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Congresso em Foco
14/10/2008 | Atualizado às 14:51
O Brasil não fracassou nos jogos olímpicos de Pequim. A avaliação foi feita nesta terça-feira (14) por representantes de vários segmentos ligados ao esporte brasileiro durante a audiência pública realizada pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado para discutir o desempenho dos atletas do país nas Olimpíadas da China, em agosto deste ano. A reunião da comissão terminou há pouco.
Com presença do velejador e ex-secretário Nacional de Esporte, Lars Grael, e da ex-atleta "Magic" Paula, Maria Paula Gonçalves, coordenadora de Gestão de Esporte de Alto Rendimento da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo, a reunião trouxe para o debate a posição da delegação brasileira no quadro de medalhes dos jogos de Pequim, em que o Brasil terminou em 23ª colocação, sete posições abaixo do desempenho conquistado nos jogos de Athenas (Grécia), em 2004, cujo país terminou na 16ª colocação.
“Existe uma análise simplista de que o Brasil se posicionou mal no quadro de medalhas. O quadro de medalhas nunca foi instituído como medida do desempenho das equipes”, afirmou o empresário, velejador e ex-secretário Nacional de Esportes, Lars Grael. “O Brasil não foi fracassado nos jogos olímpicos, mas seguramente muito aquém do que esperávamos, sobretudo pelos altos investimentos. Mas temos que entender que a cobrança não deve ser imediata”, refletiu Grael.
Top 10
Representante do Ministério do Esporte, o diretor do Departamento de Excelência Esportiva e Promoção de Eventos do ministério, Herval Barros, também avaliou que o Brasil terminou em boa posição nos jogos de Pequim. “Nós não temos, lá no Ministério do Esporte, a idéia de que houve fracasso, de que houve mau desempenho do Brasil”, defendeu o diretor, que adiantou que a pasta trabalha para incluir o país entre os dez países com maior desempenho esportivo no mundo até 2016.
“Um dos objetivos da atual gestão é posicionar o Brasil entre as dez nações com maior desempenho esportivo no mundo até 2016. E mesmo se não conseguirmos que as olimpíadas sejam realizadas no Rio, temos esse planejamento para incluir nosso país entre os top 10”, disse Barros.
A audiência pública foi realizada em resposta a várias críticas da sociedade e de especialistas em relação ao fraco desempenho da delegação brasileira nos jogos de Pequim (leia entrevista exclusiva com o jornalista esportivo José Cruz). As maiores críticas recaem sobre o aumento de recursos para a área, já que o atual investimento público para o esporte é o maior dos últimos oito anos. Somente o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) recebeu, nos últimos sete anos, mais de R$ 500 milhões do governo federal.
Comissão
Na avaliação da coordenadora Maria Paula, o desempenho esportivo não depende apenas de aplicação de recursos, mas também de uma política pública desportiva consistente. “Vivemos um momento de uma verba de primeiro mundo, com planejamento de terceiro mundo. Nós não tínhamos medalhas oito anos atrás, mas também não tínhamos o investimento que temos hoje. O investimento não chega no atleta. Faltam metas, há uma ausência de fiscalização desse dinheiro publico e falta de transparência na aplicação desses recursos”, disse.
Para melhorar a aplicação dos recursos para o esporte brasileiro, Maria Paula sugeriu aos senadores a criação de uma comissão suprapartidária para verificar onde está sendo aplicado o dinheiro público destinado ao esporte. A sugestão foi acatada pelo presidente da comissão, senador Cristovam Buarque (PTB-DF), que pretende realizar um estudo para saber quanto, onde e como estão sendo aplicados esses recursos. "Antes mesmo de criar essa comissão suprapartidária, vou buscar fazer um estudo junto com os senadores", adiantou.
Base
A ex-atleta afirmou ainda que o grande problema do esporte brasileiro está na falta de políticas públicas para incentivo do esporte nas escolas. Maria Paula defendeu a urgência de adotar um programa de Estado voltado para as atividades esportivas de base.
“O grande problema do esporte no Brasil é a base. Se não nos preparamos para que essa base volte a ser reconhecida e preparada, veremos que a casa que estamos construindo tem um telhado maravilhoso, mas não tem alicerce”, argumentou. “A grande proposta é que a gente tem que voltar a saber o sentido que a escola tem para nós atletas. Foi na escola que aprendemos os primeiros passos, que soubemos qual o esporte que queríamos se dedicar. Começou de maneira lúdica e foram aparecendo os talentos”, completou.
Para o velejador Lars Grael, países como a China só conseguiram avançar no cenário esportivo devido investimento na educação de base. "A China apareceu no quadro de medalhas somente em 1984, chegando agora como primeira colocada. É um crescimento que tem não só um grande desempenho, mas também um grande alicerce, com formação própria, que veio da base", defendeu. "A valorização do esporte na escola e todos os seus valores são fundamentais. Hoje há um divórcio entre o Ministério do Esporte e as políticas públicas de esporte", concluiu. (Renata Camargo)
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