças a Deus que o mundo é assim e temos inteligência para ser metamorfoses ambulantes. O que posso garantir é que continuo hoje o mesmo Lula de 2003", completou.
Questionado sobre o projeto de lei que o Executivo planeja enviar ao Congresso para regulamentar as greves dos servidores públicos, o presidente Lula foi duro. "Não queremos proibir que haja greve, pelo contrário (...) O que não é possível é alguém fazer 90 dias de greve e receber os dias parados, porque aí deixa de ser greve e passa a ser férias", disse.
Aborto
Lula também tratou de outra questão delicada: o aborto. Disse que, apesar de ser contra a prática, entende que a legalização deve ser discutida, por uma questão de saúde pública. "Eu disse em todas as eleições da qual participei, em 1989, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006, e vou dizer agora: eu tenho um comportamento como cidadão, sou contra o aborto. Agora, como chefe de Estado, acho que o aborto tem que ser discutido como uma questão de saúde pública”, declarou.
O presidente saiu em defesa dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales. "Historicamente esses países sempre viram o Brasil como um país imperialista. Era o que tinha maior poder econômico e a maior amplitude territorial. E tudo que acontecia de ruim era culpa do Brasil. Desde que assumimos, pensamos em fazer um projeto de país em que haja uma parceria. Então nós temos que levar em conta algo que supera as nossas divergências do século XIX para construirmos a convergência do século XXI".
Chávez e Morales
Falando especificamente da questão da nacionalização do petróleo boliviano, o presidente ressaltou que essa era uma necessidade histórica da Bolívia e que antecedia a posse do presidente Evo Morales. "Só queria que fosse respeitado o contrato fechado com a Petrobras. E isso está acontecendo", disse, acrescentando que esse não é um problema particular com o Brasil. "O problema do gás não atinge só o Brasil, mas também a Argentina, o Chile, o Peru", completou.
Para destacar que a questão da Bolívia não é fonte dos problemas brasileiros, Lula afirmou: "Eu não posso impedir que as pessoas encontrem culpados para seus problemas. Antigamente, em meus discursos, eu culpava o imperialismo americano pela minha pobreza, pelos problemas da educação, pela falta de emprego. Depois eu descobri que a culpa não era do imperialismo americano, mas do imperialismo da nossa elite brasileira", argumentou.
O presidente também destacou a importância de adotar os biocombustíveis, não apenas para reduzir os problemas ambientais, mas também para ajudar os países mais pobres a se desenvolverem.
Ao final da coletiva, o presidente disse que passará a falar mais com os jornalistas neste seu segundo mandato. Entre 2003 e 2006, Lula concedeu apenas uma coletiva aos profissionais que cobrem o Palácio do Planalto.
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