Ivan Valente também irá apresentar ação contra a deputada Júlia Zanatta por lista de nomes de supostos apoiadores do Hamas Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O deputado
Ivan Valente (Psol-SP) anunciou que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os deputados
Gustavo Gayer (PL-GO) e
Julia Zanatta (PL-SC) por injúria e difamação. As ações são motivadas pelo repasse de informações feito pelos dois bolsonaristas à Embaixada dos Estados Unidos com os nomes de brasileiros que, segundo eles, apoiam o grupo extremista Hamas, em guerra com Israel.
Os processos foram anunciados por
Ivan Valente em seu perfil no X (ex-Twitter). Gayer também havia publicado na rede social a lista de nomes enviados. Ele apagou os nomes logo depois, no entanto, internautas recuperaram as imagens. Para o deputado paulista, os dois parlamentares do PL cometeram crime de traição à pátria.
Entre os nomes listados por Gayer no ofício estão o do próprio
Ivan Valente, o do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o do líder do PT na Câmara,
Zeca Dirceu (PR), e de outros congressistas, como
Sâmia Bomfim (Psol-SP),
Orlando Silva (PCdoB-SP) e
Erika Kokay (PT-DF). O deputado do PL listou ainda organizações sociais, civis brasileiros e movimentos sociais, como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
"O deputado Gayer enviou à embaixada dos EUA lista de nomes, pedindo sanções, pois supostamente apoiam o Hamas, entre eles o meu. Vamos ao STF com queixa-crime por injúria e difamação, ação Civil por danos morais e Conselho de Ética", escreveu Ivan.
O deputado do Psol também processará a deputada
Julia Zanatta. A congressista também afirmou que enviaria uma lista de nomes para a embaixada dos Estados Unidos para que eles perdessem o visto para entrada no país norte-americano.
O
Congresso em Foco procurou a assessoria dos dois deputados, mas ainda não houve retorno. O texto será atualizado caso resposta.
Professores pró-palestina
Em 13 de outubro,
Ivan Valente acionou a Polícia Federal em outro tema relacionado ao conflito no Oriente Médio. Segundo o ofício enviado pelo deputado ao órgão, congressistas da oposição estariam se mobilizando contra professores que defendem a criação do Estado da Palestina.
"Trata-se de fato extremamente grave que configura ato preparatório de crime de ódio sendo praticado nas redes sociais e que pode resultar em ofensa à integridade e até risco à vida dos professores e professoras incluídos na referida lista", diz o documento encaminhado por
Ivan Valente à PF.
Leia a íntegra do ofício.
A solução de um Estado da Palestina é defendida por diferentes organizações, dos dois lados. Tanto a Federação Árabe Palestina quanto o
Instituto Brasil-Israel defendem o
estabelecimento da política de dois Estados para a pacificação da região, por exemplo.
A solução de dois Estados foi estabelecida pela
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, enquanto se discutia a criação de Israel. O modelo aprovado previa a partição do extinto Mandato Britânico da Palestina na forma de dois países: um de maioria judaica e outro de maioria árabe palestina e beduína, mantendo o centro de Jerusalém como uma cidade neutra.
A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro, com uma ofensiva do grupo extremista palestino. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), já são
5 mil mortos no conflito. Dessas, 3,7 mil em Gaza, outras 1,3 mil em Israel. Há ainda 1 mil pessoas debaixo de escombros, estima a ONU.