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Congresso em Foco
12/6/2010 8:35
Veja
Empatados - um junho como nunca se viu
José Serra e Dilma Rousseff protagonizam hoje a campanha presidencial mais apertada que o Brasil já viu. A pouco mais de três meses do dia da eleição, o tucano e a petista estão rigorosamente empatados nas disputas de intenção de voto. Cada um conta com 37% da preferência dos brasileiros, segundo o Ibope e o Datafolha. Esse quadro de equilíbrio entre os dois candidatos principais no mês de junho é uma tremenda novidade na política nacional. Em quatro das últimas cinco disputas presidenciais, o nome que saiu vitorioso ao final do pleito foi o que liderava as pesquisas neste período do ano.
O que as campanhas passadas ensinam
1 - Debates na TV influem no resultado de uma eleição
VERDADE Os marqueteiros costumam dizer que, se um candidato vai bem num debate, não ganha votos, mas, se vai mal, pode perder milhões de eleitores.
1 - Ter palanques nos estados é fundamental para a vitória do candidato
MITO Ter bons palanques estaduais ajuda, mas não é determinante para um candidato à Presidência vencer a eleição. Por exemplo: em 1998, FHC se reelegeu presidente e sua coligação fez dezesseis governadores, um número altíssimo. Na eleição seguinte, vencida por Lula, a coligação do petista elegeu apenas três governadores.
3 - Os indecisos podem definir uma eleição na reta final
MITO Até agora, isso não ocorreu.
4 - A Copa do Mundo interfere na eleição
MITO Vitórias ou derrotas da seleção brasileira não mudam o voto de ninguém, como demonstram as quatro eleições presidenciais que coincidiram com a Copa
Acabou o "Risco Brasil"
Entrevista Dilma Rousseff
No começo, Dilma Rousseff estranhou o papel de candidata à Presidência da República. Em comparação com o cotidiano acelerado de ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula, as primeiras semanas de pré-campanha lhe pareceram umas férias sem muita graça. Na semana que precedeu sua indicação oficial pelo PT, ela tinha voltado ao ritmo de multitarefas e a mente estava ocupada com os mais diversos assuntos. "Estamos retomando o poder territorial dos bandidos no Rio de Janeiro. Droga se combate com inteligência, força e dando opções de trabalho e lazer aos jovens", diz ela, animada com os resultados da parceria do governo federal com o governador Sérgio Cabral. Dilma criticou José Serra, o candidato do PSDB, por ter fustigado o governo da Bolívia e sua leniência no combate ao tráfico de drogas. "Lá também vamos precisar de parceria para destruir os centros de refino de coca, e brigar com o governo boliviano não é um bom caminho." Dilma falou a VEJA sobre drogas, PMDB, juros, inflação, crescimento e sua vida na prisão por crimes políticos no regime militar.
A senhora tem uma vantagem clara sobre o candidato Lula na eleição de 2002. Ninguém fala agora de um "Risco Dilma". Por quê?
Primeiro, porque não existe Risco Brasil. Nós nos destacamos no cenário mundial como uma nação que tem um rumo, e esse rumo é o correto, com crescimento econômico, estabilidade, instituições sólidas e democracia. O mundo vê isso e sente que não será uma eleição presidencial que vai colocar essas conquistas a perder. Não tem "Risco Dilma" e não tem "Risco Guerra" (referência ao senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, que em entrevista a VEJA em janeiro disse que se seu partido vencer as eleições vai "mexer na taxa de juros, no câmbio e nas metas de inflação"). Ele falou tudo aquilo e o mercado nem se tocou. Não aconteceu nadinha de nada.
Sob muitos pontos de vista, para um político é melhor suceder na Presidência a um antecessor fracassado do que a outro, como é o caso de Lula, que, além de bem-sucedido, é popular e carismático. Isso pesaria muito sobre seus ombros em caso de vitória nas eleições deste ano?
Acho ótima essa herança. O governo do presidente Lula pertence uma parte a mim. Eu não sou uma pessoa que está olhando para o governo com distanciamento. Eu não tenho distanciamento nenhum do governo do presidente Lula. Eu lutei para esse governo ser esse sucesso todo. Honra minha biografia ter participado desse governo e o Lula ter me honrado com a escolha como candidata. Tenho certeza de que o presidente Lula participará do sucesso do meu governo porque ele construiu as bases para eu concorrer. Ele deu condições para que eu faça uma coisa que é dificílima: superar a nós mesmos. O governo Dilma pode superar o governo Lula porque nós construímos um alicerce para isso acontecer. O meu projeto é o dele. E o dele é o meu.
Seu aliado, o PMDB, sempre impediu que a reforma política andasse. Por que com a senhora seria diferente?
Já foi diferente com o Lula, embora muita gente insista em negar essa realidade. O que caracteriza o governo Lula foi ter construído uma aliança em torno da governabilidade e de projetos. Os ministros do PMDB demonstraram a mesma dedicação aos projetos que os ministros do nosso partido.
Como a senhora avalia o episódio recente do pedido de demissão do jornalista que, a serviço de seu partido, contratou arapongas para espionar adversários e até aliados?
É muito difícil essa conversa. É um assunto que girou em torno de documentos que ninguém viu nem sequer sabe se existem e de uma coisa que nunca chegou a se concretizar. Por isso prefiro concentrar minha resposta sobre a linha de conduta geral da campanha. Na minha campanha, não vou admitir nenhuma prática que não respeite o adversário, que não tenha princípios éticos claros e que não honre o fato de termos o governo com a maior aprovação da história recente deste país. A minha decisão é manter uma campanha de alto nível.
Três homens e alguns segredos
Três homens que aparecem nesta reportagem têm muito em comum. Os três frequentaram o comitê eleitoral do PT, em Brasília. Os três têm ligações com uma empresa de eventos, a Dialog, que faturou dezenas de milhões em negócios com o governo federal. Os três não falam, nunca deram entrevistas e se esquivam de explicar o que realmente fazem - ou faziam - na campanha petista. As digitais do trio - o empresário Benedito de Oliveira Neto, o contador Luiz Carlos Ferreira e o ex-funcionário público Jorge Luiz Siqueira - apareceram no bojo do escândalo que foi a tentativa de montar um grupo de policiais e arapongas para espionar adversários e aliados incômodos. O elo mais forte entre esses três senhores é o dinheiro. Há duas semanas, em entrevista a VEJA, o delegado aposentado da Polícia Federal Onézimo Sousa revelou que o serviço de espionagem custaria 1,6 milhão de reais. Quem pagaria? Benedito de Oliveira. Como? Em dinheiro vivo.
Istoé
O jatinho de cada um
A campanha ao Palácio do Planalto começa oficialmente neste final de semana, com as convenções partidárias confirmando o nome dos presidenciáveis que já andam em busca de votos pelo País. Nesta corrida, que por lei ainda nem se iniciou, porém, os três principais candidatos já voaram o suficiente para dar 7,5 voltas em torno da Terra, considerando-se o diâmetro do planeta. No ar, eles percorreram 90.820 quilômetros desde abril, quando a pré-campanha deslanchou, por causa da desincompatibilização de cargos. Para agilizar seus deslocamentos, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) contrataram serviços de táxi aéreo que custam em média R$ 35 por quilômetro voado. Incluído o desconto de 25% dado pelas companhias aéreas para o chamado pacote fechado, Serra e Dilma, juntos, já gastaram mais de R$ 2 milhões com o uso de jatinhos.
O tucano, até agora, é o campeão de viagens. Desde que deixou o governo paulista para se dedicar à campanha, ele percorreu de jatinho 33 trechos entre várias capitais do País, totalizando 38.613 quilômetros. Segundo levantamento feito por ISTOÉ, Serra despendeu pelo menos R$ 1,3 milhão para fazer os trajetos. Por enquanto, Dilma gastou um pouco menos do que o adversário do PSDB com transporte aéreo. Desembolsou R$ 867 mil para percorrer 28 trechos. No total, voou 24.769 quilômetros, desde a sua desincompatibilização, na segunda quinzena de abril.
Com estrutura menor e caixa mais limitado que o PSDB e o PT, a candidata do PV, Marina Silva, fez 95% de seus deslocamentos em aviões de carreira. Mas, para cumprir alguns compromissos de campanha a contento, não teve como abrir mão do jatinho. A aeronave usada por Marina, um Legacy de fabricação da Embraer, pertence ao empresário Guilherme Leal, dono da Natura e vice na chapa do PV à Presidência. O custo do jatinho da Natura, diz Marina, será registrado na prestação de contas eleitorais como doação de Leal ao partido. Desde abril, Marina percorreu 27.438 quilômetros a bordo de aviões. Se a senadora tivesse utilizado os serviços de táxi aéreo em todas as suas viagens pelo País, ela teria gasto o equivalente a R$ 960 mil.
Pimentel em queda dupla
O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel tinha grandes projetos políticos para este ano. Queria despontar como principal coordenador da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff à Presidência e, ao mesmo tempo, sair candidato ao governo de Minas Gerais. Já era cotado também para assumir o comando do Ministério da Fazenda em eventual novo governo do PT. Mas seus ambiciosos planos foram por água abaixo. Hoje, ele é a imagem de um homem desgastado. No decorrer da semana, Pimentel teve suas funções na campanha de Dilma esvaziadas, embora a ex-ministra, por cortesia e amizade, não confirme o rebaixamento em público. E, por exigência do PMDB, aliado de Dilma e do PT no plano nacional, Pimentel viu-se obrigado a abrir mão de sua candidatura ao Palácio da Liberdade em favor do ex-ministro Hélio Costa (PMDB). Resta-lhe apenas tentar uma vaga no Senado pelo PT mineiro. "Estou indo para um velório", disse o presidente do PT de Minas, deputado Reginaldo Lopes, na segunda-feira 7, antes de chegar à solenidade que anunciou Hélio Costa na cabeça de chapa.
Época
Dá para crescer sem sujar
O Brasil tem uma missão difícil pela frente: reduzir seu impacto no aquecimento global, sem sacrificar o desenvolvimento. Não importa o ritmo das negociações internacionais, os países terão de reduzir suas emissões de poluentes, e o Brasil, como oitavo maior emissor do mundo, tem suas responsabilidades. O país já se comprometeu oficialmente a fazer isso, mas até agora não detalhou seu plano.
A transição para uma economia verde tem custos: em torno de US$ 725 bilhões até 2030. É mais do que o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo, que prevê US$ 504 bilhões. Mas boa parte do investimento no clima se reverteria em melhora nas condições de vida dos brasileiros. Além disso, 17 das principais ações podem dar retorno financeiro - como a reciclagem e o uso de energia solar na indústria.
Um dos méritos do estudo é revelar como o Brasil pode reduzir emissões em áreas além das florestas. Até então, o grande foco das atenções era a contenção do desmatamento. Por um motivo: só ela já daria conta de 56% de nosso potencial para reduzir as emissões até 2030, a um custo relativamente baixo: US$ 24 bilhões. Mas o país precisa pensar além. Fora as florestas, a maior oportunidade está nas áreas de energia, transporte e resíduos. Apesar de ter uma geração de energia dominada por hidrelétricas, que poluem pouco, as indústrias usam bastante combustível derivado de petróleo em suas caldeiras. Podem reduzir as emissões substituindo-o por biomassa, como restos da palha da cana ou da casca do arroz. O levantamento sugere ainda aumentar a eficiência das refinarias de petróleo e investir em campos eólicos.
O óleo da discórdia
O jogo para ver quem ganha mais com o petróleo do pré-sal começou para valer na semana passada, um ano e meio depois do anúncio da descoberta, no final de 2008. Ao aprovar o primeiro projeto de lei sobre o tema, o Senado começou a desenhar o modelo com que o Brasil vai aproveitar - ou desperdiçar - essa riqueza nas próximas décadas. Houve concordância a respeito do modo de capitalizar a Petrobras (traduzindo: aumentar o valor e a capacidade de endividamento da empresa) para que ela consiga explorar as novas reservas - e completa discórdia a respeito de como dividir o dinheiro resultante.
Sem a mãozinha brasileira
A quarta rodada de sanções contra o Irã foi aprovada por 12 votos e uma abstenção (do Líbano). Ela permite aos membros da ONU, entre outras medidas, bloquear transações internacionais de 40 bancos e empresas iranianos e inspecionar navios e aviões do país com material suspeito ou passível de ser usado no programa nuclear. Com isso, aumentou o racha diplomático que vinha desde o anúncio do acordo Brasil-Turquia com Teerã.
Do lado brasileiro só sobraram os turcos; na outra ponta ficaram os Estados Unidos e todos os outros membros permanentes do Conselho. Mesmo Rússia e China, outrora hesitantes por causa de suas relações comerciais com o Irã, apoiaram a pressão contra Ahmadinejad. Cada um com suas razões, Brasil e EUA aumentaram a lista de divergências, o que não é bom negócio para ninguém.
Na justificativa do voto brasileiro, lida pela embaixadora Maria Luiza Viotti, ficou evidente que o Brasil se sentiu desprestigiado pelo fato de o acordo com Teerã ter sido ignorado. Uma das queixas foi que a resposta do Grupo de Viena (EUA, França e Rússia) e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) à carta em que Teerã se comprometia a cumprir o acordo só veio um dia antes da sessão na ONU - sem tempo, portanto, para discutir a negociação. Na visão de Lula, a decisão das potências nucleares foi por "birra".
O governo americano diz manter a estratégia da diplomacia de mão dupla: fecha o cerco por meio das sanções, mas não descarta a via da negociação.
Candidato a Marcos Valério
O nome do empresário Benedito de Oliveira Neto está associado à frus-trada tentativa de contratação de arapongas por integrantes da equipe de campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Conhecido por Bené, ele atraiu as atenções por ter participado de um encontro para tratar da montagem de um esquema de espionagem na campanha. Se o negócio tivesse sido fechado, ele supostamente assumiria a responsabilidade pelos pagamentos aos arapongas. Aos 34 anos, Bené experimentou uma notável ascensão graças a negócios com o governo Lula. Sua trajetória lembra a do empresário Marcos Valério, o operador do mensalão, o esquema de compra de apoio no Congresso, descoberto em 2005.
O papel reservado a Bené na campanha de Dilma sugere semelhanças com o de Marcos Valério, que operava em situações à margem da contabilidade oficial. Tanto Marcos Valério quanto Bené foram introduzidos no círculo petista por políticos de Minas Gerais. Um dos responsáveis por apresentar Marcos Valério aos líderes petistas, o deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG), fez o mesmo por Bené. "Provavelmente, foi o Virgílio quem me apresentou (o Bené) em um desses eventos", diz Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte, um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff. "Ele tem muitos amigos na bancada do PT." Foi por essa amizade que Bené entrou na campanha. As suspeitas são de que o empresário arcaria com despesas da candidatura. Bené disse a ÉPOCA que nunca participou de campanhas eleitorais. "Eu me vejo vítima de um episódio absurdo e surrealista gerado pelo calor da atual disputa eleitoral", afirmou.
A supermáquina de Dilma liga o motor
Pela primeira vez, o PT e o PMDB vão estar formalmente em uma coligação eleitoral para concorrer ao Palácio do Planalto. À frente da aliança estarão a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, e o deputado federal peemedebista Michel Temer (SP), presidente da Câmara e seu vice.
Com 2,3 milhões de filiados, o PMDB lidera o ranking dos partidos brasileiros nesse quesito. A união com o PT, a segunda legenda em militantes, cria a maior máquina eleitoral em funcionamento desde a redemocratização do país, em 1985. Juntos, eles terão 3,7 milhões de militantes - 1,3 milhão a mais que a aliança entre o PSDB e o DEM, os dois maiores partidos da oposição (leia o quadro abaixo). Com diretórios em quase todos os municípios do país, os peemedebistas prometem também colocar a serviço de Dil-ma 1.201 prefeitos, quase 1.000 vice-prefeitos, 8.500 vereadores, além de secretários municipais - num total estimado de 50 mil diri-gentes municipais.
Na esfera estadual, o PMDB diz ter outras 50 mil pessoas na estrutura partidária. São dirigentes partidários nas 27 unidades da Federação com autonomia financeira e capacidade para a arrecadação de fundos e produção de material de propaganda. "O partido funcionará como uma massa de cabos eleitorais a favor de Dilma", diz o deputado federal Eunício de Oliveira (PMDB-CE), tesoureiro do PMDB. "A campanha da ex-ministra Dilma será multiplicada em cada município porque os candidatos aos parlamentos e aos governos terão de associar sua propaganda a ela com um gigantesco efeito multiplicador."
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