Com a data-limite (8 de junho) para a conclusão dos trabalhos se aproximando, a CPI Mista dos Cartões Corporativos ainda não está “extra-oficialmente” encerrada, como consideravam alguns parlamentares. Foi o que garantiu a presidente do colegiado, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), ao dizer que não há acordo entre seu partido e a base governista para que a CPI seja finalizada.
"Não foi feito qualquer acordo, pelo menos de que eu tenha participado. O trabalho vai continuar”, disse a senadora à Agência Brasil.
Marisa assegurou que, na próxima terça-feira (27), será realizada a votação do requerimento de acareação entre os dois principais protagonistas do vazamento do chamado “dossiê anti-FHC” para a imprensa: o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes, responsável pelo envio de e-mails ao Congresso contendo gastos com cartão corporativo do governo Fernando Henrique Cardoso; e o assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) André Fernandes, receptor das mensagens. Ambos depuseram à CPI na última terça-feira (20).
A despeito de sua determinação em levar adiante os trabalhos, Marisa terá de lidar com o “esvaziamento” da CPI por parte de membros governistas. O relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), pretende apresentar seu parecer já na próxima quinta-feira (29). Ele argumenta que uma possível acareação em nada acrescentaria aos trabalhos do colegiado, e que as investigações em curso na Polícia Federal seriam suficientes para elucidar os fatos. A sensação, tanto entre oposicionistas – como o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN) – quanto na base aliada, é de que a CPI mista não atingiu alcançar os objetivos traçados.
Marisa disse considerar até mesmo que a CPI possa ser prorrogada. Nesse caso, seriam necessárias 171 assinaturas na Câmara – onde o governo tem ampla maioria – e 27 adesões no Senado – onde há equilíbrio de forças.
“Eu preciso saber quantas assinaturas os deputados já têm para prorrogar os trabalhos”, declarou a tucana, acrescentando que, além da votação do requerimento de acareação, vai pedir a convocação da diretora de Recursos Logísticos da Casa Civil, Maria de la Soledad Castrilho, e de outros servidores da secretaria especial. Para membros oposicionistas na CPI, Soledad Castrilho é uma das responsáveis pela elaboração do dossiê, ao lado da secretária-executiva, Erenice Guerra, a mando da ministra Dilma Rousseff. (Fábio Góis)