O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, está diante de mais um elemento das investigações da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal (PF), que pode lhe trazer problemas. Trata-se de uma escuta telefônica transcrita no relatório da PF sobre o caso, segundo a qual um dos presos na ação – o coronel da reserva da polícia militar Wilson Consani, que faz trabalho de segurança para a Força Sindical – tentou avisar Paulinho sobre o andamento da operação.
A Santa Tereza investiga um esquema de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social por uma suposta quadrilha com base em São Paulo. A PF já prendeu 13 pessoas acusadas de envolvimento com o esquema, entre elas um ex-assessor de Paulinho, João Pedro de Moura. Segundo as investigações, há indícios de que o deputado pedetista tenha recebido propina de R$ 325 mil em troca da liberação de um empréstimo do BNDES à prefeitura de Praia Grande (SP).
A transcrição da conversa foi tema de reportagem veiculada hoje (13) pelo Jornal Nacional (Rede Globo). Segundo o telejornal, a PF enviou hoje ao Ministério Público Federal (MPF) o relatório com o registro das interceptações telefônicas. Por ter direito a foro privilegiado, devido ao fato de ser parlamentar, o deputado Paulinho, que também é presidente da Força Sindical, só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
De acordo com o relatório entregue hoje ao MPF, Wilson Consani conseguiu avisar Paulinho sobre a operação em curso pouco antes de ser preso pelos agentes da PF. Além de
negar o envolvimento com as fraudes no BNDES – de cujo Conselho Administrativo o advogado Ricardo Tosto, por indicação da Força Sindical, fazia parte (ele pediu afastamento do posto por ter seu nome envolvido nas investigações) –, Paulinho disse que o telefonema foi feito apenas para tratar dos festejos do Dia do Trabalho (1º maio) organizados pela Força em São Paulo.
(Fábio Góis)