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Congresso em Foco
14/11/2007 | Atualizado às 20:11
Ao final da sessão recém-encerrada no Conselho de Ética do Senado, que aprovou o parecer de Jefferson Péres (PDT-AM) orientando a cassação do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), senadores de diferentes partidos e opiniões falaram ao Congresso em Foco sobre o resultado da votação. O relatório de Jefferson Péres teve a aprovação de 11 senadores e objeção de apenas três, com três ausências.
Um dos mais exaltados na defesa de Renan Calheiros era Almeida Lima (PMDB-SE), fiel escudeiro do senador alagoano. Questionado se achava que a situação de Renan poderia ser revertida em plenário, ele respondeu à reportagem, com certa rispidez, que não poderia se basear em “achismos”. “Estamos para ver o relator pedir a pena capital baseado em indícios, estamos diante de acusações sem prova”, acredita o senador. “É lamentável.”
Almeida Lima, que fez crítica acalorada sobre a suposta falta de provas contra Renan no relatório, considerou que isso contará nas votações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário. “A falta de provas pesa em qualquer consciência jurídica. O que tem acontecido nesse processo é falta de provas”, denunciou, tentando desqualificar o parecer. “A denúncia tem a eiva do ódio pessoal e da revanche. Sua acusação se presta a reforçar a campanha há meses deflagrada contra Renan Calheiros”, bradou, em seu aparte no Conselho.
Para o senador sergipano, os ataques a Renan são “factóides”, denúncias sem embasamento probatório. “Naquele processo em que eu sou relator, a representação número 4, a questão não é nem provas. Ali o que acontece é relação de fatos, e não há fatos que levem à conclusão de que o senador Renan Calheiros tenha praticado qualquer ato que nos leve a considerar como quebra de decoro parlamentar. Aliás, não sei nem se apresentarei esse relatório estou estudando a matéria, investigando, para ver qual é a decisão que eu devo tomar”, concluiu.
Outro que votou contra o parecer de Jefferson Péres foi o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que se declarou “incapaz” de oferecer pedido de vista do processo ou fazer “qualquer coisa”.
“Vejo um erro tremendo no sistema. Quem acusa também vai julgar, já condenando de antemão. Então, qual é a chance de eu pedir vistas, ou fazer alguma coisa?”, indignou-se o senador, dizendo que o parecer já nascia amparado por “33%” dos votos do colegiado. “Já me sinto derrotado aqui no Conselho”, resignou-se.
Já tendo declarado que abandonará a política ao fim de seu mandato, Wellington fez declaração que põe em xeque a já abalada reputação do Senado. “Aqui nesta Casa seu maior amigo é seu inimigo declarado. Olha que quem me disse isso tem vários mandatos de senador”, afirmou, sugerindo que seu interlocutor oculto falava por experiência própria.
“Fez por merecer”
Por outro lado, senadores que apoiaram o encaminhamento de cassação de Renan Calheiros comemoravam, de forma comedida, o resultado da votação. “Acredito que desta vez vamos cassar o senador Renan Calheiros. Não que queiramos isso, mas ele fez por merecer”, vaticinou Demóstenes Torres (PSDB-GO).
Em seu aparte, o senador goiano já dava sinais de que o parecer seria respeitosamente festejado. “O voto proferido pelo relator é sereno, equilibrado, um parecer extraordinário. Não há como fugir das formulações aqui apresentadas”, elogiou.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), também manifestou sua satisfação com o resultado da sessão. “Foi um bom relatório, que respaldou a preocupação revelada na denúncia do meu partido e do DEM. O resultado é o que eu já esperava do Conselho de Ética”, disse ao Congresso em Foco o tucano, que prevê uma dura batalha em plenário.
“Na CCJ o resultado deverá beirar a unanimidade, eu acredito. Lá, o papel é mais burocrático. No plenário é que teremos uma luta muito mais dura, porque nós sabemos das implicações que envolvem o voto secreto, não é? E isso a população tem dificuldade de entender”, explicou.
Missão cumprida
Ao deixar a sala da reunião, Jefferson Péres parecia ter tirado um enorme peso das costas, além de transparecer certo ar de desagrado, por ter feito uma tarefa que não foi “prazerosa”.
“Recebi uma missão que eu não pedi, uma missão que não dá prazer, mas que tem de ser cumprida. Procurei fazer isso com serenidade e isenção. Acho que consegui”, resumiu o senador, responsável pela terceira representação aberta contra Renan no Conselho de Ética.
Perguntado sobre os possíveis rumos que o processo tomará na CCJ e no plenário, o senador amazonense mostrou desinteresse. “Não faço avaliação, minha missão está cumprida. Vou apenas votar na CCJ e no plenário, não estou atrás de mobilizar votos a favor de meu parecer”, esclareceu. “Eu fiz a minha parte. Que o Senado faça a sua.” (Fábio Góis)
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