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Congresso em Foco
21/6/2008 | Atualizado 22/6/2008 às 9:21
Veja
No início era...
Como era o universo antes da súbita expansão inicial, o Big Bang? Nenhum cientista sabe e talvez nunca venha a saber. O que ocorreu para que uma semente de energia estável menor que um próton, um dos componentes do átomo, entrasse em furioso desequilíbrio e passasse a ocupar com jorros de partículas, em poucos minutos, uma região de trilhões de quilômetros? A ciência está a um passo de comprovar na prática os modelos teóricos que mostram como era o universo nas primeiras frações de segundo depois do Big Bang. O que segue nas páginas desta reportagem especial é um resumo ilustrado do que já se sabe a respeito do universo e da investida mais ousada da ciência no campo da cosmogênese – a ser feita em uma "máquina de brincar de Deus", o LHC (sigla em inglês para Large Hadron Collider), instalado em Genebra, na Suíça. Os cientistas querem encontrar o bóson de Higgs, partícula fundamental que, em tese, dotou todas as outras de massa logo depois do Big Bang. Nessa missão, a ciência testa seus limites e vê-se obrigada a equilibrar-se para não resvalar em noções religiosas como o infinito e o eterno.
Agenda do empreiteiro Zuleido Veras revela supostas propinas a políticos
O empreiteiro Zuleido Veras (foto), dono da empreiteira Gautama, foi flagrado pela Operação Navalha, desencadeada pela Polícia Federal em maio de 2007, no comando de uma quadrilha de assaltantes de verbas públicas. Na ocasião, a PF apreendeu milhares de documentos na sede da empreiteira, entre eles, as agendas que listavam os compromissos de Zuleido. O material, anexado à denúncia contra os envolvidos, estava protegido por segredo de justiça. VEJA revela agora seu conteúdo com exclusividade. As agendas mostram a desenvoltura com que o empreiteiro circulava nas camadas mais altas do poder, tanto em Brasília quanto nos estados com os quais mantinha negócios.
Uma das novidades é a citação freqüente do nome da senadora Roseana Sarney, candidata ao governo do Maranhão pelo PMDB. A parlamentar é apontada como beneficiária de dinheiro supostamente pertencente ao empreiteiro. A senadora não aparece no rol de indiciados pela Polícia Federal e nem consta da denúncia do Ministério Público, feita no mês passado, contra 61 envolvidos no esquema de Zuleido, entre eles o ex-ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, e os governadores Teotônio Vilela Filho, do PSDB de Alagoas, e Jackson Lago, do Maranhão.
Em uma das anotações, datada do dia 16 de agosto de 2006, em plena campanha eleitoral, o nome de Roseana aparece associado à quantia de 200.000 reais (veja reprodução). Em outra anotação, o empreiteiro relaciona doações que seriam destinados a estados e cidades. Roseana diz que não recebeu nenhum ajuda de Zuleido na campanha de 2006. “Pelo contrário, ele ajudou muito meu adversário na campanha”, afirmou a líder do governo.
O raio de ação de Zuleido, segundo as anotações, era imenso. Em 14 de julho de 2006, sob a rubrica “campanha política”, o estado do Maranhão aparece como recebedor de 1 milhão de reais; Alagoas, de 500.000; e Tocantins, de 200.000. Pernambuco ficaria com 2% de uma quantia não especificada. O estado de Sergipe é citado juntamente com o nome do deputado Albano Franco (PSDB-SE). Ao lado de Rio de Janeiro, está o nome de Sérgio Cabral (PMDB), então candidato ao governo, seguido de um sinal de interrogação. O nome “Lula” também consta da agenda, na mesma data, ao lado de uma interrogação.
O xerife da ética
O deputado federal Sérgio Moraes (PTB-RS) é um estreante no Parlamento, mas já angariou um imenso prestígio entre seus pares. Em apenas dezessete meses de mandato, ele foi escolhido para um dos postos mais importantes do organograma da Câmara dos Deputados: a presidência do Conselho de Ética. O cargo, que garante visibilidade e poder, principalmente em decorrência dos sucessivos escândalos de corrupção envolvendo políticos, exige isenção para expurgar amigos e correligionários quando necessário. Seu ocupante deveria apresentar, além disso, uma biografia acima de qualquer suspeita. O deputado Moraes não tem esses requisitos. O corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira, acusou-o de atrasar propositalmente a abertura do processo de cassação do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, envolvido em um esquema de desvio de dinheiro do BNDES. Moraes também já foi questionado por responder a ações no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma delas é bisonha: manter um telefone público na casa do próprio pai. A parte mais constrangedora do currículo do parlamentar gaúcho, porém, data do início de sua carreira política, quando ele foi acusado de receptação de jóias roubadas e de envolvimento com uma rede de prostituição – crime pelo qual chegou a ser condenado em primeira instância.
Na quinta-feira passada, VEJA fez duas entrevistas com o presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Sérgio Moraes. A primeira, por telefone, foi realizada enquanto ele aguardava, no aeroporto de Brasília, a saída de um vôo para o Rio Grande do Sul, onde reside. A segunda entrevista foi realizada pessoalmente no aeroporto de Porto Alegre, onde Moraes desembarcou por volta das 15 horas do mesmo dia. Tenso, o deputado disse palavrões e insinuou que VEJA estaria a serviço da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) para cassar o mandato do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. Ele também fez ameaças veladas e explícitas, inclusive de agressão. Eis os principais trechos das entrevistas.
Deputado, estamos fazendo um perfil do senhor e... Eu já sei. Já fui informado de tudo. Vocês querem me f... Foram vasculhar a minha vida na minha cidade. Eu sei tudo o que acontece lá. Vocês querem me destruir, eu sei. A Fiesp deve estar com muita raiva do Paulinho (deputado Paulo Pereira da Silva, que responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética presidido por Moraes).
Estou fazendo uma reportagem...
Reportagem de m... Reportagem coisa nenhuma. Vocês gostam de sangue. A VEJA está a serviço da Fiesp, que é contra o Paulinho. Querem acabar comigo para atingir o Paulinho. Foram remexer em coisas que aconteceram vinte anos atrás...
Qual era o seu envolvimento com prostituição e receptação de jóias roubadas em Santa Cruz?
Só vou dar entrevista se vocês publicarem tudo o que eu disser. Porque eu vou falar e só vão publicar o que vocês quiserem. Vocês não podem me questionar sobre isso. Quem é tu pra me questionar? Vou processar a revista, vou ganhar e vocês vão ter que publicar tudo o que eu disser.
O senhor era dono de uma casa de prostituição?
Era um bar. Tinha comida à venda. Toda a cidade ia lá. Prefeito, vereador, empresários.
Mas a sua boate era freqüentada por garotas de programa, inclusive menores de idade.
Eu não podia impedir ninguém de entrar lá. Tu queria que eu ficasse na porta pedindo a carteira de identidade de todo mundo que ia lá? Não tinha sexo. O que faziam depois não era problema meu. Se saíam dali e iam para o motel, o que eu poderia fazer?
A polícia obteve provas de que o senhor alugou uma casa no nome de sua mulher na qual garotas de programa, inclusive menores de idade, ficavam hospedadas. Eram as mesmas garotas que freqüentavam a sua boate. I
sso é perseguição de uns policiais que eu denunciei quando era vereador. Eles espancaram alguns trabalhadores, foram denunciados por mim e decidiram me perseguir. Me acusaram de um negócio maluco. A prova de que eu era inocente foi o apoio que recebi da minha comunidade. São oito mandatos, entendeu? Eu elejo quem eu quero. Me elejo a hora que eu quero. Tu acha que um cara desonesto engana tanta gente durante esse tempo todo?
Mas o senhor foi denunciado pelo Ministério Público e condenado à prisão, em primeira instância, pela Justiça.
Cuidado com o que tu fala. A VEJA é bandida. É uma guilhotina. Vocês querem sangue. Mas eu não baixo a cabeça pra ninguém. Posso até ficar chateado com essa matéria por causa dos meus filhos, que são pequenos e não têm nada que ver com o que aconteceu no passado, mas eu não me entrego. Quando eu te encontrar, a gente vai se pegar.
Como assim?
Eu não fujo de briga, não.
O senhor está me ameaçando?
Nunca briguei com ninguém na minha vida.
No aeroporto de Porto Alegre, depois de concluída a segunda parte da entrevista, gravada pelo deputado, ele desligou o aparelho e levantou-se da cadeira. Com o olhar fixo e o dedo em riste, avisou: "A Justiça que importa é a lá de cima. Quando a gente menos espera a nossa hora chega...Como é o teu nome mesmo?"
Época
Especial China - A nova superpotência
Quando as gêmeas nasceram, há 18 anos, na província de Liaoning, no nordeste chinês, seus pais se sentiram abençoados. Era como tirar a sorte num país que proíbe mais de um filho. Ter gêmeos era uma forma de driblar legalmente o decreto governamental que criou na China uma geração de 90 milhões de filhos únicos – estudiosos, trabalhadores, competitivos, patriotas e orgulhosos de ser chineses. Num país de mais de 5 mil anos, regido mais pela superstição que pela religião, os pais deram às filhas os nomes de Chen Huizi e Chen Liangzi. Chen é o sobrenome das gêmeas (na China, o nome de família vem em primeiro lugar). Huizi significa “filha inteligente”, e Liangzi “filha de bom coração”.
Elas tinham 17 meses quando seus pais se divorciaram. O divórcio ainda é um tabu tão forte na China que as duas mentiram para mim num primeiro momento: disseram que o pai havia morrido. Como os jovens do interior, de família pobre com alguma posse, Huizi e Liangzi foram enviadas a Pequim para estudar na universidade. Dormem com mais quatro estudantes. Não usam celular porque a mãe acha caras as tarifas. São exceção. Há mais de 540 milhões de celulares na China. As gêmeas querem ser aeromoças. “Para aprender etiqueta, saber comer com garfo e faca e voar no céu”, diz Huizi, cinco minutos mais velha que Liangzi. Não sonham casar tão cedo. Acham a vida de casada um tédio.
A quem apelar?
A cada crise de segurança no Rio de Janeiro a presença do Exército nas favelas ressurge como uma solução popular. Com diferentes resultados, a Força Nacional de Segurança já foi empregada no combate ao tráfico e para garantir a paz durante os Jogos do Pan 2007. Ninguém espera que as Forças Armadas resolvam sozinhas o problema da violência na cidade. Ainda que não caiba ao Exército o papel de combater a criminalidade, não se pode admitir que seus soldados se aliem a facções criminosas. Por isso, é escandaloso o que ocorreu com os militares que ocupam o Morro da Providência, no centro do Rio. Na semana passada, 11 deles foram detidos, acusados de prender e entregar três jovens a traficantes de uma favela rival. Os rapazes foram mortos com 46 tiros. As balas alvejaram também a última trincheira onde os cariocas pretendiam se refugiar.
Isto É
A mão pesada do exército
Sob o sol da manhã de sábado 14, na subida do Morro da Mineira, centro do Rio de Janeiro, deu-se um encontro insólito entre o tenente do Exército Vinícius Ghidetti e um dos traficantes que mandam na favela. Acompanhado de um sargento e nove soldados, o oficial apontou para três jovens detidos pelos militares e disse: "Trouxe um presentinho pra vocês." O bandido quis saber: "São alemão?" - na gíria que identifica integrantes da facção rival. "São da Provi", explicou o oficial, referindo-se ao Morro da Providência. Depois disso, despediu-se do bandido com um caloroso "Valeu!" Foi embora ainda sob o eco dos gritos desesperados dos três jovens, que pediam: "Pelo amor de Deus, eles vão nos matar!". E mataram mesmo, pouco tempo depois, no alto do Morro da Mineira. Não sem antes, como é de praxe na cartilha de crueldade do tráfico, torturar barbaramente os jovens Wellington Gonzaga da Costa Ferreira, 19 anos, David Wilson Florêncio da Silva, 24, e Marcos Paulo Rodrigues Campos, 17. Eles levaram 46 tiros, a maioria na cabeça. David teve parte do braço decepado, Marcos foi arrastado pelas pernas depois de morto e Wellington teve as mãos amarradas antes de ser executado. Os corpos foram achados horas depois, num vazadouro de lixo da Baixada Fluminense.
O delito dos três jovens - detidos duas horas antes, no Morro da Providência quando voltavam de um baile funk - foi resistir à revista feita pelos soldados do Exército, que há seis meses ocupam a favela para garantir a execução do projeto Cimento Social, criado pelo senador Marcelo Crivella (PRB) e encampado pelo Ministério das Cidades. A partir de então, David, Marcos Paulo e Wellington passaram a ser tratados exatamente da forma inversa à recomendada no documento confidencial que baliza a atuação da tropa naquela comunidade: como inimigos. Também não foram observadas as recomendações de que "todas as ações deverão desenvolver-se obedecendo aos preceitos legais e jurídicos vigentes no País" e de que "a força só deverá ser empregada quando esgotados os meios pacíficos de resolução de conflitos". O crime inqualificável fez o País se lembrar dos piores momentos da ditadura militar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou o episódio como "ato insano", "abominável" e defendeu indenização para as famílias das vítimas. Apesar da indignação, o governo federal é responsável pela atuação temerária e ilegal do Exército no Morro da Providência, pois permitiu que uma operação de garantia da lei e da ordem (GLO) fosse empreendida mesmo sem a aprovação oficial do presidente Lula e do Congresso Nacional. A lambança feita pela tropa verde-oliva no Rio é mais uma de várias recentes. A morte de um cadete em treinamento da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e a polêmica em torno da ação na Amazônia são outros casos que levantam questionamentos sobre o preparo e a atuação das Forças Armadas.
Minc e o lixão de paciência
O geógrafo Carlos Minc Baumfeld assumiu o Ministério do Meio Ambiente com uma missão muito bem definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: para que o País realize as necessárias obras de infra-estrutura, é preciso acelerar os processos de concessões de licenças ambientais, sem, contudo, prejudicar a preservação ecológica. A principal credencial de Minc para essa missão é a sua atuação à frente da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, entre 2006 e maio último, quando mudou-se para Brasília. No governo estadual, Minc construiu a imagem de alguém capaz de agir com independência e dar celeridade à burocracia sem criar conflitos com os movimentos ambientalistas, dos quais ele é originário. Mas um processo conduzido pela Procuradoria da República e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro questiona pelo menos uma das concessões ambientais liberadas pela Secretaria do Ambiente do Rio. Trata-se da permissão para a construção de um aterro sanitário, localizado no bairro de Paciência, próximo ao aeroporto de Jacarepaguá e a menos de dez quilômetros da Base Aérea de Santa Cruz, numa área de preservação ambiental e de segurança aeroportuária.
O projeto teve início em 2003, com o apoio do deputado Rodrigo Maia (DEMRJ). Para a construção do aterro o prefeito do Rio, Cesar Maia - pai do deputado -, abriu licitação pública e, em maio daquele ano, através de um decreto, alterou o zoneamento da região. Mesmo assim, para que a obra fosse concretizada, era preciso a licença ambiental do governo estadual. Os técnicos do Estado, porém, não a concederam. Entenderam que um lixão naquela região não só colocaria em risco o meio ambiente como poderia prejudicar a segurança da navegação aérea. Mesmo assim, Cesar Maia deu sinal verde para o começo das obras e o aterro sanitário, conhecido como o "lixão de Paciência", virou alvo de uma enorme confusão jurídica, que levou a Prefeitura do Rio a cancelar a licitação, em maio do ano passado. Mas graças a um emaranhado de recursos judiciais e de laudos técnicos contraditórios, as obras continuaram, embora em ritmo menor.
Apesar de a Justiça ainda não haver se manifestado sobre os pareceres contraditórios emitidos tanto por técnicos da Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (Feema) quanto do Ibama, em 27 de maio deste ano, dia em que Minc deixou o governo estadual, a Secretaria de Estado do Ambiente concedeu a licença ambiental. Com isso, o caso ganhou uma nova polêmica jurídica e provocou a reação tanto de entidades ambientalistas como do Ministério Público. A decisão da Secretaria serviu de argumento para que as obras prosseguissem com a Júlio Simões Transportes e Serviços Ltda., empresa que venceu a licitação em 2003 e que detém 12 dos 14 contratos da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb), no valor de R$ 671,7 milhões. O problema é que a licitação para a construção do aterro sanitário foi anulada pela prefeitura, depois de determinação nesse sentido feita por unanimidade em 31 de maio de 2006 pelo Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. "Não me envolvo nas licitações da prefeitura e no caso do aterro sanitário fui procurado por alguém que perdeu a licitação, mas disse que não iria interferir", afirmou o deputado Rodrigo Maia à ISTOÉ na quinta-feira 19.
Temas
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