Sindicato dos Jornalistas lança 'memórias' em Brasília

Fábio Góis

Fotos e vídeos para celebrar uma trajetória de protagonismo na luta contra a ditadura. É a que se propõe o projeto "Memórias do Sindicato dos Jornalistas do DF", que, com exposição fotográfica e exibição do filme Cadê o Sindicato que estava aqui?, conta e resgata histórias e memórias do órgão sindical em épocas de militarismo, com destaque para a fundação da sede da entidade, "espaço marcante nas lutas pela redemocratização do país, contra a censura e na consolidação da profissão" na capital federal.

A solenidade de lançamento será no próximo dia 17, às 19h30, no SESC do Setor Comercial Sul, em Brasília.

"Nossa memória não pode se perder no tempo. Nossa atuação como cidadãos também é notícia e, portanto, história que merece ser contada", diz a diretoria do Sindicato.

Por meio das lentes do repórter fotográfico André Dusek, a exposição de fotos contextualiza os primeiros passos do Sindicato durante os chamados "anos de chumbo" do regime militar. Jornalista há 31 anos, Dusek foi editor de Fotografia do Correio Braziliense e repórter de Veja, IstoÉ e O Globo. Dono de vários prêmios, como o Líbero Badaró, o Nikon Awards e o Abril de Fotojornalismo, atualmente é fotógrafo em Barcelona (Espanha).

Já o "documentário-desafio" Cadê o Sindicato... é o programa piloto de uma série de vídeos e atos com o propósito de reviver o percurso dos sindicalistas na década de 1970. "(...)quando, liderados pelo colunista Carlos Castello Branco, o Castelinho, enfrentamos a ditadura militar", relembra a diretoria. 

"Assim que o [prédio da sede] foi permutado com a Brasal, para a construção de um prédio comercial, surgiu a idéia de documentarmos a transformação do local e montarmos o primeiro capítulo da memória das mil e uma histórias da nossa  instituição nos anos 70 e 80. São inesgotáveis essas histórias, mas o primeiro passo precisava ser dado e assim foi feito. Sob a coordenação do poeta-jornalista Luis Turiba e do produtor audiovisual Maxtunay França, com a participação do presidente do  sindicato, Romário Schettino, todo processo físico foi documentado, até a  derrubada das paredes", registra a diretoria do Sindicato, com menção ao resgate de episódios recentes, em encontro realizado em uma das comerciais de Brasília, como a fundação da entidade na década de 1960.

"Em seguida, todos os ex-presidentes e lideranças notórias do Sindicato foram convocados para um encontro, numa noite chuvosa", dizem os sindicalistas. "Lá, saudosa e alegremente, uns 15 jornalistas - ex-presidentes, diretores e outros profissionais que participaram ativamente dessa história - avivaram suas memórias."

A diretoria do Sindicato faz menção ainda à "rodada de depoimentos" que, feita no Clube da Imprensa, a cerca de dois quilômetros do Palácio do Planalto, revisitou as memórias do "perturbador e saudoso" Pacotão - bloco de carnaval que tem a paródia política como marca registrada.

Confira o registro da demolição do prédio do SJP-DF