Depois de enfrentar cinco representações no Conselho de Ética do Senado, e ainda às voltas com um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), que tramita em segredo de Justiça,
Renan Calheiros (PMDB-AL) segue livre de punições, passado um ano do chamado escândalo Mônica Veloso. Das representações, cinco foram arquivadas e uma sequer chegou ao Conselho. Já a ação no STF, aberta em agosto, permanece sem conclusões.
Como lembra matéria publicada hoje no jornal
O Estado de S. Paulo, exatamente há um ano, no dia 25 de maio de 2007, a revista
Veja trazia a público a denúncia de que o então presidente do Senado teve despesas pessoais pagas pelo lobista da empresa Mendes Júnior – inclusive uma pensão alimentícia paga a jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha de uma relação extra-conjugal. De início, o senador alagoano negou as denúncias, mas os desdobramentos do caso em meses de polêmica e a confirmação de tudo por Mônica mostraram que era tudo verdade.
Além das contas pagas pelo lobista da Mendes Júnior, Renan teve de enfrentar mais cinco acusações: uso da influência política para beneficiar a empresa Schincariol junto à Receita e ao INSS; utilização de laranjas na compra de veículos de comunicação em Alagoas; manipulação de recursos de ministérios comandados por seu partido; espionagem de dois senadores goianos “rivais”; e autoria da emenda que beneficiou em R$ 280 mil empresa fantasma de ex-assessor.
Denúncias apresentadas, seguiram-se longos meses de desgaste para o Senado, com os ataques frontais da oposição se contrapondo à ação de certos aliados governistas (alguns de peso, como o ex-presidente da República José Sarney – PMDB/AP), que tentavam evitar o pior – a cassação do senador, que não aconteceu. Até que, em 4 de dezembro de 2007, Renan renuncia ao posto de presidente da Casa dizendo que saía “sem mágoas ou ressentimentos, de cabeça erguida", e garantindo que não havia usado as prerrogativas do posto para se defender, como fora acusado (
leia).
Em setembro de 2007, os colegas do Conselho de Ética absolveram Renan das acusações sobre a Mendes Júnior. Em novembro, o caso da Schincariol foi arquivado. Depois do discurso de renúncia no plenário do Senado, mais uma absolvição no Conselho, referente à denúncia das compras de veículos de comunicação. Um dia depois, o presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), anunciou o engavetamento de mais duas representações. A última acusação sequer chegou ao colegiado, e espera definição da Mesa Diretora.
De resto, o inquérito policial aberto em agosto de 2007 no STF a pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. A Polícia Federal diz ter encontrado indícios de irregularidades no patrimônio de
Renan Calheiros, levando à quebra de seus sigilos fiscal e bancário. A investigação aguarda conclusão do procurador-geral, a ser enviada ao relator da ação no STF, ministro Ricardo Lewandowski
Para Garibaldi Alves (PMBD-RN), a quem coube substituir Renan na presidência do Senado, só agora a instituição está conseguindo minimizar o desgaste sofrido pelo “Renangate” e os demais escândalos por ela protagonizados. "Fica a lição de que não podemos deixar que um caso assim se aprofunde tanto", disse o senador ao jornal paulista.
(Fábio Góis)