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Congresso em Foco
13/9/2006 | Atualizado às 9:34
Terminou sem conclusões a acareação realizada nessa terça-feira (12) entre os empresários Luiz Antonio Vedoin, Ivo Marcelo Spínola da Rosa e Paulo Roberto Ribeiro, genro da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), no Conselho de Ética do Senado. Para o relator do processo contra a petista (denunciada no relatório parcial da CPI dos Sanguessugas), senador Paulo Octávio (PFL-DF), a audiência foi marcada por depoimentos contraditórios e não resultou em avanços nas investigações.
No encontro, Luiz Antonio, sócio da Planam, disse ter repassado dinheiro a Paulo Roberto em troca de emendas para a compra de ambulâncias. Entretanto, o empresário afirmou que em nenhum momento tratou de propina diretamente com a senadora. "Foi tratado com ele que seria colocada uma emenda. Ele se apresentou como genro da senadora", narrou o empresário.
Sobre o fato, Paulo Roberto apenas disse que, além da atuação em campanhas, nunca participou da vida política da senadora. Vedoin afirmou, contudo, ter encontrado com ele algumas vezes nos corredores do Congresso.
O genro da petista confirmou ter recebido cerca R$ 37,2 mil, em cheque, pela venda de equipamentos hospitalares à Planam. Luiz Antonio negou que tenha havido transação comercial e afirmou que ocorreu o pagamento de R$ 35 mil a "título de comissão". "Isso era dinheiro de propina, digo, de adiantamento", disse Vedoin.
O genro de Serys afirmou que não vende artigos hospitalares, mas que na época tinha alguns equipamentos no depósito da empresa. Paulo Roberto disse ter oferecido o material numa festa em uma escola de Cuiabá onde estudavam os filhos dos dois, em agosto de 2003, onde também teria conhecido Luiz Antonio. O pagamento teria sido feito um mês depois, na sede da Planam.
O sócio da empresa de ambulâncias negou que tivesse conhecido Paulo Roberto nessa ocasião, já que o filho só foi matriculado na escola em 2004. De acordo com Vedoin, os dois realmente se conheceram em 2003, mas na própria Planam.
Ivo Spinola, cunhado de Luiz Antonio, testemunhou a entrega do dinheiro, mas disse que o recurso não foi entregue em cheque. Ele afirmou que a quantia recebida foi maior do que os R$ 37,2 mil, mas não soube precisar quanto. Vedoin disse que entregou dois envelopes pardos com várias notas dentro, mas disse que não descarta ter havido também um cheque.
Ameaça
O genro de Serys ainda disse que foi ameaçado pelo pai de Luiz Antonio, Darci Vedoin, também sócio da Planam, durante uma licitação no município de Pontes Lacerda (MT). Segundo Paulo Roberto, o empresário se irritou ao saber que ele também estava na concorrência, em dezembro de 2004.
"Ele pediu que eu me retirasse da licitação e disse que aquela era deles. Eu perguntei: 'o senhor está me ameaçando?'. Ele me respondeu: 'pense o que quiser", contou.
Mas, quando perguntado se tinha certeza de que a voz da ligação era mesmo a de Darci, ele se contradisse. Primeiro afirmou que estava certo. Depois, disse que nunca havia conversado com ele. "Ele se identificou. Eu o conhecia de vista, mas eu acredito que tenha sido ele", ressaltou.
Luiz Antonio negou a acusação e disse que seu pai sequer tinha o telefone de Paulo Roberto. "Nunca vi meu pai ameaçar ninguém", disse. O empresário contou que ele era o responsável pelos contatos com o genro de Serys.
Verdades e mentiras
Ao ser questionado pelo senador Paulo Octávio se poderia provar a existência da transação comercial com os Vedoin, Paulo Roberto disse que um funcionário da empresa dele tinha presenciado a operação. Porém, segundo ele, o empregado faleceu no ano passado. "Queria ter encontrado o anúncio da missa de sétimo dia dele para provar", ressaltou o genro da senadora.Paulo Roberto ainda afirmou que funcionários da própria Planam tinham ido buscar a mercadoria. Mas ele não sabia precisar onde estava o comprovante da entrega.
Diante de tantas contradições, o senador Paulo Octávio ironizou o depoimento. "Precisaríamos de um detector de mentiras. Estamos diante de dois depoimentos contraditórios e alguém está mentindo", afirmou. O relator pediu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos depoentes para esclarecer as dúvidas. Paulo Octávio pretende ouvir funcionários do gabinete de Serys na próxima terça-feira (19).
Assessor de Magno isenta senador de acusações
O chefe de gabinete do senador Magno Malta (PL-ES), Hazenclever Lopes Cançado, tentou isentar o parlamentar de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Em depoimento nessa terça-feira ao Conselho de Ética do Senado, o assessor afirmou que Magno não sabia que um carro utilizado por ele no estado fora comprado pela Planam.
"Eu tenho certeza de que o senador não tinha noção de que estava sendo acusado de alguma coisa", afirmou Cançado. Em depoimento à CPI dos Sanguessugas, o empresário Darci Vedoin, um dos sócios da Planam, disse que Magno usou um Fiat Ducato que teria sido entregue ao deputado Lino Rossi (PP-MT) em troca de emendas para a compra de ambulâncias.
Esse foi o indício que motivou a citação de Magno no relatório da CPI. O presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-SP), disse que, mesmo sem receber dinheiro indiretamente, o fato de utilizar um carro dado como propina já caracterizaria quebra de decoro.
O assessor afirmou que Lino Rossi havia se comprometido a esclarecer toda a situação para livrar o senador da acusação e que, se fosse preciso, iria até o Espírito Santo para confirmar que o automóvel não pertencia a Magno.
Cançado disse que não conhecia os empresários Darci Vedoin, Luiz Antonio Vedoin e Romildo Medeiros, sócios da Planam, e a ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, apontada como o braço da quadrilha no Executivo. Em seguida, disse que o senador foi envolvido no esquema injustamente.
Caminho torto
Depois do depoimento, o relator do processo contra Malta, Demóstenes Torres (PFL-GO), tentou explicar aos jornalistas como o Ducato teria chegado às mãos do capixaba. Segundo ele, o carro foi comprado novo pela Planam numa concessionária e registrado em nome de Lino Rossi. O deputado devolveu o automóvel à agência e recebeu R$ 50 mil.
O furgão foi comprado por José Luiz Cardoso, registrado em nome dele e devolvido outra vez à loja, mas sem mudança de proprietário. Segundo o relator, o senador Magno Malta pediu na concessionária um veículo nas mesmas especificações e recebeu o Ducato. Entretanto, o carro adquirido ainda estava em nome de José Luiz e assim ficou até que Cançado pediu a transferência para o nome de Kelly Batistelo.
"Isso está parecendo novela mexicana, pois ninguém sabe quem foi que deu esse carro. Eles criaram uma bolha que nós temos que furar", afirmou Demóstenes. No entanto, o senador não soube explicar quem é Kelly Batistelo.
Diante das dúvidas, o relator pediu uma acareação entre Cançado e Darci na próxima quarta-feira (20) para esclarecer o caso. Lino Rossi havia sido convidado para depor, mas não compareceu e agora só poderá ser ouvido pelo Ministério Público ou pela Polícia Federal, já que o Conselho do Senado não tem poder para convocar deputados. Malta arrolou ontem outras três testemunhas para sua defesa.
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