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Congresso em Foco
24/5/2007 | Atualizado às 18:14
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara se reuniu na manhã de hoje (24) para votar projetos e requerimentos, mas durante a sessão, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) levantou uma questão que mudou os rumos da reunião: ele declarou seu apoio ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mendes acusou ontem a Polícia Federal de “canalhice”, por ter vazado a informação de que havia um Gilmar Mendes na lista de beneficiados da Gautama, empresa investigada na Operação Navalha. O ministro condenou o uso de “método fascista” de investigação.
Outros parlamentares também apoiaram Gilmar Mendes, e a sessão terminou com a decisão de que a CCJ vai encaminhar a ele um documento de apoio, contendo inclusive as notas taquigráficas da sessão. Do apoio a Gilmar Mendes, sobraram também críticas ao comportamento da mídia nos desdobramento da Operação Navalha. “Ela [a mídia] não respeita os parlamentares, só mostra coisas ruins e se esquece das boas que fazemos aqui”, queixou-se Odílio Balbinotti (PMDB-PR).
O mais incisivo, no entanto, foi o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE), ouvido atentamente pelos colegas. Antes de entrar especificamente no assunto, o deputado discorreu sobre o neoliberalismo e sobre o debate ideológico. Aí entrou nos desdobramentos da operação da Polícia Federal.
“Nenhum deputado tem compromisso com um, dois, cinco, 10 ou 100 amigos nossos que desviam a conduta. Acho que nós do Parlamento nos damos pouco respeito. Não aceito que ninguém, muito menos um meganha, lance acusações contra mim. Não aceito que jornalistas, muitos semi-analfabetos, que preferem ver novela do que aprofundar uma informação, me venham com discrepâncias”, disse.
Ele lembrou da necessidade da presunção de inocência e citou que Gilmar Mendes é um “homem decente”. “Já vi esse filme antes, com o mesmo enredo, há 30 anos. Só desmoralizou o Parlamento” afirmou. O líder do PPS, Fernando Coruja (SC), também atacou o “denuncismo exagerado”. “Se não tomarmos cuidado, a mídia acaba com a democracia, acaba com o Parlamento”, disse.
Ontem, o ministro do STF reclamou das investigações com o ministro da Justiça, Tarso Genro, e com o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Mendes disse a Genro: “Há uma estrutura de marketing para valorizar o trabalho da PF e depreciar a Justiça”. Gilmar Mendes ficou extremamente irritado com a divulgação de seu nome como um suposto beneficiado da Gautama. Entre os investigados na Operação Navalha, há uma pessoa com o nome Gilmar de Melo Mendes.
O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), um advogado de 35 anos que está em seu primeiro mandato na Câmara, disse que tomou a iniciativa de defender Gilmar Mendes porque a falsa acusação contra ele é “gravíssima”. “Isso abala uma instituição tão importante como o Judiciário”, declarou.
Guerra nos bastidores
Na última sexta-feira (18), no dia seguinte ao desencadeamento da Operação Navalhao, o Congresso em Foco ouviu de um integrante da PF uma queixa sobre a conduta do ministro do STF Gilmar Mendes. Segundo a declaração, Mendes estaria concedendo habeas corpus aos detidos na operação sem analisar os autos da investigação. Gilmar Mendes disse que revogou a prisão de alguns presos porque as considerou sem fundamento. Naquele dia, já estava em curso uma guerra de bastidores, eclodida nos últimos dois dias, com o vazamento do suposto Gilmar Mendes. (Lucas Ferraz)
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