Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
23/10/2009 6:19
Eduardo Militão
Dono de um patrimônio de R$ 229,347 bilhões, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não está apenas nas mãos dos trabalhadores. A poupança formada por depósitos dos patrões na Caixa Econômica tem diversas "subcontas", algumas com "donos" diferentes.
Composição do Fundo de Garantia
Fonte: Caixa Econômica Federal, balancete de agosto de 2009
O FGTS é formado pelas chamadas contas vinculadas, aquelas em nome de cada trabalhador. Segundo a Caixa, existem 248 milhões de contas nas quais estão guardados R$ 183,9 bilhões, conforme o balancete de agosto. Esse é o dinheiro referente aos 8% que os patrões depositam no fundo. Geralmente quando o funcionário é demitido sem justa causa ou financia a casa própria, tem direito a sacar sua parte neste bolo.
Mas o fundo também é composto pelo chamado "patrimônio líquido". É uma subconta formada pelo lucro do FGTS. Explica-se: enquanto os trabalhadores não sacam o dinheiro das contas vinculadas, o governo federal usa esse dinheiro em aplicações financeiras ou em investimentos em obras públicas. Com o lucro dessas operações, forma-se o patrimônio líquido. Atualmente, existem R$ 31,1 bilhões nessa subconta.
Essa conta é alvo de diversas disputas. Como mostraram reportagens do Congresso em Foco sobre o fundo, a Medida Provisória 464 pretende permitir que o Executivo saque, todos os anos, 80% do patrimônio líquido disponível para aplicar em obras do Programa de Aceleração do Crescimento. A MP será votada na Câmara antes de ir à sanção do presidente Lula.
Ao mesmo tempo, vários projetos de lei que querem aumentar a rentabilidade do FGTS querem repartir o patrimônio líquido do fundo entre as contas vinculadas dos trabalhadores.
Uma terceira subconta é, na verdade, uma reserva financeira de R$ 13 bilhões para pagar compromissos da Caixa com trabalhadores que tiveram perdas financeiras durante os planos Verão e Collor. Depois de perder diversas decisões judiciais, o governo Fernando Henrique decidiu fazer acordo para pagar a má remuneração do FGTS dos funcionários no final dos anos 80 e início dos 90.
A Caixa ainda reserva R$ 1,1 bilhão para quitar compromissos diversos do fundo com outros credores.
Aplicações financeiras
O patrimônio do FGTS não está todo na Caixa. Segundo a assessoria de imprensa do banco que administra o fundo, desde 2007, existem R$ 15 bilhões aplicados no fundo FI-FGTS, que financia as obras do PAC.
Investimentos em habitação têm R$ 77,4 bilhões de recursos do fundo. O FGTS ainda aplicou R$ 18,8 bilhões em obras de saneamento básico e R$ 9 bilhões em infraestrutura urbana.
As decisões sobre onde o dinheiro pode e deve ser aplicado cabe ao Conselho Curador do fundo, formado por nove representantes do governo, quatro dos empresários e quatro dos trabalhadores.
Do dinheiro do fundo, existe R$ 1,6 bilhão aplicado em ações da Petrobras e R$ 1 bilhão em cotas da Companhia Vale do Rio Doce. Esses valores foram aplicados pelos próprios trabalhadores no início desta década, quando o governo permitiu usar parte das contas vinculadas em ações das duas empresas.
O que é o FGTS
O FGTS foi criado em 1966 e atualmente é regulado pela lei 8.036/90. Os trabalhadores que têm carteira assinada são beneficiados com um depósito no valor de 8% do salário em uma conta na Caixa Econômica. O dinheiro é pago pelo empregador, sem desconto em folha dos funcionários, mas o trabalhador não pode sacar os valores.
O dinheiro só pode ser sacado em ocasiões específicas, principalmente a demissão sem justa causa e o financiamento da casa própria. Também há a opção de usá-lo em caso de aposentadoria, doenças graves ou quando o beneficiário completa 70 anos.
Enquanto isso não acontece, a Caixa remunera o dinheiro com base na TR e mais 3% ao ano e aplica os valores em investimentos determinados pelo governo e pelo conselho curador. Projetos de lei na Câmara querem mudar essa rentabilidade, porque ela fica abaixo da inflação.
Temas
LEIA MAIS
Reforma Administrativa
SEGURANÇA PÚBLICA
Flávio Bolsonaro relata assalto na residência de seus avós no RJ
DESVIO DE APOSENTADORIAS
CPMI do INSS começa com disputa política e possível convocação de Lupi