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Congresso em Foco
13/6/2009 8:16
Veja
O que já dizem os corpos
A dor irreparável das famílias das vítimas do Airbus da Air France que caiu no meio do Atlântico tem um contraponto na nobreza da derradeira missão de seus entes queridos. Resgatados do mar e examinados por especialistas, seus corpos começaram a fornecer informações preciosas sobre as circunstâncias em que se deu a tragédia do Airbus da Air France, com 228 pessoas a bordo, há duas semanas.
Profissionais envolvidos nas operações de resgate e de reconhecimento dos corpos já periciados do voo 447 da Air France ouvidos por Veja dizem que, ao contrário do que se especulou inicialmente, os ferimentos sofridos pelas vítimas fazem supor que o avião não explodiu nem se desintegrou inteiramente no ar, ejetando os passageiros a grande altura sobre o oceano. É quase certo que o aparelho caiu na água, ainda com a fuselagem preservada - pelo menos em parte - e com muitos dos passageiros em seu interior.
No momento da queda, todos os ocupantes do Airbus já estariam mortos por asfixia, causada pela rápida despressurização da cabine momentos antes da queda. O alerta sobre a despressurização da cabine consta das duas dezenas de mensagens automáticas enviadas para o centro de controle da Air France pela aeronave, comunicando falhas graves nos sistemas de navegação, enquanto cruzava uma tempestade.
Os peritos apontam outras provas de que pelo menos parte do Airbus chegou ao solo inteira. Se o avião tivesse explodido ou se desintegrado no ar, os corpos estariam muito mais machucados. A maioria dos cadáveres apresenta o chamado "sinal das quatro fraturas".
É sim ou não
Com os índices de aprovação de Lula e seu governo beirando os 70%, tentar fazer das próximas eleições presidenciais um plebiscito sobre a administração que sai é uma boa aposta para o PT.
Essa será a estratégia a ser seguida. Ela embute alguns pré-requisitos. O principal é ter apenas um candidato inteiramente identificado com o governo. É ideal também que do lado da oposição surja apenas um nome forte que renegue "tudo isso que está aí". No cenário dos sonhos de Lula, os eleitores serão levados a escolher Dilma Rousseff, caso aprovem o governo, ou o candidato da oposição, provavelmente o tucano José Serra, se acharem que está tudo errado. Mas, para que a estratégia plebiscitária funcione, é preciso combinar com os russos, como dizia Garrincha.
Jaques Wagner, governador petista da Bahia, é um dos entusiastas da estratégia de Lula. "Com a antecipação da campanha, o natural é que o jogo fique cada vez mais polarizado entre Dilma e Serra. Aí serão dois modelos em jogo. O eleitor vai escolher entre continuar com o modelo que está dando certo e voltar ao que era antes", diz Wagner. Lula lembrará que gerou mais empregos, que o crescimento econômico foi maior em sua gestão, que ampliou o acesso à universidade, reduziu a miséria graças ao Bolsa Família e transformou o Brasil de devedor em credor internacional.
Por debaixo do pano
A absoluta ausência de fiscalização, aliada ao apego de alguns políticos ao dinheiro público, não para de produzir histórias espantosas no Congresso Nacional. A última delas: na direção-geral do Senado existia uma espécie de serviço paralelo de administração, responsável por contratações, aumentos de salário e distribuição de benefícios a um grupo restrito de parlamentares e servidores da casa. Tudo às escondidas, sem seguir os trâmites normais da burocracia, com o objetivo de permitir a execução de atos que deveriam ficar distantes dos olhos da opinião pública. Por essa janela secreta, senadores nomearam parentes para cargos de confiança, contrataram correligionários e concederam gratificações e aumentos de salário a funcionários escolhidos a dedo. Como vem acontecendo nos últimos casos de irregularidades, não se percebe muita disposição ou empenho em identificar e punir os responsáveis - e por razões compreensíveis.
Na relação dos beneficiados estão o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) e diretores que ocuparam até pouco tempo atrás altos postos na administração da casa. Apontado como o idealizador da repartição secreta, o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia negou qualquer irregularidade. Na quarta-feira passada, Agaciel, que foi afastado da direção por ocultar a posse de uma mansão milionária, promoveu a festa de casamento da filha, em que compareceram, entre outros, os três últimos presidentes do Senado - Renan Calheiros, Garibaldi Alves e José Sarney. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo afirma que entre os beneficiados dos atos secretos está João Fernando Michels Gonçalves Sarney, de 22 anos, neto do senador, que trabalhou por dezoito meses no gabinete do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). O rapaz foi exonerado por causa da lei que proíbe o nepotismo. Para seu lugar - também por um ato secreto - foi nomeada a mãe dele, Rosângela Michels.
Época
Deus é pop
Com mais de 20 tatuagens estampadas no corpo, dois piercings no nariz e um alargador de orelha, a paulistana Fernanda Soares Mariana, de 19 anos, parece estar montada para um show de rock. Apenas a Bíblia que ela carrega nos braços sugere outro destino: um culto da igreja Bola de Neve. Cultos voltados para os jovens, como a igreja da Bola de Neve, revelam um fenômeno: mostram que o jovem brasileiro busca formas inovadoras de expressar sua religiosidade.
Uma pesquisa inédita do instituto alemão Bertelsmann Stifung, realizada em 21 países, revela que esse renascimento da religião está mais presente no Brasil que na maioria dos países. O estudo mostra que o jovem brasileiro é o terceiro mais religioso do mundo, atrás apenas dos nigerianos e dos guatemaltecos. Segundo a pesquisa, 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos e 65% afirmam que são "profundamente religiosos". Noventa por cento afirmam acreditar em Deus. Milhões de jovens recorrem à internet para resolver seus problemas espirituais. Na rede de computadores, a diversidade de crenças se propaga como vírus.
É entre os evangélicos que surgem mais propostas de igrejas flexíveis. Eles têm igrejas para metaleiros, para garotas de programa e até para lutadores de jiu-jítsu. Em Fortaleza, a Igreja Evangélica Congregacional abriga um núcleo chamado "Lutadores de Cristo". Cerca de 80 jovens rezam, assistem à pregação do pastor e depois sobem no tatame para trocar socos e pontapés. Por fim, dão as mãos e cantam juntos o louvor. "Pregamos o Evangelho para jovens que jamais entrariam numa igreja. Ninguém aqui se envolveu em briga na rua", diz o coordenador do projeto, lutador e pastor Elder Pinto. "Aqui pregamos a paz."
Embora exista uma tentativa de fazer frente ao apelo pop dos evangélicos, a imagem da Igreja Católica parece velha para boa parte dos jovens. Quando um bispo tenta impedir que uma menina de apenas 9 anos possa fazer aborto após ter sido estuprada, contrariando uma garantia legal e uma recomendação médica, ele contribui indiretamente para afastar do catolicismo até jovens fervorosos.
MP da Amazônia: a liquidação da floresta
O governo se prepara para lançar a maior liquidação de terras da história recente do país. O pacote prevê a transferência de 67 milhões de hectares de lotes da União na Amazônia para mãos privadas. Essas terras, que correspondem à Alemanha e à Noruega juntas, ou a 12% de toda a Amazônia Legal, serão vendidas, leiloadas ou simplesmente doadas, dependendo da situação.
Pode parecer estranho, mas a transferência de vastas extensões de terras públicas para mãos privadas é apontada consensualmente como o passo mais importante para aumentar o controle do Estado sobre a Amazônia. Há séculos, a dificuldade para definir quem é dono do quê impede a punição de responsáveis por crimes ambientais, como o desmatamento, e atrapalha financiamentos para atividades alternativas, até mais rentáveis que o gado disperso que predomina na paisagem. As empresas madeireiras exportadoras, que fazem corte parcial das árvores sem destruir a floresta e vendem com certificação ambiental, empregam e faturam mais por hectare que a pecuária.
Mas os efeitos da proposta que saiu do Congresso são controversos. Teme-se que quem se apropriou indevidamente de terras públicas para especulação - os grileiros - se beneficie da lei. A senadora Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, definiu o projeto como a "pior iniciativa do governo até hoje". As críticas partem também dos Ministérios Públicos Federais da Amazônia. Em nota divulgada na semana passada, 37 procuradores de sete Estados da região pedem que Lula vete a MP. "Essa lei vai favorecer os grileiros, aumentar a violência e incentivar novas invasões", diz Felício Pontes, procurador da República em Belém.
O ponto mais polêmico é o item que permite dar título das terras a empresas ou a quem não more no município da propriedade. O próprio ministro Cassel diz que preferia que Lula vetasse essa opção, embora afirme que a lei prevê salvaguardas contra a especulação. "A lei exige que haja produção no local", diz. Muitas vezes, no entanto, o que configura a produção é o mero desmatamento. Outro aspecto que gera dúvidas são as facilidades de pagamento. Quem comprar o título de uma área das grandes, de 400 a 1.500 hectares - uma a três vezes o bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro -, poderá pagar parcelado em 20 anos, com carência de três anos.
Marina Silva - "Estamos num retrocesso"
Desde 2008, quando deixou o ministério do meio Ambiente para reassumir sua cadeira no Senado, Marina Silva nunca escondeu suas críticas ao governo Lula. Mas ela admite que nunca esteve tão decepcionada como agora. A Medida Provisória 458, em sua opinião, vai beneficiar grileiros e grandes proprietários de terras na Amazônia. Leia os principais trechos:
ÉPOCA - O meio ambiente é um obstáculo ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)?
Marina - O PAC é importante e estratégico para o desenvolvimento do país. Agora, mais que acelerar o crescimento é dar qualidade ao desenvolvimento. Nem sempre crescer significa melhoria da qualidade de vida das pessoas. O PAC, em si, não pode ser definido como bom ou ruim, depende de como será feito.
ÉPOCA - Qual é sua opinião sobre a ministra Dilma?
Marina - Não gosto de reducionismo. De pegar uma pessoa e dizer que ela é responsável isoladamente. Agora, se você me perguntar se a ministra Dilma tem uma visão de sustentabilidade ambiental nos mesmos termos que eu, diria que não. Ela ainda tem uma relação muito forte com a visão tradicional e antiga de desenvolvimento.
ÉPOCA - No governo, a senhora teve vários embates com ela sobre isso. A visão dela está ganhando?
Marina - Existe uma visão desenvolvimentista no governo e na sociedade. O que foi feito, mesmo na minha gestão, foi apenas um pequeno começo. Temos de ter uma matriz energética limpa, renovável e segura, estradas com baixo impacto, produção de biocombustível certificada, produção agrícola e de carne certificada. O caminho é esse, não há atalhos. Há um processo em disputa no governo e na sociedade. Um setor do governo tem muita dificuldade de lidar com esse conceito.
ÉPOCA - Alguns afirmam que a regularização fundiária na Amazônia, a MP 458, abriu uma brecha legal para atuação dos grileiros. Qual foi o papel do governo nisso?
Marina - Foi a pior iniciativa do governo até hoje. A MP era ruim na origem e ficou pior no relatório do deputado Asdrúbal Bentes. Os ministros Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e Carlos Minc (Meio Ambiente) tentaram incluir salvaguardas, mas a proposta original já era ruim.
ÉPOCA - A senhora disse que o dia da aprovação da MP foi o terceiro pior dia de sua vida. Por quê?
Marina - Foram mais de 30 anos de luta para evitar que a Amazônia virasse uma terra sem lei. Eu mesma vivenciei a luta de Chico Mendes para que o Acre não tivesse uma ocupação desordenada. O desmatamento do Acre hoje é em torno de 12% do território, enquanto em Rondônia é de 30%. Foi essa resistência que protegeu o Acre. Todo esse esforço não foi anulado, mas a MP não separou aqueles que apostaram na ilegalidade e na violência daqueles que têm direitos legítimos.
O que não dizem a você antes de embarcar
Por mais que as estatísticas nos digam que voar de avião é mais seguro que pegar a estrada com o próprio carro, elas são incapazes de tranquilizar boa parte dos passageiros. O medo de voar, que poderia parecer irracional, é profundamente racional. Tem a ver com a ignorância do leigo.
Ao comparar as estatísticas de acidentes de avião com as de automóveis, a impressão inicial é que morrem muito mais pessoas dentro de um carro que voando. Em parte, isso é correto. Segundo dados do Cenipa, o órgão da Aeronáutica que investiga acidentes com aviões, 996 pessoas morreram em desastres aéreos no Brasil entre 1996 e 2008. Estimativas do Ministério da Saúde mostram que nas ruas e estradas do país morrem 36 mil pessoas por ano. A diferença é gigantesca: para cada pessoa morta num acidente de avião no Brasil, morreram 360 no trânsito. Mas esses são números absolutos.
Baseando-se nos registros estatísticos dos Estados Unidos, matemáticos calcularam a probabilidade bruta de morrer eletrocutado ao fazer a barba, tomando banho de banheira ou viajando de avião (leia o quadro na última página). Essa conta ajuda a ter uma ideia do risco relativo de uma atividade em relação a outra. Mas nos informa pouco sobre nossa própria vida. Quem dirige alcoolizado, além de cometer um crime, multiplica enormemente o risco de morrer (e de matar outras pessoas). Da mesma forma, voar toda semana é obviamente mais arriscado que pegar o avião uma vez por ano. Embarcar em certos tipos de aeronave é mais seguro que em outras, a julgar pelos registros.
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